Capítulo 24. O Conselho de Guerra: Parte I

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Mare

Minha pergunta se perde no ar. Cal não responde, apenas me encara da porta. Não consigo conter minha decepção. Me sento na cama.

- O que está acontecendo com você? Por que não me responde? - ele não me olha mais, está encarando seus pés agora - Cal!!!!

O silêncio prevalece, Cal aos poucos entra no quarto e fecha a porta.

- Me perdoe - ele diz, posso ver que seus olhos estão marejados - eu não consegui te proteger.

- Cal... - ele me interrompe.

- Eu deveria cuidar de você, te proteger, você está sobe a guarda do meu reino. Isso não devia ter acontecido, deveríamos ter sido mais cuidadosos... - do que ele está falando?

- Cal - o chamo - ninguém sabia o que iria acontecer, não é culpa de ninguém.

- Você poderia estar morta.

- Mas não estou!

- Mas poderia, temos que ter cuidado, abrimos demais a porta para os inimigos. Você não deveria ficar tão desprotegida por aí!

- E como eu deveria ficar? - pergunto perdendo a paciência - Presa em uma torre? Ou com 10 guardas ao meu redor pra todo o lugar que eu for? Isso é ridículo.

- Ridículo? - ele diz como se eu tivesse dito um palavrão - Você é uma rainha, deveria se preocupar mais com a sua segurança!

- Não venha me dizer como agir!! - me levanto da cama e me aproximo dele - Você não sabe o peso que eu carrego, não sabe o que é ser uma rainha ou um rei, você nunca teve responsabilidades tão grandes. Não venha me ensinar aquilo que você nunca fez! Você não é um rei, Tiberias!!

Me choco com minhas próprias palavras, e Cal parece mais magoado do que tudo. Mas é necessário, ele vai se culpar pelo resto da vida por causa disso, infelizmente essas coisas são parte das nossas vidas. Ele tem que aprender.

- Perdão majestade - ele coloca a mão no peito - esqueço que você é uma rainha tão experiente, ou pelo menos é o que quer que acreditem. Pois sabe a verdade Mare, você é só mais uma garota fingindo que sabe o que está fazendo, mas deixa eu te contar, você não sabe!!! Você brinca com sua vida, se coloca em risco várias vezes, é inconsequente, mimada e imatura. Podem culpar sua idade, mas eu sei que isso é o que você é de verdade, você é uma força da natureza incontrolável, uma tempestade!! Mas não percebe o quanto isso pode dar medo nas pessoas que te amam e que tem medo de te perder. Não sabe o que é ver a pessoa que você ama a beira da morte, pois você não se importa que eu a ame, você só se importa em me estressar e em me magoar!!

Meus olhos estão arregalados e não consigo sair do lugar. Eu jurava que era apenas um sonho ou uma loucura da minha cabeça, mas não, ele me ama. Ele disse que me ama....

Cal está pegando fogo, vejo em seus olhos o ódio. Ele se vira e passa a mão nos cabelos, tentando se acalmar. Daqui posso ouvir sua respiração, ele sabe o que disse, sabe o efeito disso em nós dois.

- Cal - digo em um susurro.

- O que? - ele se vira e olha no fundo dos meus olhos.

- Voc.. você disse... - respiro fundo - disse que me ama.

- Eu sei o que eu disse, Mare.

Não consigo pensar e nem falar. Meu coração acelera nesse momento. Ele me ama mesmo? Como ele sabe? Eu o amo também? Não, não sei... O que eu digo agora? Não posso mentir, não sei o que sinto.

Ele se aproxima, segura meu queixo e o levanta. Colando nossas testas e então ele fala em um sussurro.

- Eu te amo, Mare Barrow - então me beija. Um beijo lento e cheio de saudade.

 A união de dois sangues Onde histórias criam vida. Descubra agora