{XXIX} Anti-Hérois

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"Terminei, minha vida vazia

Sou tua obra-prima

em santa Maria do mar

Sem amor, tão profano

De quem conheceu o sublime

E voltou a chatice de ser humano..."

— Barcelona, Jão

P.o.v. Pedro

Passar o dia com Jão depois de dias fora era a melhor coisa do mundo todo.

Voltamos para o castelo já ao anoitecer, ele disse que teria que pegar algo em seu quarto, mas que voltaria para o meu em breve.

Sorri, amava dormir ao seu lado.

Pedro: — Você deveria trazer algumas de suas coisa para o meu quarto. — Sugiro logo que ele adentra meus aposentos novamente.

Jão: — Você tem certeza? — Ele sorri.

Pedro: — Sim, faça isso amanha, quanto mais tempo que puder ficar ao seu lado, melhor. — Digo e me deito na cama.

Jão: — Farei isso, então. — Ele se deita do meu lado. — Boa noite, meu cavaleiro.

Pedro: — Boa noite, meu amor. — Uni nossos lábios mais uma vez antes de pegarmos no sono.

Na manhã seguinte eu tive que passar no centro de treinamento do castelo, Malu me fizera prometer que eu faria isso, para garantiria que estava bem, desde o confronto com os piratas.

Apesar de tudo, eu gostava da sua preocupação, não me sentia diminuído quando ela via as marcas no meu braço de vezes que trombei em algo. Mas elas estava se tornando cada vez mais raras aos poucos, eu estava me acostumando redecorando o castelo.

Quando voltei para o meu quarto, Jão estava lá, notei que ele mantinha os olhos em um instrumento de cordas, um alaúde imagino.

Pedro: — Você toca? — Perguntei me sentando do seu lado.

Jão: — An? — Ele parecia concentrado demais pra ter me ouvido chegar. — Meio que sim, foi uma das poucas coisas que consegui salvar do meu navio.

Pedro: — Não sabia que piratas podiam ter aptidão com música. — Brinco rindo.

Jão: — O capitão James sempre gostou de música, mas acho que era uma peculiaridade da nossa tripulação.

Pedro: — Quero ouvir alguma coisa. — Aponto para o instrumento.

Jão: — Não tenho muita certeza se ainda sei algo, mas posso tentar.

Ele loga volta-se para o instrumento e começa a tocar, o som é suave e a voz dele é uma das coisas mais bonitas que eu já ouvi, é quase como o som da arrebentação das ondas, intenso como o cair da chuva, como o som do vento nas árvores antes de um temporal.

É bonito como a própria natureza.

Jão manteve os olhos no alaude enquanto tocava e eu poderia ouvi-lo cantar por horas.

Por uma vida.

Jão: — O que achou? — Me pergunta logo que para de tocar.

Pedro: — Você é maravilhoso nisso. — Digo num suspiro, ele abre o sorriso mais lindo do mundo.

Jão: — Talvez em outra vida eu tenha tocado em tabernas. — Diz rindo.

Pedro: — Em outra vida eu abriria uma taberna só para te ver tocar. 

Mas Eu Sou Um Pirata... - PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora