Capítulo 20. Feridas abertas

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Cal


Subo as escadas e entro no corredor que dá pro quarto de Mare, me aproximo e quando estou quase batendo na porta, escuto sem querer a conversa.

- Mare, você precisa ficar calma - diz Kilorn - ele não pode te machucar mais.

Pela fresta da porta vejo Mare andando de um lado pro outro.

- Kilorn tem razão - seu avô fala - você tem que ser forte, tem que enfrentar seu passado pra poder seguir em frente, minha neta.

- Não sei se consigo - ela se vira, vejo lágrimas em seus olhos, elas lutam pra cair - não posso fazer isso, eu já fui quebrada uma vez, isso não pode acontecer, de novo não...

Mare coloca as mãos no rosto e deixa as lágrimas caírem, meu coração se aperta nesse momento, ver ela tão frágil e com todas as barreiras abertas, essa Mare é tão diferente.

Antes que eu bata pra entrar, Kilorn puxa a minha noiva para um abraço, ela retribui. Sei que não deveria, mas o fogo que há em mim, queima ferozmente. Me afasto da porta e tento manter a calma.

Bato de leve, e abro a porta. Mare se solta de Kilorn, e se vira tentando esconder seu rosto.

- Mare - chamo ela - está tudo bem? Podemos conversar?

- Acho que não é uma boa hora, alteza - Kilorn diz.

- Tudo bem - Mare se vira - podem sair, por favor.

Kilorn pega na mão dela, olhando em seus olhos, como se quisesse ter certeza da decisão dela. Mare apenas confirma com a cabeça e aperta a mão do amigo. Seu avô sai primeiro e logo depois seu amigo.

- Pois não, alteza - ela diz se virando - o que deseja falar comigo?

- Não - digo me aproximando dela - você não vai colocar essa barreira de novo.

Ela se afasta rápido, mas eu a pego pelo braço e a puxo pra mim. Ela não luta, apenas coloca a cabeça no meu peito e sinto seu choro preso sair. Ficamos assim, em silêncio, deixando a dor sair, por um tempo ninguém diz nada, ela chora e eu, nesse momento, sou seu apoio.

- Mare - ela afasta a cabeça do meu peito e me olha - me diga o que houve, quem a machucou? Me diz, pois olhar nos seus olhos e ver tanta dor, é a pior das torturas. Por favor, meu amor.

Ela se afasta um pouco, seca as lágrimas e volta a me olhar. Me aproximo dela e pego suas mãos.

- Cal... - ela sussurra.

- Não quero que faça nada se não quiser, mas me diga, como eu posso ajudar?

Ela coloca a mão no meu rosto e me olha profundamente, então abre um sorriso. Meu coração falta sair do peito com isso.

- Você é o melhor que há em todos os reinos, é a síntese de todas as coisas boas - ela se aproxima, coloco minha mão em sua cintura - eu não te mereço Calore.

Não permito que ela fale mais, a beijo. Um beijo lento e que demonstra toda paixão que sinto por ela.

- Eu já sou seu, Mare - digo nos seus lábios - agora já era.

Ela me olha, vejo a tristeza indo embora. Ela me puxa até o sofá, então se senta ao meu lado.

- Cal, o que vou te contar, é um segredo do meu reino. Isso não pode de modo algum sair daqui. E você também não pode querer fazer algo - olho confuso pra ela - me prometa!!

- Eu prometo.

- A história que eu te contei, quando estávamos naquela caverna, eu não te disse quem era o príncipe.

 A união de dois sangues Onde histórias criam vida. Descubra agora