O som da porta principal ecoou pela casa ao ser fechada, alguém havia chegado...O "casal" da família finalmente deve ter chegado após o trabalho. Dei um último suspiro ao ver o pequeno adormecido e voltei para o andar de origem. José e Rafaella ainda estavam na entrada retirando os sapatos, rindo um pouco, o homem de roupa mais estilosa (típico dos músicos melosos) e a morena com suas roupas executivas, um perigo para minha sanidade, que aos poucos por amor e desejo, se esvaía pelas fantasias internas.
Kalimann ao me ver descendo enrijeceu a postura desconfortavelmente, porém me pareceu ser uma resposta natural quanto a minha imagem, pois logo relaxou e me deu um sorriso cansado e receptivo como um alívio em me ver.
- Dormiram? - perguntou carregando os sapatos na mão.
- Como anjos. - suspirei sentindo meus olhos arderem de sono. Ela me pareceu ainda mais aliviada.
- O que pediu para o jantar? - José se manifestou desabotoando a blusa.
Esse aí quebra qualquer clima.
- Pedi bife à parmegiana. - Rafaella surpreendeu-se - Espero que aproveitem.
- Não irá comer conosco? - o homem perguntou convidativo.
Peguei a jaqueta pendurada, a vesti e passei as mãos dentre os cabelos para retirá-los de seu interior.
- Oh não, eu lembrei que tenho algo a fazer. - respondi breve sem conseguir tirar os olhos da mulher.
Corou intensamente e evitou me fitar como se não estivesse vendo, quem dera poder me despedir dela agora como na última vez, com um abraço apertado, um beijo no canto da boca... Sentindo o arrepio do seu corpo como reação à carícia. Me veio água na boca ao lembrar.
- Então, até a próxima, Gizelly. - me estendeu a mão e o cumprimentei. - E muito obrigado por ter nos ajudado com as crianças. - sorriu sincero.
Estendi a mão para Rafaella e ela a olhou desconfiada, deve ter lembrado do que aconteceu anteriormente e possivelmente acontecer agora em frente ao marido deve ser um tanto desconsertante. Mas venceu o medo e tomou minha mão na sua, por minha vez, para marcar meu território, me curvei para beijar docemente sua mão.
- Adeus. - sussurrei enquanto ela me dava aquele olhar.
Aquele que me transporta de volta aos dezessete anos, que faz aquela garotinha inocente se materializar em minha frente mesmo dentre as roupas sociais e salto alto, a pureza de um anjo que está se descobrindo, os olhos de quem descobrira um sentimento novo. Eu vi. E se um ato fez tantos trejeitos se desenrolarem é porque não estou tendo devaneios, ela sentiu. Antes de tudo, ela sentiu aquela garota renascer, a mesma que ela evita como uma praga.
Retirei minhas chaves dos bolsos...
*****
Meu pescoço estava doendo, mas eu acabava por dobrar mais e mais o mesmo por não controlar o cansaço. Me encontrava dando cochilos na sala de espera em frente ao meu próprio escritório, esparramada no sofá próximo à bancada que Juliette passava seus dias trabalhando. Após me despedir de Rafaella na noite anterior não fui para meu apartamento dormir, passei a noite treinando balizas, tentando controlar a velocidade e o próprio controle do volante do meu carro. Não dormi nada, ao amanhecer tratei de vir para a GB. Vários funcionários que chegavam, olhavam estranho com problemas para reconhecer minha imagem com roupas tão joviais e estilosas.
- Senhorita Bicalho... - ouvi a voz doce acompanhada de um toque em meu rosto.
Abri meus olhos gradualmente vendo Juliette bem próxima de mim, inclinada para checar-me. Fiquei tão feliz em vê-la que a surpreendi com um selinho brusco. Deu um pulo para trás e cobriu a boca com as mãos gargalhando discreta, com minha reação ainda preguiçosa, dei um sorriso libertino.
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De Repente Nós (Girafa/G!P)
Hayran KurguO que acontece quando você acorda anos depois e descobre que sua vida mudou completamente? Aviso! Gizelly G!P