Ao olhar pra escadaria do andar da Inteligência, me peguei pensando em tudo o que aconteceu hoje. Diretora, Mike, Matt, Jay, Erin, Bunny. Tanta coisa. Isso tudo em um dia na inteligência.
Talvez agora os dias fiquem um pouco mais calmos. Pelo menos é o que eu espero, pra poder me recuperar de tudo.
Mas o pior, ainda era perder a Erin logo agora que estávamos juntas de novo.
-Já foram embora?
Pergunto pro meu pai ao entrar na sua sala vendo tudo quieto e só ele na sala.
-Foram. Passamos o caso da Bunny pro FBI, liberei eles.
Ele dá de ombros e eu assinto enquanto me sento no sofá, o vejo se levantar e se sentar ao meu lado. Ele me puxa pra ele e me aconchego no seu colo.
-Foi você né? -olho pra ele arqueando a sobrancelha, pensando em qual parte. -Que fez tudo isso. FBI, Bunny saindo ilesa. Erin indo embora.
-Já falou com a Erin?
-Já.
-Então sabe que fui eu. Sei que ela iria contar.
-Eu sei que essa foi a melhor opção. Pra todos. De alguma forma. -me deito de novo no seu peito e sinto seus dedos fazendo um carinho gostoso no meu braço e o sinto dar uma fungada no meu cabelo. -Mas gostaria de saber como você conseguiu isso em tão pouco tempo, Ju.
Respiro fundo e antes de falar me aconchego mais no seu abraço e sinto seu cheiro que me acalma um pouco. Apesar dos anos de distância, ele ainda era meu herói.
-Conheço a diretora adjunta do FBI, ela me devia um favor. Eu cobrei.
Ele assente e solta um barulho e volta a colocar o nariz no meu cabelo e deixa um beijo no topo da minha cabeça.
-Eu fico.
Falo de supetão antes de perder a coragem. Ele me solta e me olha de frente.
-Fico na inteligência. Mas tô pensando sobre a faculdade ainda. -ele me olha surpresa mas vejo um sorriso no seu rosto e ele assente.
-Okay. Se me falar que quer finalizar a faculdade, vou te apoiar. E se ainda quiser, fazemos uma escala pra você nos ajudar com alguns casos também. De um modo que não atrapalhe seus estudos. Pode ser?
Assinto e o abraço.
-Obrigada pai. Por sempre fazer o melhor por mim. -me solto dele para olhar em seus olhos. -Nunca falei, mas você me salvou me mandando pro Joe. Foi a melhor coisa que aconteceu comigo. Me fez ver tanta coisa com outros olhos. Eu vi tanta coisa lá fora. -sorrio me lembrando dos momentos que vivi na marinha, sinto mais lágrimas vindo e vejo os olhos do meu pai também brilhando. -Me fez entender que o caminho que eu estava tomando, não me levaria a lugar nenhum. Nem a ninguém ao meu redor. Então obrigada. Por me salvar, tantas vezes. Eu te amo, papai.
E me jogo nos braços dele. Que me abraça forte e beija minha cabeça de novo.
-Eu te amo, Jujubinha.
Ficamos naquela posição por um bom tempo, fiquei de olho fechado aproveitando o carinho gostoso.
-Vamos. Vou passar na Erin antes dela ir.
Assinto.
-Eu pego um uber, já falei com ela.
Ele assente e enquanto eu peço o uber ele vai fechando suas coisas e a sala.
-Te vejo em casa.
Entro no carro e suspiro, me aconchego no banco e fico olhando a rua durante o caminho até em casa. Mas uma mensagem no meu celular me faz mudar meu destino.
-Me deixa no Molly's por favor, moço. Já mudei o destino no aplicativo.
-Okay.
Enquanto vejo a vista mudando, vou pensando o que essa mensagem significava. Tinha algumas ideias. Mas ficar pensando nisso não sei se ajudaria.
Chego no bar dos bombeiros de Chicago e entro, escolho uma mesinha e me sento enquanto espero que ele chegue. Vejo Herman vindo até mim e sorrio pro mesmo.
-Ruivinha, você por aqui? Hoje? Essas horas? -ele ri e eu dou de ombros. -O mesmo de sempre, Ju?
-Oi Herman. Estou esperando uma pessoa, me vê só uma agua com gás e limão por favor.
Ele assente mas deixa um sorriso malicioso antes de ir pro balcão pegar minha água. Escuto o sino da porta soar, mas estava de costas.
-Obrigado por ter vindo. Preciso conversar.
-Acho que sei sobre o que é. Mas não esperava que fosse me chamar pra isso.
-De alguma forma eu confio em você, Julia. -ele me olha e se senta a minha frente, assinto. -E eu sei que você está envolvida nisso.
-10 pontos pro detetive bonitão.
