Capítulo 15

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Sofia assentiu e entrou discreta no banheiro, chamando pelo nome do rapaz. Comecei a reunir as bolsas, chaves, carteiras, fui colocando tudo em seu devido lugar para não haver nenhum outro imprevisto e não nos atrasarmos mais. Ouvi alguns gritos da minha filha e rapidamente reagi correndo para a porta. A moça esbarrou em mim desesperada.

- Mãe! Chama uma ambulância! O Gabi está tendo uma reação alérgica, acho que não está respirando!!

O desespero fez meu sangue gelar, fiquei estática. Sofia pegou Theo com destreza e correu para o telefone. Atravessei a entrada sentindo o ar se deslocar em meus movimentos, a cena que encontrei era assustadora.

Gabriel!

O rapaz estava caído no chão com uma toalha em volta da cintura, sem roupas, de peito aberto com o pescoço jogado para trás, implorando por ar, os olhos estava revirados para dentro, seus lábios azuis e seu rosto começara a ficar roxo. Quase escorreguei no chão molhado, nem consegui acreditar no que estava vendo.

Pior estado estava o seu corpo, repleto de manchas vermelhas, calombos e dava pequenos espasmos. Como se houvesse tomado banho em veneno puro. Parecia um defunto em seu tempo mais fresco, e morreria junto a ele se a imagem se concretizasse.

- Filho! Responda! - gritei desesperada, fui ao chão abraçando seu corpo escorregadio. - Fala comigo, minha vida, fala!!

Comecei a chorar desenfreada, seus cabelos molhando minha blusa e o mexi para ter alguma reação, não adiantou em nada o meu desespero, minhas técnicas irracionais.

Pulsação fraca... O meu filho não pode morrer!!

O deitei novamente, segurei firme o seu queixo para abrir sua boca, tapei seu nariz e conectei sua boca com a minha e soprei forte para lhe encher os pulmões de ar. O próprio ar passou com dificuldade pelas vias, precisei de ainda mais pressão no sopro seguinte. Estava cada vez mais difícil a passagem, a mesma estava se fechando por completo. Sua garganta estava quase selada.

Pus uma mão sobre a outra e entrelacei os dedos, apoiei ambas sobre o seu peito e promovi uma massagem cardíaca. Para a cada sete segundos para soprar novamente sua boca.

Por favor, eu preciso de você!

Sopro.

Não me abandona!

Sopro.

Eu prometo nunca mais te abandonar! Fica!

Dois homens entraram no banheiro às pressas, com seus uniformes azuis e uma maca laranja. Retiraram-me agarrando pelos braços, eu sinto que gritei algo, provavelmente chamando pelo nome dele, estava quase tão inconsciente quanto meu filho desmaiado no chão. Começaram a checar sua respiração aproximando o ouvido de sua boca, tocavam seu pescoço e pulso, analisaram as corizas na extensão de toda sua pele.

Era surreal, estava acontecendo tudo tão rápido e tão detalhadamente que as proporções dos fatos se comparavam a aqueles sonhos sem sentido, ou noção de espaço-tempo. Sofia andava de um lado para o outro balançando o bebê nervosa, sua pele estava pálida de estresse, minhas próprias pernas estavam fraquejando.

Os paramédicos não diziam nenhuma palavra sequer e mantinham muita calma, diferente de mim que estava arrancando os próprios cabelos, minha vontade era de abraçar meu filho. O aperto no peito insuportável não me deixara respirar sem sentir dor e culpa.

"Pulso estabilizando. Vamos levá-lo para a ambulância!"

Ambos saíram do banheiro empurrando Gabriel na maca, envolvido por cintos e um tubo de respiração na boca, apoiei-me sobre a maca falando com ele, desejando que reagisse, que me dissesse uma única palavra. Mas continuava imóvel, olhos fechados, rosto avermelhado, tudo estava pior.

De Repente Nós (Girafa/G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora