Capitulo 22

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3 dias tinham se passado. Meu inchaço melhorou, já estava falando normal, ainda sentia dor ao fazer esforço muito grande, ontem eu fui andar no hospital e acabei escorrendo quando fui correr pra brincar com o Jay. Jay esse que nem queria que corresse. Não deu muito bom não.

Voltei com o pescoço doendo e a bunda também.

Jay tem passado muito tempo comigo, eu quase tenho que expulsar ele de manhã pra ir pro distrito. Ante ontem Matt veio pra passar a noite comigo, ele simplesmente ameaçou Jay, foi bem engraçado na verdade.

-Jay, eu gosto de você, gosto mesmo. Mas se você não sair daqui hoje e me deixar ter uma noite decente com a MINHA melhor amiga esse noite, mesmo você sendo ex militar e um ótimo detetive, eu juro que vou te bater cara.

Eu comecei a cascar o bico na mesma hora, ainda mais pela careta de Jay e da cara de bravo do Matt, que apesar de tudo estava com vontade de rir.

No final, Jay só saiu porque eu disse que ele tava começando a ficar com cheiro de hospital e ele fo. Matt trouxe nosso kit da noite dos melhores amigos, fazemos isso desde criança. Pizza, sorvete, açaí, suco natural de morango e filmes. Foi uma noite bem legal e ficamos apertadas na cama daqui. Mas esse momento foi muito bom.

Hoje estava terminando de guardar minhas coisas. Finalmente recebi alta, Steve veio me buscar, estava me esperando quando o telefone tocou e ele saiu pra atender.

Estava animada de finalmente sair do hospital e estava bem tentada de aceitar a proposta de Ste de ficar na casa dele uns dias. E quando vi Jay vindo na minha direção com uma cara de derrota, tive certeza do que queria fazer.

Assim que ele entrou no quarto veio direto me abraçar. Forte. Senti seu corpo tremendo enquanto retribuía e fazia um leve carinho na sua nuca.

-Tá tudo bem, anjo?

Ele nega com a cabeça mas ainda não consegue responder. Quando vejo Steve do lado de fora da porta e o restante da equipe também percebo que algo aconteceu e faço sinal pra Steve tirar todos dali.

-Jay, olha pra mim. -me afasto dele e o sento na cama, me colocando do lado dele segurando suas mãos e olhando em seus olhos. -O que aconteceu? Porque a equipe toda tá aqui?

-Eu... eu... -Jay parecia sem chão. Aquilo estava me deixando tão agoniada que eu só abraço ele de novo.

-Respira fundo. Com calma. Eu tô aqui. Tô aqui com você.

Sinto que ele vai se acalmando aos poucos com meu carinho e a respiração controlada que me obriguei a fazer e que ele fazia junto comigo.

-Tivemos uma missão, acabei dentrando em um tiroteio. Uma das minhas balas atravessou o corpo do suspeito e acertou uma menininha que estava numa creche ali perto.

-Jay...

-Não, por favor, só me abraça. Por favor.

Apenas assinto e deixo que ele me aperte em seus braços, tentando passar o máximo de conforto que eu posso pra ele. Eu já estive nessa situação e me culpei. Muito. Mesmo sabendo que eu não tinha como controlar isso. A gente nunca quer que alguém inocente se machuque pro nossa culpa. Então apenas deixei que ele liberasse tudo de dentro dele.

-Ela morreu, Julia. Ela acabou de morrer.

Fecho os olhos e suspiro fundo, me separando dele e segurando seu rosto em minhas mãos e olho no fundo dos seus olhos.

-Não tinha como você saber que iria acertar ela, Jay. Você sabe o quanto é arriscado um ambiente de guerra. Você não teve culpa disso. Ok? -ele assente meio retraído mas não tira os olhos dos meus. -Você é um dos melhores atiradores que eu conheço, então tenho certeza que você não quis que acertasse ela. E se passou o corpo do atirador, a culpa é dele. Que tem um corpo frágil e teve entrada e saída do tiro.

Uma nova vida - Jay halstead Onde histórias criam vida. Descubra agora