-Como você fez isso? Praticamente resolveu o caso sozinha e de quebra ajudou Erin e Bunny.
Dou de ombros e sorrio pra ele. Vejo Herman voltando com a minha água e arqueado a sobrancelha ao ver Halstead a minha frente.
-Então você é o acompanhante da ruivinha hoje, Jay. Cuida bem dela, garoto.
Pisca pra Jay que segura o riso sem graça e eu solto uma risada anasalada por segurar um pouco do riso.
Herman deixa meu copo e sai da mesa, olho Jay que me olhava com a sobrancelha arqueada.
-O que? Eu não sabia qual será o contexto da conversa, não ia começar a beber sem saber.
Dou um gole na água.
-Vou pegar cerveja pra gente.
-Prefiro uma boa batida.
O interrompo antes que ele saia.
-Qual é? E a cerveja?
-Eu não sou a maior fã, tomo as vezes, mas se quiser mesmo conversar sobre como mandei sua namorada pro outro lado do país, vai ter que me pagar algo mais forte, detetive bonitão.
Ele revira os olhos e balança a cabeça mas assente enquanto vai até o balcão.
Rio sozinho fraco e volto a beber a água, que estava gelada. Super refrescante. Jay volta com sua cerveja e duas doses de tequila.
-Sua batida leva um pouco mais de tempo pra ficar pronta, mas, podemos começar com uma boa dose. Vai.
Reviro os olhos e pego o copo e viro a tequila de uma vez. Vejo Jay fazer uma leve careta e rio enquanto deixo o copo virada.
-Tá muito fraco.
-Para, como que não faz careta com tequila?
-Quem sabe um dia te conto meus segredos. -pisco pra ele que ri e balança a cabeça enquanto bebe um gole da cerveja.
-Toda cheia de segredos. De contatos. Você é mesmo uma caixinha de surpresa, né Julia.
Dou de ombros e apenas termino de beber minha água vendo minha batida chegando, agradeço com a cabeça Herman que sai rapidamente. Me viro pra Jay e o vejo me olhando fixamente. Parecia tentar me entender.
-Por que tá me olhando assim?
-Tentando te desvendar. -ele dá de ombros e se senta mais relaxado na cadeira. -Você é cheia de segredos. Voltou pra cidade depois de anos fora.
-Erin nunca te contou nada sobre mim.
Ele nega com a cabeça.
-Nem seu pai.
Assinto e bebo um gole grande da batida.
-Que bom. Sempre pedi que me mantivessem em “segredo”. -faço as aspas com a mão. -Eu estava em um péssimo momento quando fui pra marinha, Jay. Não quis que meu momento rebelde prejudicasse qualquer um dos dois. Então pedi que não falassem de mim pra ninguém. Fico até feliz de saber que mantiveram a promessa.
-Tá, mas agora você voltou. E ainda sim é um mistério.
-Não fico me abrindo pra qualquer pessoa. Mesmo que essa pessoa seja alguém que iria pedir minha irmã em casamento.
Bebo a batida ao terminar de falar e vejo a surpresa no olhar de Jay.
Ele não esconde a surpresa e bebe mais um pouco da cerveja e ao colocar a garrafa na mesa fica com o olhar um pouco distante.
-Não estávamos muito bem. Discordamos em algumas coisas. Mas você acha que ela teria aceitado se eu tivesse pedido?
-Não sei. Não sei mesmo Jay. -dou de ombros e falo em um tom calmo e suave. -Talvez. Mas duvido que a faria mudar de ideia de ir pro FBI.
-Por que acha isso?
-Porque foi justamente por conta do FBI que ela não perdeu o distintivo.
Ele fica surpreso de novo e assente.
-Ela ia mesmo perde-lo? -assinto com a cabeça e molho meus lábios. Apesar de conversar com ele ser incrivelmente fácil, o assunto não era o dos melhores. -Então foi por isso que ela foi?
-Isso e por terem feito um acordo de liberar a Bunny da prisão. Desde que ela os ajudasse.
Dou de ombros, a essa altura do campeonato, mentir não iria ajudar em nada. Pelo menos assim eu garanto que ele não fique com as dúvidas erradas, ainda mais sabendo que Erin não as tiraria.
-Como você conseguiu isso?
-Como tem tanta certeza que fui eu?
-Você sumiu o dia todo Julia. Quando volta a Erin some. O caso é passado pro FBI. E eu posso jurar que vi o olhar do seu pai pra você. -ele dá uma pausa pra beber mais um gole de cerveja, que acaba e ele dá sinal pedindo mais uma. -Você era uma Seal. Sei quantos contatos essa posição pode deixar uma pessoa. E você parece ser do tipo que tem várias a seu dispor.
-Você devia estar com raiva? Não acha? -rodo o canudo no meu copo e depois olho pra ele. -Já que fui eu que arrumei um emprego pra mulher que você iria pedir em casamento longe de você.
-De alguma forma não consigo sentir raiva de você. Talvez um pouco de Erin, por não ter me dado a chance de me despedir.
-Não pode culpar ela, Jay. -dou de ombros. -Eu não conseguiria me despedir desse jeito sem querer ficar.
Ele para pra pensar e é o tempo de chegarem com mais uma garrafa pra ele e mais uma batida pra mim sorrio pro garçom, eles realmente já me conhecem.
-É... talvez você tenha razão.
Ele dá de ombros e vira um longo gole de cerveja. Arqueio a sobrancelha.
-Se eu tiver que dirigir seu carro não vou reclamar mas não sei onde você mora bonitão. Vai com calma.
-Não seja por isso.
Ele simplesmente me passa o endereço dele e volta a beber. E é ali que eu entendo. Ele tá descontando a frustração, e se sentiu confortável em fazer comigo. Nessa hora eu entendo e acredito no que todos falam. De alguma forma nos temos mesmo uma conexão. Algo que nos faz confiar um no outro. Que nos permite se sentir livre pra sermos nós mesmo na presença do outro. Nós sentimos confortável, bem. Seguros. Ele parecia tão relaxado apesar de claramente demonstrar a tristeza da partida de Erin. Isso tudo apesar de parecer certo, me deixava confusa. Confusa por saber que me sinto diferente perto dele, e culpada por saber que Erin ainda gosta dele e ele dela. Era quase como se eu tivesse traindo ela.
Fecho os olhos enquanto Jay olha pra TV que passava um jogo de hóquei. E tento dispersar qualquer tipo de pensamentos e apenas aproveitar essa noite. Me distrair, não pensar em nada. Apenas jogar conversa fora com Jay. Me esquecer da marinha, do Mike, da Erin, de tudo. E me divertir.
Abro os olhos e sorrio pra Jay.
-Ai, tá afim de jogar dardos? Vamos bater uma aposta.
-Tá brincando né? Eu era atirador, você não vai ter chance.
-Não duvide de mim, Halstead. Eu também atirava.
Me levanto pegando minha bebida e indo até o alvo que havia ali.
-Essa eu quero ver. Quem ganhar paga a próxima rodada.
Pego o primeiro dardo.
-Fechado. -e atiro. Acertando no centro do alvo com facilidade.
Me viro pra Jay que estava de boca aberta e surpreso. Sorrio de lado olhando pra cima.
-Sua vez. Detetive bonitão.
Ele revira os olhos mas pega um dardo, também acertando no centro. Ele faz uma reverência e me olha sarcástico.
-Olha só princesa, eu acho que esse jogo vai ficar sem graça em 3 rodadas se continuarmos assim.
Reviro os olhos mas concordo.
-Acho que os dois ganharam. -me aproximo da bancada e peço duas rodadas de tequila.
-Desse jeito vamos precisar ir embora de carona.
Jay diz ao se encostar ao meu lado na bancada.
-Eu acho que precisamos relaxar e esquecer dos problemas um pouco. -dou de ombros e pego o primeiro copo, entrego um pra Jay e seguro o outro. -A uma noite sem preocupação. Apenas diversão.
-A diversão.
Damos um brinde e viramos a tequila ao mesmo tempo, mas ao contrário de Jay, eu solto um leve sorriso ao sentir a sensação de queimação, enquanto ele dá uma leve careta, mas pega o segundo e vira de novo.
Arqueio a sobrancelha mas rio e viro a minha.
-Obrigado. -ele solta e me olha. -Eu tô me sentindo mais leve.
-Que bom. Acho que precisa disso, está muito tenso.
Dou um tapinha no seu braço e rimos juntos.
E foi naquela noite que a conexão que todos falaram começou a se tornar mais forte e visível. Porque qualquer um naquele bar percebia a leveza dos dois ex militares enquanto conversavam e riam. Herman que observava tudo ria e negava com a cabeça, imaginando quanto tempo levaria pra dupla virar um casal.
Eles exalava alegria enquanto conversavam baboseiras, adversidades e bebiam, parecia algo natural e leve.----------------------------------------------------------------------------
Mais um pra vocês. Voltei rápido como prometido, e ainda com um gif no meio. Sim estava inspirada.
Um capítulo mais soft pra vocês, com momento pai e filha, super fofo diga-se de passagem. E uma introdução ao nosso casalzinho... espero que tenham gostado.
Essa última parte em itálico, imaginem como se fosse um Narrador falando ela de fundo. Achei chique.
Beijocasss e até mais...
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Uma nova vida - Jay halstead
AcciónE se a irmã gêmea do Justin nunca tivesse morrido, e o famoso Sargento Hank Voigth também tivesse uma linda menina de filha? Essa é a história de Julia Voigth, a verdadeira gêmea problema. Justin somente chegou no ponto de ser preso depois de ver s...