Capítulo 3

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Meu pai levou cerca de meia hora pra sair da sua sala com suas 3 sombras atrás, todos com feições diferentes. Eu estava extremamente encasquetada com a situação, mas sabia que não importa o que eu fizesse, não iriam abrir a boca pra dizer o que foi dito naquela sala.

Foi o tempo suficiente de me explicarem tudo e eu conhecer um pouco sobre os 3, Adam, Kevin e Antônio.

O clima não era dos melhores, todos pareciam saber do que se tratava, menos eu. E isso estava me irritando. Então peguei minha bolsa e saí andando sem falar nada, visando evitar uma briga devido meu humor oscilante, mas fui parada por um braço.

-Não vai sair daqui. -vejo ser Antônio.

-Você não pode e nem conseguiria me manter presa aqui, Dawson.

Sorrio de lado pro detetive que arqueia a sobrancelha pra mim. Mas antes que qualquer um de nós dois tomassem uma atitude, ou disesse algo, a voz do meu pai se torna presente no local.

-Antônio, nem se quisesse você pararia ela. Ela é a primeira tenente de um dos esquadrões de elite dos Seal da marinha. Tem treinamento especializado. -sinto a surpresa no olhar do homem a minha frente, assim como os olhos me queimando nas costas. Além da minha surpresa, do tom de voz que meu pai usou. Orgulho. -Mas isso também não signifique que irá sair daqui, Julia. Temos muito o que conversar, mas depois que solucionarmos o caso. Me espere e depois vamos pra casa.

Reviro os olhos mas não me mexo, apesar de sentir meu pai se aproximando até ficar do meu lado e sussurrar pra mim.

-Quero saber o motivo da sua volta, até porque a 3 dias disse que não viria e agora está aqui.  -engulo em seco, sabia que não iria passar batido por ele, mas achei que teria mais tempo. -Pegue um livro e se sente na minha sala, vamos acabar com isso e depois conversamos.

Apenas concordo com a cabeça enquanto entro na sala do meu pai de novo, dessa vez fechando a porta, com um pouco de força pra demonstrar minha insatisfação.

Quem diria que voltar pra casa, me traria tantas emoções em tão pouco tempo.

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A hora pareceu passar rápido dessa vez, enquanto eu me via andando na sala olhando cada detalhe ali. Até que vi uma gaveta do meu pai aberta com uma pasta, a gaveta tinha chave mas estava aberta. Não consegui conter minha curiosidade e abri.

-Só pode ser brincadeira.

Era um arquivo de um assassinato, na sua capa estava escrito “Resolvido” com a letra do meu pai.

Eu não sei explicar, mas ao me pegar abrindo o arquivo, senti meu coração acelerar e minhas mãos suarem antes de olhar qualquer palavra no documento. E tudo ficou pior quando vi a foto da vítima. Não era uma vítima qualquer. Era o Justin.

Não precisei nem terminar de ler o arquivo pra entender. Meu irmão estava morto. Alguém o matou.

Senti minha garganta se fechar e as primeiras lágrimas escorrerem no meu rosto. Ouvi vozes de longe e sai da sala em um rompante com o arquivo na mão. Cheguei perto do meu pai e joguei os papéis em cima do seu peito. Sentindo mais lágrimas chegando.

-Quando ia me contar? -falo com a voz embargada e alta, vejo Erin tentando se aproximar mas faço sinal com a mão pedindo distância.

-Julia...

-Não vem com Julia, pai. Faz dois dias. Por que não me contou?

Pergunto olhando diretamente nos olhos do homem que me criou, que melhor do que ninguém sabia o quanto Justin era tudo pra mim. Meu irmão. Meu gêmeo. Melhor amigo. E me escondeu que ele estava morto... a dois dias.

-POR QUE NÃO ME CONTOU, HANK?

Sabia, que ao chama-lo pelo nome ele perceberia que eu não estava para brincadeira e que não era hora de tentar me enrolar.

-Eu tinha o direito de saber. Até mais do que qualquer um. -eu falava sentindo as lágrimas caírem, as minhas mãos tremiam. Tudo estava desabando. -E você não podia e não tinha o direito de me esconder algo assim, e muito menos esperar dois dias até que eu aparecesse aqui de surpresa, e visse a merda do arquivo do caso dele. Isso se você se quer estivesse pensando em me contar, né.

Eu estava furiosa, mas a angústia, a sensação de afogamento estava voltando. Eu sabia o que significava. Eu estava tendo um ataque de pânico. Poderia terminar de explodir logo, mas sinto o ar começar a faltar, as vistas embarcarem enquanto mais lágrimas caiam.

Meu pai também chorava, assim como Lindsay. Que assim que viu minha falta de ar começou a se aproximar, mas eu me afastei.

-Julia, respira, calma.

-NÃO ME PEDE PRA TER CALMA, ERIN. -grito sem me importar com a plateia, ou que alguém poderia escutar e subir aqui. Eu precisava jogar pra fora. -ELE ERA MEU IRMAO GÊMEO. COMO ACHA QUE EU ME SINTO, SABENDO QUE EU NÃO ESTAVA AQUI PRA ME DESPEDIR?

Todos pareciam chocados, enquanto eu. Coloquei minhas mãos na cabeça sentindo tudo girar. Minha garganta pareceu fechar mais. E a última coisa que me lembro fora de um grito que tenho certeza que saiu de mim, foi de braços fortes me segurando para que eu não atingisse o chão. Senti pegar minha costela quebrada e apaguei, com uma imensidão verde como última coisa que vi antes de fechar os olhos e me entregar de vez a escuridão que me atingiu.

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Mais um direto do forno pra vocês. Espero que goste.
Como devem ter percebido, a ordem cronológica da série não está sendo 100% seguida. Vou sim me basear em alguns casos deles. Mas não pretendo seguir a ordem da série. que teremos muitos fatos de fora do universo de Chicago para os 6 anos de Julia na marinha.
Espero que estejam e tenham gostado.
Comentem o que estão achando. A opinião é sugestão de vocês vale demais.
Até a próxima e beijosss.


CAPÍTULO REVISADO ✅️

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