𝐓𝐡𝐞 𝐑𝐨𝐜𝐤𝐬𝐭𝐚𝐫-Miguel Cazarez Mora

𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟒𝟐

Nesse momento, estou sozinha no meu quarto, até Ellie está para fora, e isso é tudo que eu queria, estar sozinha.

Meus olhos já estavam ajustados ao ambiente totalmente escuro quando meu irmão entra no meu quarto trazendo a claridade e a cachorrinha, que agora já não era tão pequena mais.

Não queria que ele estivesse aqui, mas sei que esse momento não é só difícil para mim como também é para ele.

-Posso ficar aqui?-Tristan me pergunta baixo, sua voz está um pouco engasgada como se ele tivesse parado de chorar a pouco tempo.

-Pode-respondo no mesmo tom de voz quando sinto o peso de Ellie em cima de mim.

Meu irmão se deita ao meu lado na cama e meus olhos tentam novamente se acostumar com o ambiente escuro.

-Como você tá?-pergunto quebrando o silêncio e me virando para conseguir encara-lo.

-Sinceramente?-meu irmão diz imitando meu movimento- Não sei oque eu sinto-ele puxa o ar com força- E você?

-Igual-digo sem muita animação- Eu acho que estou mais indignada do que qualquer outra coisa, e sei que só você me entende nesse momento.

Deixo as palavras morrerem, não por não saber oque falar mas sim porque acho que tanto eu quanto meu irmão precisamos de um tempo juntos, e em silêncio.

Não acho que esse sentimento consiga ser colocado em palavras.

-Parece traição-Tristan diz quebrando nosso silêncio um tempo depois.

-Porque foi uma traição, ele achou mesmo que seria melhor fingir uma morte do que simplesmente terminar com a nossa mãe?-pergunto balançando a cabeça incrédula, como alguém acha que fingir estar morto é melhor para os filhos?

-Ele sempre traiu a mamãe-Tristan solta em um suspiro- Quando ele levava só eu ao parque e você ficava em casa ensaiando, na verdade não íamos ao parque ele me levava junto com ele para ver a Penélope, e eu só entendi um tempo depois-encaro meu irmão não conseguindo acreditar que esse tempo todo ele soube disso e guardou para si mesmo, era um peso muito grande para uma criança tão pequena guardar.

-Porque nunca falou nada?-pergunto e mesmo na escuridão os olhos de Tristan estão brilhando.

-Você tinha uma visão diferente dele, ele era um ótimo pai, para você-ele diz essa última parte baixo, me deixando um pouco mal- E eu não acho que ele mereça nós dois deitados aqui.

Antes que Tristan possa dizer mais coisa, que ele iria falar já que sua boca estava entreaberta a porta do meu quarto é aberta em um baque surdo e a luz acessa, fazendo com que meus olhos, que novamente já estavam acostumados a escuridão sofressem com a claridade que agora meu quarto se encontrava.

Demoro um pouco para conseguir focar meu olhar, mas assim que consigo vejo minha mãe, que havia sumido, e minha vó paradas na porta, as duas tinham o mesmo olhar que eu e Tristan, traição.

-Precisamos conversar-minha mãe diz e minha vó concorda, nesse meio tempo que ela estava aqui ensinamos inglês para ela, bom ela ainda não estava fluente mas já era um começo.

-Sobre o pai?-Tristan diz e as mulheres na porta positivam com a cabeça indo em direção a minha cama.

-Eu estava investigando sobre o caso-minha mãe diz e me lembro das fotos em seu quarto.

-Seu quarto-digo e ela positiva, ela não tinha feito nada com meu pai, como eu achava.

-É claro que eu sabia que ele me traía, mas eu nunca soube com quem-ela fala balançando sua cabeça, como se tentasse afastar os pensamentos- Sei que nunca fui uma boa mãe para você, Alice-ela diz um tempo depois me fazendo levantar a cabeça rápido- E ultimamente não tinha sido para você também, Tristan-meu irmão apenas positiva- Mas, quando seu pai me contou que iria se separar, eu engravidei de você-ela diz me encarando, que ótimo eu era a filha que segurei um casamento.

