Capítulo 21

1.1K 105 56
                                    

Corredores, corredores por todos os lados, um chão branco e brilhante debaixo dos meus pés e uma infinidade de produtos estocados em prateleiras. Isso traduz com veracidade o "super" de supermercado, não sei dizer se todos os supermercados ficaram como este, ou este em particular se dedicou mais em suprir as necessidades básicas e consumistas da sociedade atual. Deve ter três vezes o tamanho de qualquer outro. E cá estou eu, no centro de todos esses corredores citados.

Fiquei parada com as mãos descansadas sobre o carrinho de compras, felizmente esse carrinho tem aquelas cadeirinhas para bebês, ao menos para que eu me divertisse na presença do meu bebê favorito. Seria um fardo fazer essas compras se não tivesse o pequeno perto de mim rindo das caretas que constantemente faço. Existem pessoas que chegam em nossa vida e em pouco tempo tomam um espaço absurdo. Assim foi com o Theo, devo basear-me no fato dele ser pequeno porque com ele me sinto mais mãe, um sentimento que não achava possível de elevar-se quando conheci os gêmeos. Pensei que melhor não ficaria, porém aqui estou eu, boba e vulnerável nas mãos minúsculas de uma criança.

Essas três crianças foram os melhores presentes que eu poderia ganhar. Respiro e vivo por esta família, que eu me sacrificaria pelo privilégio de poder dizer que é minha. Ao menos aproveitá-la faz com que eu me sinta bem. Rafaella e as crianças se tornaram o meu mundo e nada mudaria meu amor por eles.

— O próximo corredor é de Produtos de Limpeza, nele é importante prestar toda a atenção do mundo, caso contrário teremos várias pessoas indo ao hospital. — Rafa retornou à mim.

Hoje ela decidiu me dar uma aula de como fazer compras, pois uma casa de família tem conceitos muito além de "Preciso e Compro". Existem uma série de critérios para produtos de banho, alimentação, limpeza, assegurando sempre de que ninguém irá morrer de um choque anafilático. Algo que eu possa ter deixado acontecer ou não.

Essas aulas que ando recebendo são ótimas, porque o que acontece entre Rafaella e eu na cama fica guardado dentre as dobras dos lençóis, agora, o que acontece na rotina, nos pequenos detalhes é o que fortalece a exteriorização dos nossos sentimentos, a Gizelly costumeira é aquela por quem Rafa se apaixonou e voltará a ver como sua alma gêmea.

Atitudes maquiavélicas minhas, de fato.

Depositou alguns sacos de alimentos básicos, molhos e outros alimentos antes de tentar fazer o caminho para o próximo corredor. Sofia e Gabriel vieram correndo em nossa direção como crianças travessas.

— Ganhei! Muitas balas de goma! — Sofia exclamou sendo a primeira a chegar.

A mocinha jogou no carrinho um pacote de doces da sua preferência em seguida.

— Os doces são por minha conta hoje. — o rapaz murmurou como se tivesse levado uma facada.

— É o que? Gabriel pagando por alguma coisa? Preciso filmar isso! — Rafaella fingiu surpresa.

O rapaz olhou para a mãe entediado.

— A senhora fala como se eu fosse o cara mais avarento desse mundo.

— Você é um rapaz maravilhoso, filho. — falou com empatia. — Mas prefere morrer de sede do que comprar uma água por cinco reais.

— Misericórdia! — exclamou passando a mão nos cabelos.— Assim também é de falir qualquer um! Estou economizando para comprar meu carro.

— Se importam de garantir nosso lugar na fila do caixa? Ainda temos que pegar mais algumas coisas. — Rafaella pediu docemente checando a lista de compras.

Ambos os adolescentes se olharam competitivos e correram com a maior velocidade possível na direção da fila mais próxima, seus sapatos faziam ruídos conforme deslizavam no chão encerado até perdê-los de vista. São dois criançolas que tem tamanho ou posso estar presa nas ilusões de uma mãe coruja recém chegada.

De Repente Nós (Girafa/G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora