{XXVI} Volta pra mim

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"Talvez se afastar um pouco

Sem perder de vista parecesse o certo

A gente era só muito novo

Cê foi muito longe pra perder o tédio..."

— Você Me Perdeu, Jão

P.o.v. Narrador

No dia seguinte, João e Pedro se viram menos, ele tinha coisas a fazer na joalheria e Pedro suas funções a cumprir, mas isso não os impedia de pensar um no outro o tempo inteiro.

João teve alguma dificuldade em se concentrar, ele tentava não pensar que naquela noite dormiria sem Pedro.

Seu peito tinha um aperto gigantesco só de se lembrar da última vez, do desespero que o arrebatou quando ele soube que Pedro estava ferido.

Uma parte minuscula de sua mente ainda questionava se ele aguentaria levar essa vida, de eventualmente ter que sentir essa angústia de poder perder o Pedro a qualquer momento.

Logo em seguida se lembrou da fragilidade de Pedro quando se reencontraram, de como ele não parecia acostumado com cuidados de outra pessoa, de como sorria quando estava ao lado dele, ele sabia que as pessoas sempre o deixavam justamente por conta desse dilema, ele jamais faria isso.

Pedro dissera que largaria tudo por ele, e ele faria o mesmo.

Não havia nada que ele pudesse fazer, Pedro amava seu posto e tinha prazer em servir ao reino, ele teria que aceitar isso.

Depois de terminar o que estava fazendo, ele pediu licença ao Hugo para dar uma volta, e foi aos fundos do jardim no castelo, com uma fagulha de esperança de encontrar Pedro por lá.

Estava vazio, ele se sentou nos degraus com um suspiro.

Pedro teria escutado passos se aproximando atrás dele, ele já havia contado a João que aprendera a sentir a vibração de terra e saber se tem alguém se aproximando ou se afastando sem sequer olhar.

João não tinha essa habilidade então foi pego de surpresa.

Pedro: — Esperando por alguém?

Jão se virou pra trás num pulo, e em seguida abriu o maior sorriso do mundo.

Jão: — Não mais.

Pedro: — Eu imaginei. — Pedro sorri se sentando do lado dele.

Jão segura seu rosto e em seguida sela seus lábios.

Jão: — Estava com saudades... — Ele sussurra contra a boca dele.

Pedro: — Eu também...

Eles seguem apenas trocando beijos, não precisam de palavras.

Jão: — Já sinto sua falta. — Jão deixa escapar.

Pedro: — Não sinta minha falta enquanto eu estiver aqui. — Diz, segurando o queixo de Jão e sorrindo, — Muito melhor gastar essa energia me beijando, não acha?

Jão: — Tenho certeza. — Diz e volta a beijá-lo. — Mas promete que vai voltar pra mim?

Pedro: — Prometo, eu sempre vou voltar.

De volta a joalheria, Jão não consegue se manter concentrado, ele também não se esforça muito pra isso.

Sabe que vai ter bastante tempo livre nas madrugadas insones que virão, sem o Pedro ao seu lado.

Pedro também estava nervoso, não com sua missão, ele sabia que voltaria bem, mas tinha medo de perder o Jão, que ele se afastasse como tantas outras que passaram pela vida dele.

O sol começou a se por, Jão decidiu ir para a frente do castelo pra ver se conseguia se despedir de Pedro mais uma vez.

Ao chegar lá, ele o encontrou, porem, antes disso, seus olhos se encontraram com outros olhos, os olhos de alguém que ele conhecia há muitos anos.

Seu antigo colega de tripulação, que fora seu melhor amigo por anos, e que havia entregado sua tripulação nas mãos do exército de Scorpios.

Ele tremeu, sabia que mesmo com o olho esquerdo tampado, ele poderia ser reconhecido, então se virou abruptamente e saiu andando o mais rápido possível na direção contrária, esparrando com tudo em Pedro.

Jão: — Meus deuses, me desculpa, — Ele pediu antes mesmo de perceber.

Pedro: — Aonde você vai com tanta pressa? — Pergunta rindo, Jão sorri aliviado.

Jão: — Estava te procurando... — Pedro sorri. — Queria me despedir.

Ele deixa um beijo suave nos lábios do seu pirata.

Pedro: — Quando eu voltar, quero ouvir mais das suas histórias.

Jão: — Tenho muitas para te contar, de preferência de frente para o mar.

Pedro: — Assim será, — Ele o beija outra vez.

Pedro: — Vai ser rápido, eu prometo.

Jão: — Vai voltar pra mim, não vai?

Pedro: — Eu vou.

Eles se beijam outra vez e Pedro se junta ao resto do grupo, Jão ficou olhando eles partirem até perdê-los de vista.

Jão: — Ele vai ficar bem. — Repetia pra se mesmo. — Ele vai ficar bem.

"Te apertava sem saber, que ia escapar..."

Mas Eu Sou Um Pirata... - PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora