" Quantos encontros cabem numa vida?
Quantas vidas pra viver?
Quanto chão pra caminhar?
Quantos sóis nós vamos ver nascer?
Mundos vão ruir, curas vão surgir
E nós dois aqui..."
— Selva, ANAVITÓRIA
P.o.v. Narrador
Jão e Pedro aproveitaram ao máximo seus dias juntos.
Quando sol nasceu naquele dia eles trocam uns beijos matinais e logo foram para suas funções.
Pedro teria que fazer uma patrulha no reino e ficaria o dia fora do castelo.
Hugo: — Bom dia, João. — Hugo cumprimentou.
Jão: — Bom dia, senhor Hugo. — Ele sorri. — O que faz aí? — Aponta para a joia que Hugo manuseava.
Hugo: — Pois bem, um trabalho bastante inusitados, o rei pediu que fizéssemos alguns pingentes de âncora.
Jão: — Âncora? — Estranhou — Mas ancoras não são símbolos proibidos por terem relação com os piratas?
Hugo: — Sim, mas o rei solicitou, pois vai usa-os em uma oferenda aos deuses.
Jão: — Sei que posso soar intrometido e até um pouco herege, senhor, mas porque os deuses desejariam uma oferenda tão específica?
Hugo: — Não foi um desejo dos deuses, explicitamente, mas existia uma profecia que dizia que um dos descendes de Josias, o avô do nosso rei, teria uma paixão por uma pirata e isso seria a salvação ou a ruína do reino, diziam ser apenas um dizer sem fundamento, mas como a princesa Helena ainda não escolheu uma noiva, seu pai tem medo de que seja ela.
Jão: — Mas, a regra das profecias não é que elas se concretizam quando tentamos evitar?
Hugo: — Na teoria, sim, mas os deuses têm sido generosos com nosso reino ultimamente, então eles acham, que vale a pena arriscar. — Hugo encolhe os ombros. — Inclusive, falando em oferendas, preciso ir ao templo manhã de manhã consegue cuidar das coisas por aqui na minha ausência?
Jão: — Sim, senhor.
Hugo: — Ótimo, voltarei no início da noite. Fico feliz de poder contar com sua ajuda, meu jovem. — Ele sorri simpático
Jão: — Eu que fico feliz em ajudar, senhor. — Jão sorri de volta.
Eles ficam um tempo em silêncio trabalhando nas joias.
Hugo: — Mas, sabe, apesar de um ódio aos piratas ser mais do que entendível no nosso reino, eu, meio que não consigo compactuar desse sentimento.
Jão: — Talvez o senhor seja bondoso demais para nutrir tanto ódio.
Hugo: — Realmente, talvez, mas quando você não tem a capacidade de odiar, é mais fácil se arrepender de suas ações.
Jão: — Bom, apesar de ter sido um servo naquele navio há muitos anos, eu também não os odeio tanto quanto gostaria
Hugo: — Entendo bem.
Jão: — Mas, imaginei que os piratas haviam deixado de ser uma ameaça após o massacre da tripulação de James
Hugo: — Realmente, acho que pelas próximas décadas nenhuma outra frota vai pensar em nos atacar, e para ser sincero, antes de James, os ataques piratas não eram tão recorrentes assim, aconteciam, mas não a ponto de tornar as praias perigosas.
Jão: — Jura?
Hugo: — Quando eu ainda era uma criança eu ouvia sobre as prias de Scorpios serem lindas e cheias, até na minha adolescência eu cheguei a ter o habito de frequentá-las.
Jão: — Interessante... — Jão murmura como quem fala com sigo mesmo.
Hugo: — Sabe, João, aprendi com a vida que os piratas tem dois grandes mal, e o segundo pior deles é obsessão que podem desenvolver por qualquer coisa que considerem valiosa.
Jão: — Perdão, senhor, mas o você fala como se tivesse conhecido um deles.
Hugo deu um riso
Hugo: — Sabe, meu jovem, eu conheci muitas pessoas nessa minha vida, historias longas demais.
Jão: — Bem, nós temos uma longa tarde de trabalhos minuciosos pela frente. — Jão incentiva.
Hugo dá um sorriso nostálgico antes de continuar.
Hugo: — Sabe, já lhe contei sobre ter sido trago ao palácio muito jovem, e aos daqui eu mentia sobre minhas origens, mas fora daqui eu não costumava ter tanto orgulho de ser um aprendiz de joalheiro, uma vez, quando era adolescente a única fase em que às vezes nos é permitido ser e ingenuo demais, eu conheci um rapaz na praia, e ele tinha uma paixão tão grande pelo mar que não sei como não desconfiei.
Jão: — Como ele era?
Hugo: — Ele foi uma das pessoas mais lindas e ousadas que já conheci, tinha uma ambição que fazia dele alguém bastante intenso, um jeito de quem seria um grande líder no futuro.
Jão: — Ambição, líder...
Hugo: — Bem, na época eu não contava sobre morar no castelo, achava que ele jamais gostaria de alguém que vive como servo da realeza, e bem, de certa forma eu tinha razão, mas foi aí que eu descobri que mentiras sempre vão machucar mais do que as verdades.
Jão foi levando a quela tarde, luas atrás, onde havia recebido o concelho de jamais mentir para quem ele gostava.
Jão: — O que aconteceu?
Por um tempo, ele ficou em silêncio.
Hugo: — Sabe, meu jovem, às vezes a gente tem que aproveitar as chances que a vida nos dá de estar o lado de quem a gente ama, porque nem sempre duas pessoas podem ter um bom final.
Jão: — O que quer dizer?
Hugo: — O primeiro e maior mal dos piratas é que a paixão deles pelo mar sempre vai falar mais alto que tudo, não importa o quanto eles amam algo ou alguém, se forem reivindicados pelos deuses do mar, voltarão para ele.
Jão: — Eu jamais faria isso. — Jão sussurra para si mesmo.
"Quantos encontros cabem numa vida?"
VOCÊ ESTÁ LENDO
Mas Eu Sou Um Pirata... - Pejão
FanficUm reino, um navio, um ataque pirata que terminou em um naufrágio. Um cavaleiro com sequelas de sua vingança, um pirata disfarçado se refugiando ao lado dos que mataram sua tripulação. Seria muita ironia se dois mundos tão diferentes se juntassem.