{X} Vulnerabilidade

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"Triunfos e traumas
As pedras e as palmas
Quando se acabar terá valido a pena
Pra chegar até aqui
Risos que chorei, choros que sorri
Frágil harmonia entre o não e o sim
Pra amanhecer o dia, amanhecer em mim.
Vem, me faz teu par
Dai-me tua cor..."

— Cartas do Tarô, Braza

P.o.v. João

Naquela noite eu esperei pelo Pedro na joalheria por um tempo. Ele não apareceu.

Decidi voltar para o meu quarto, já estava tarde, se não conseguisse dormir, eu voltaria joalheria como sempre faço. 

Estava olhando pela pequena janela do meu quarto quando percebo uma movimentação, julgo ser um grupo de cavaleiros, pelo som do trote dos cavalos, troco o tecido dos meus olhos de lugar, deixando o olho esquerdo a mostra, já que ele é o mais adaptado com baixa luminosidade, então enxergo melhor com ele quando tem pouca luz, surpreendentemente consigo distinguir um pouco os rostos e percebo que Pedro é um deles.

Não me pergunte como conseguir identificá-lo a essa distância.

Talvez da mesma forma que contou que reconheceu meus passos, aquele dia nos fundos do jardim.

Continuo olhando pela janela até que todo o grupo desaparece, provavelmente já dentro do castelo.

É quando eu lembro de um detalhe, eu sei aonde é o quarto do Pedro, já que tive que ajudá-lo a chegar nele naquela madrugada. Talvez eu ainda saiba como chegar lá.

Jão: — Será que eu devia? — Falo comigo mesmo. — Não, com certeza não.

⋙⋙⋙⋙∞⋘⋘⋘⋘

E, me contradizendo completamente, lá estava eu na porta do quarto do Pedro.

Jão: — Pedro... — Chamo batendo na porta suavemente. — Sou eu...

Ele abre a porta.

Pedro: — Jão. — Ele me dá aquele sorriso que era capaz de parar minha respiração. — Pode entrar. — Ele me dá passagem, eu entro.

O quarto do Pedro é bem maior que o pequeno comodo onde eu durmo, tem mais moveis e até mesmo a sua cama é maior que a minha, imagino que nada mais justo pra um cavaleiro como ele que estar cem por cento do tempo a disposição dos soberanos aqui no castelo.

Pedro: — Desculpa não ter aparecido lá na joalheria, eu tive...

Jão: — Obrigações a cumprir, certo? — Interrompo, calmamente, tentando tranquilizá-lo. — Tudo bem, Pedro, eu te entendo... — Analiso seu corpo com os olhos — É a primeira vez que eu te vejo sem farda.

Pedro parecia pronto para se deitar, no lugar da costumeira farda, usava uma bata fina e sua espada descansava sobre a mesa de cabeceira.  Observando-o eu notei como não era a farda que dava volume ao seu corpo, de fato, Pedro era muito forte e tinha um corpo bem definido, algo que deveria se esperar de um cavaleiro, eu suponho.

Pedro: — Jão! — Ele me tira do transe.

Jão: — Desculpa, me distraí.

Pedro: — Eu notei... — Ele se aproxima de mim. — Não pareço tão hostil sem a farda, né? — Ele se aproxima mais até nossos corpos estarem quase colados. — Você não sente mais medo de mim?

Jão: — Digamos que eu sinto outras coisas te vendo assim. — Sussurro contra seus lábios.

Eu queria que fosse uma piada, mas a verdade é que reparar no Pedro dessa forma animou meu corpo mais do que eu gostaria.

Mas Eu Sou Um Pirata... - PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora