— Uma traição não tem perdão!
A frase ressoava em seus ouvidos, como um despertador que jamais se calava. Sua própria afirmação queimava em sua garganta, mesmo depois de anos, especialmente por estar cedendo tão facilmente ao homem que te traiu no seu pior momento.
toda sua insegurança, todo seu medo em não agradar ele, foi como uma piada de mal gosto e ele riu disso, riu de você aparecendo com uma outra mulher onde todos veriam, seus amigos e sua família. Não importava o quão machucada você já estava, ele abriu mais sua ferida, cuspiu nela como se não significasse nada, você estava sangrando por ele quando a misericórdia te pegou, você se reconstruiu, foram anos na terapia, espelhos quebrados quando sua imagem se tornava dolorosa, espelhos com marcas de dedos, de quando você se permitia tocar no reflexo e absorver sua própria imagem, mas não era suficiente, a dor ainda estava ali, queimando sob a cicatriz que todos viam como curada, mas ainda formigava, e vê-lo tornava tudo pior, porque você sabia que em algum lugar sua aprovação era a cura para todas as suas inseguranças, ele era a fórmula mágica que tiraria a dor e as cicatrizes. Mas deixá-lo entrar significa muito mais do que apenas uma suposta cura.
Sua terapeuta dizia que a cura estava incumbida dentro de você, e vocês estavam quase lá, (mentira!) você nunca se sentiu tão insegura com sua própria pele, nunca se sentiu tão mal com o próprio reflexo, sua mente tinha esse veneno que contaminava sua vida, dia a dia, e cada vez mais você se perdia na confusão que sua mente criou.
Pedro estava sentado na sala com as crianças, ele estava ajudando com o dever de casa, era sua tarefa rotineira, mas com a visita surpresa, você passou para ele enquanto preparava o jantar, a ansiedade estava ali presente remoendo suas entranhas, uma ânsia que não passava, especialmente quando ouvia as conversas pelo corredor, a voz dele ainda tinha algum poder em você, e estar ali naquela cozinha preparando um jantar para sua família, como uma perfeita housewife, querendo agradá-lo, aquilo te consumia.
As risadas na sala, o tom compreensivo com que ele falava com as crianças, a felicidade das suas filhas, por que aquilo não era suficiente para acalmar?
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Você arrumou a mesa em silêncio, concentrada na organização e disposição das louças, eram provenientes da mudança, todas brancas com detalhes verdes na borda, você comprou quando não teve coragem de entrar em sua antiga casa para buscar qualquer coisa que ganhou no casamento.
A bile subiu pela sua garganta mais uma vez. Lua entrou na sala de jantar com um desenho nas mãos, sorrindo enquanto ia ao seu encontro. Você sorriu para ela, tão feliz que sua garotinha estava animada e radiante, não que ela não fosse assim, a felicidade de vê-la daquele jeito era por seu momento compartilhado com o pai, ele fazia tão bem as filhas, e por consequência, a você.
— Você veio me mostrar um desenho querida?
Ela assentiu entregando a folha, duas casas cada uma em um lado diferente, no centro o que você poderia descrever como Pedro, você e elas.
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Pedro Pascal | one-shot
Fanfictioncoletânea de contos, universos alternativos, drabbles e HC's de Pedro Pascal e seus personagens Por favor não leia se for menor de idade. Este homem tem moradia na minha mente desde que fez Oberyn Martell, mas nós últimos ele está ocupando todos os...