Puxo o ar com força sentindo meu coração disparado e uma certa dificuldade para respirar, queria que Miguel estivesse aqui agora, ele iria me acalmar só de estar no mesmo ambiente.

-Você conseguiu segurar o casamento por um tempo, mas ele não estava mais nem aí para mim, era só para você-minha mãe continua e vejo as lágrimas em seus olhos- Sinto muito por ter descontado em você uma culpa que não era sua, sei que talvez seja tarde demais para tentar me aproximar de você mas eu gostaria de tentar.

-Nunca é tarde para se arrepender-digo baixo, vendo um fantasma de um sorriso em seu rosto, mas ele some tão rápido quanto apareceu.

-Seu pai saiu de viagem, e forjou a morte, ninguém sabia que ele estava vivo-minha vó diz meio arrastado, com um sotaque fofo, e aí eu percebo que nem a mãe dele sabia, ele fez até a própria mãe sofrer.

-Eu achei muito estranho, já que-minha mãe pausa- O DNA do corpo que chegou em casa, e infelizmente vocês dois encontraram, não era do seu pai-encaro meu irmão que me encara de volta.

-E porque a gente não sabia disso?-Tristan diz antes que eu possa sequer pensar.

-Vou chegar lá-Minha mãe diz acariciando a mão do meu irmão- Resolvi que iria deixar para trás tudo e vir para cá, mas eu não conseguia esquecer da polícia me dizendo que aquele não era o pai de vocês-minha vó coloca a mão no ombro da minha mãe dando apoio a mais nova- Fui atrás de provas que mostrassem tudo, tudo que a polícia tinha eu também tinha e comecei a investigar, e a investigação mostrou que ele não estava morto-ela pausa- Por isso tinha tudo no meu quarto, e por isso não queria que vocês entrassem lá, vocês não tinham que ver aquilo.

Lembro do momento em que entramos ali, e sinto tudo que eu comi no dia subindo pela garganta como se eu fosse vomitar.

-Enfim, eu sumi porque fui procurar ele-ela encara minha vó.

-Eu vou continuar aqui com vocês, não acho justo que vocês percam mais uma parte da família- A mais velha diz- Não quero nem olhar para cara do meu próprio filho.

Sei que todos aqui estão muito magoados e se sentindo traído, mas acho que a minha vó foi a que mais sofreu, ter que enterrar um filho deve ser a pior coisa do mundo.

E mesmo meu pai sabendo a dor que minha vó passou quando seu marido e seus outros filhos morreram em um acidente de carro, ele foi lá e fingiu isso.

Não sei descrever em palavras oque sinto, mas sei que meu pai não merece nenhum sentimento nosso.

-Vamos cozinhar, porque não vão para sala jogar algo?-minha mãe diz em um tom de voz que eu nunca ouvi, parecia doce.

Como se um peso tivesse sido tirada dela, sentia que um peso havia sido tirado de mim também.

-Chamem o Miguel e a Brooke para vir almoçar aqui-minha vó diz, e eu e meu irmão positivamos.

-E de quem é essa cachorra?-minha mãe diz quando Ellie pula da cama e vai até ela.

-Minha-digo e ela me encara- Miguel me deu.

Pego meu celular e ligo para o menino, no mesmo momento que Tristan liga para Brooke para convida-lá.

Talvez tudo volte a ser como era antes, ou agora, melhore.

Eu queria apostar na segunda opção.

— — — — — — — — — — — — — — — — — — —

-eita que esse cap tá grande em, eai, oque acharam?

-me desculpem pela demora☠️

-vão lá na fic que eu tô escrevendo do Mason emmm🤭

boa leitura <3

não sejam leitores fantasmas

bjs da aninha 😇

até o próximo cap 🫀