|Parte dois: manchando o carpete|Você o acompanhou até o hospital, ainda em estado de choque por tudo que tinha acontecido.
Tudo que tinha acontecido.
Era bizarro pensar em como você saiu para se matar, foi atacada por um predador sexual e o matou, mas não sem ajuda. Você podia ter terminado com tudo, mas voltou atrás quando alguém que você não conhecia se arriscou por você. Colocou a sua vida em foco. Deixar tudo para trás depois disso parecia errado.
Mais errado que segurar a mão dele durante todo o trajeto até o hospital. Se ele tivesse alguém, céus ele deveria ter alguém, e esse provavelmente não iria gostar de te ver ali. Mas você permaneceu.
Quando o sol apareceu e Joel abriu os olhos, a mulher sentada ao seu lado no quarto o surpreendeu. Uma vozinha sussurrando o quão fácil você deveria ser. Sua figura adormecida, com os lábios entreabertos e cabeça pendendo para um lado, respiração controlada e olhos trêmulos, provavelmente sonhando. Aquilo deveria ser uma pintura digna de substituir a Gioconda de Da Vince.
Os céus o abençoaram com aquela visão.Quando você acordou ele se preparava para sair.
— Você está bem? Já recebeu alta?
Sua voz estava alerta, o que revelou seu sono leve. Joel se perguntava a razão daqiilo, era sempre assim? O que te aflingia?
O que realmente importava era que ele estava disposto a te proteger.
— Uh, bom dia para você também!
— Me desculpe, eu só fiquei extremamente preocupada.
— Culpado. entendo seu lado, sem você eu teria morrido.
— exagero, sem você eu teria sido estuprada, e isso seria pior que a morte. Muito obrigado, sr..
— Joel Miller. Já que estamos quites, precisamos conversar sobre o que aconteceu.
Os olhos dele escureceram, aquilo causou um arrepio nela. Joel não queria te assustar, mas ele não estava errado. Aquilo tinha que ser discutido, especialmente quando alguém havia morrido.
— Não é nescessário.
— é claro que é, querida, ambos fomos atacados.
Seus olhos fugiam dele. Como se estivesse escondendo algo.
— Eu fui atacada, você foi uma vítima.
Joel deu um passo para encontrar ela, seu corpo se elevando enquanto ela queria recuar, mas não o fez.
— Você também foi, temos pesos compartilhados...
— Sr. Miller, com todo o respeito, você não sabe de nada..
Joel suspirou levando as mãos ao rosto, estava ficando cansado da teimosia daquela mulher.
— Você tem razão, viva com os pesadelos que isso irá te trazer. Sozinha...
***
Sozinha...
Aquela palavra ecoa em sua mente enquanto j homem se afasta deixando o frio ocupar o calor que ele proporcionou apenas por se aproximar. Você sente a brisa imaginaria te arrepiar, especialmente pela verdade que ele acabou de dizer. Um medo real demais se afunda em seus ossos, se emaranha em suas entranhas. Flashes da noite passada, quando sua versão mais selvagem e assustada surgiu e você ativou o modo de sobrevivência e violência sem culpa. Agora essa culpa estava se enrolando em torno do seu dedo, sozinha e sem ninguém para compartilhar ou dividir o peso.
Joel Miller sumiu pela porta te deixando lá, sozinha e com medo.
O impulso de seguir o homem existe mas seus pés não recebem seus comandos. Seu corpo entra em choque, sua respiração pesa e para. O pânico te dominando lentamente enquanto a memória do sangue fresco de seu agressor parece retornar ao seu corpo. O peso da pedra em sua mão é tão real que seus dedos se curvam para seu formato, para encontrar o nada em sua palma.
Um policial entra no quarto, você é puxada para sua realidade novamente: assassina!
não que ele a vejam dessa forma, mas é inegável, existe sangue em suas mãos e você nunca poderá pagar isso. Joel entra em seguida dele, e antes que qualquer um deles fale, o Miller te pega pelo braço e te guia para fora do quarto.— Sr. Miller, preciso falar com ela.
— Ela passou por um grande estresse, não vai falar nada agora.
O policial não gostou de ser contrariado, sua expressão revelava isso.
— Ela pode falar por conta própria? ou isso é um direito só seu?
Uma mulher alta questiona, chamando a atenção para ela, o cabelo preso em dezenas de tranças chama a atenção, mas não só ele, tudo nela é notável, a postura, voz grave que se projeta além, o terninho com caimento perfeito, tudo e tudo.
Joel não tira os olhos dela antes de responder, mas você o faz, corada com as palavras dele.
— Minha namorada é perfeitamente capaz de falar por conta própria, mas, devido ao grande estresse da noite passada, eu preferia poupar ela.
— Bom, porque ela mesmo não fala isso?
Ele te devolveu o olhar, cheio de ternura e compreensão. Onde estava o homem que te abandonou sozinha minutos atras? quem era aquele que tinha tanta devoção nos olhos?
Aquilo não deveria te encantar, então por que estava fazendo isso?
— Prefiro falar quando estiver mais descansada. Ao menos uma noite de sono e um banho quente...
Joel envolveu seus ombros com um braço e deixou um beijo em seu cabelo, enquanto, sem esperar qualquer resposta, te guiava para longe daqueles olhos incriminatórios.
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Pedro Pascal | one-shot
Fanficcoletânea de contos, universos alternativos, drabbles e HC's de Pedro Pascal e seus personagens Por favor não leia se for menor de idade. Este homem tem moradia na minha mente desde que fez Oberyn Martell, mas nós últimos ele está ocupando todos os...