{XXIII} Passado e Futuro

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"Como é triste a tua beleza

Que é beleza em mim também

Vem do teu sol que é noturno

Não machuca e nem faz bem

Você chega e sai e some

E eu te amo assim tão só

Tão somente o teu segredo

E mais uns cem..."

— Completamente Blue, Cazuza

P.o.v. Narrador

No dia seguinte, logo cedo, Jão e Pedro saíram para a pequena viagem rumo a casa em que o Pedro cresceu. Não foram muitas horas, apesar da casa ser em na encosta de uma pequena montanha, sem quase nada em volta.

Era uma casa bem grande, o que fez João pensar que talvez os pais de Pedro planejassem ter outros filhos.

Pedro: — Está mais conservado que eu imaginei. — Pedro conta enquanto eles entram. — Apesar de todo esse mato em volta, eu sempre pedia para alguém vir aqui com frequência tirar as teias de aranha antes que tomassem conta da casa. — Explica, enquanto abre as janelas para o ar circular.

Jão: — Realmente, está mais conservado aqui dentro do que eu esperaria encontrar... Você não teve medo de mandar alguém aqui sem vir para conferir depois? Quer dizer, poderiam ter levado alguma coisa...

Pedro: — Ninguém ousaria, as pessoas têm medo de cavaleiros Jão, acham que somos pessoas que podem atacar no mínimo sinal de descontrole.

Jão: — Não faz sentido, pessoas descontroladas não saberiam manejar espadas tão bem... — Diz. — Por que seus pais moravam e um lugar tão isolado?

Pedro: — É algo comum quando amazonas e cavaleiros se casam, dizem que é para que quando eles se aposentarem viverem seus últimos anos juntos bem longe de toda agitação da capital. — O semblante de Pedro se enrijeceu de repente, Jão sabia o que ele estava pensando. — Era... o que meus pais... planejavam fazer.

Pedro sentia os olhos marejados, mas continuou, não queria chorar ali.

Aquelas palavras perfuraram o peito de João, os pais de Pedro haviam morrido em um ataque pirata, eles não poderiam passar seus últimos anos naquela casa, tranquilos e longe da agitação da capital e aquilo, em parte, era sua culpa, eles poderiam muito bem estarem entre os cavaleiros que ele mesmo traspassou com uma lança.

Jão se aproximou mais dele e o abraçou.

Jão: — Eu sinto muito, Pedro... — Ele diz, aproveitando que mentia bem para disfarçar o embargo em sua voz, poderia chorar de culpa em outro momento, não ali, aquilo não era sobre ele.

Pedro: — Tudo bem. — Pedro apertou o abraço e em seguida João deixou um beijo carinhoso em seu rosto, sabia que nada que dissesse seria capaz de confortá-lo.

Eles voltaram a explorar a casa.

João não sabia o que falar, mas temia que o silêncio fosse pior.

Jão: — É comum que cavaleiros se aposentem? — Perguntou a primeira coisa que lhe veio a cabeça, e se condenou por isso. — Quero dizer...

Pedro: — Até que sim, pelo menos no nosso reino vários cavaleiros, depois de uma certa idade e anos de serventia, podem deixar as atividades na tropa, se quiserem... — Pedro continuou, falava normalmente apesar do sentimento de saudade e tristeza que o invadira. — Sabe uma coisa curiosa?

Mas Eu Sou Um Pirata... - PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora