Capítulo 31

886 97 26
                                    


Parei em frente ao espelho, encarei minha própria imagem filtrando-a de todas as maneiras críticas que pude pensar. Começando pelo caimento das ondulações dos cabelos, aos olhos bem contornados e sombreados, até o traje que com tanto zelo vestia. Um terno fino e de muito bom gosto que meus olhos teimavam em dizer que poderia não me cair bem. Uma calça em tom preto, o terno da mesma cor com botões dourados e uma blusa por dentro preta também. Além de um salto alto aberto e fino.

 Além de um salto alto aberto e fino

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

- Ivy, o que achou?

Levantou-se da poltrona atrás de mim, estávamos na suíte de minha nova moradia, eram algumas dezenas de seções expondo as roupas, sapatos e acessórios que comprei nos últimos dias. Era um palácio em escalas menores, além das minhas necessidades, sem propósitos racionais. Ivy veio por trás de mim com seu ar mais enjoado e almofadinha, analisou-me da cabeça aos pés, das costas pela minha frente refletida na superfície. Permaneci neutra esperando suas críticas ditas, não sei dizer quem tinha menos expressão, eu ou ela.

- Formidável. - sorriu cheia de classe.

Virei-me com curiosidade.

- Formidável? Não é exatamente o que esperava que dissesse. - disse bastante patife.

- Está se aprontando para um casamento, é de extrema importância que tenha modos!

- Estou ao menos apropriada? - dei uma volta em torno de mim.

Revirou os olhos descontraindo.

- Se o significado de formidável é um problema, prezo em dizer que amei o caimento do terno... O corte da calça... - analisou a mesma. - Me admiro de quão feminino ele é. - disse mais para si.

Por mais que o terno gritasse o gênero oposto, fiz questão que o traje, como um todo, obedecesse as curvas naturais do meu corpo de mulher. Justo na cintura, nas coxas e respeitando o volume dos meus seios. A vestimenta era...

Formidável?

- Não me recordo desse terno. É diviníssimo! - suspirou encantada.

- Eu mesma que mandei fazer. - disse pomposa. - Inteiramente sob medida. - dei um largo sorriso.

Ergui os braços de peito aberto para que minha amiga visse com clareza. Quis dar uma risada digna de rei ao ver a situação, seria um dia de glória. Satisfação pura e passageira.

- Tecido finíssimo. - passou os palmos pelos meu braços cobertos. - E belíssimo!

Casamentos são tão fenomenais que geram palavras enormes, elogios e expectativas. Pelo que vejo, o oposto dos aniversários de morte que são de poucas palavras, elogios falsos e dotados de culpa, orações por horas e nenhuma expectativa além de lágrimas e velas.

- Me custou os olhos da cara. - ajustei o terno. - Mas valeu cada centavo.

- Melhor e mais caro que o traje, somente o que encomendei para você. - ergueu as sobrancelhas.

De Repente Nós (Girafa/G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora