Capítulo 37

905 76 56
                                    

Estamos na reta final. Boa leitura!

1/3


(Flashback On)

"Não há tempo a perder." pensei comigo.

E foi tudo o que conseguir pensar.

*****

Espreguicei-me e esfreguei os pés, seu tato estava inútil, mal sinto os dedões pelo frio que congelava. E quanto mais ia despertando, mais ela ia subindo e subindo, fazendo-me perceber que desde muito tempo atrás estava descoberta sofrendo durante o sono pela falta de um cobertor e não somente um cobertor. Cocei os olhos, tudo que era óbvio e analisável era mais que dispensável, não se pensa logo que se acorda, apenas ações atrás de ações e o que vier a ser assimilado depois é onde a vida começa.

De visão embaçada e em ambiente muito escuro, busquei a solução do meu problema, até onde conseguia enxergar estava nua. Explicaria com todas as letras o porquê de tanto frio. Poderia me espantar, mas um problema de cada vez, primeiro a nudez, depois a localização, depois a situação. Assim vamos fazendo conforme o raciocínio retorna. De olhos pesados me levantei, estranhei o lado da cama, a sensação do piso na sola dos pés e também o perfume impregnado em tudo (nostálgico e tão em mim como uma boa lembrança). Notei que pisei nas roupas que procurava.

As fui pondo do jeito que as recolhia, apenas no intuito de me cobrir. Busquei o celular no bolso para ter uma lanterna, com seu feixe de luz passei sua claridade pelo piso, logo em seguida o subi pela parede, vi um guarda-roupa e nele um espelho que iluminou o que havia atrás de mim. Deixei a clareza subir pelos lençóis, e por fim, ajustar-se ao contorno de alguém que estava dormindo tranquilamente bem ao lado de onde eu acordara.

Não poderia ser. Eu sabia muito bem que era. Não poderia ser!

Veio-me satisfação, um prazer tão repentino vindo junto com uma necessidade; a de encontrar a porta e fazer o que havia de fazer. O dever me parecia amargo. E ela me odiaria, senti isso... Abri a porta e um pouco da luminosidade de fora entrou pelo quarto, caí em mim vendo a cena como um todo, eu precisava ir mais do que tudo. Só poderia ser isso... Um murmuro me escapou e era tudo.

*****

Fugi da casa a caminho do meu carro, decidida e por isso afoita. Ivy me ligou e eu atendi de imediato.

Ligação On

— Pensei que fôssemos discutir o destino da viagem de negócios, onde se meteu? As opções são bem distantes. Se estiver ocupada resolvo eu mesma! É emergência! Preciso de uma resposta daqui à minutos e estar dentro do avião em algumas horas!

—Vamos resolver isso logo...

(Flashback Off)

— O que houve, amor? — perguntou curiosa.

— Eu tive uma lembrança.

Por mais que as imagens fossem um tanto borradas e cortadas, de sentimentos confusos e ambíguos, estavam em tamanha vida dentro de mim que se não fossem reais estaria eu ficando louca. Eram reais. Somente um puxar assim intenso de sensações era mais que prova e definição de lembrança, e não somente um pequeno englobado de imagens criadas pela imaginação, era amplo e vívido. Caçaria o que queriam dizer ou o que faziam em tal situação, mas por enquanto vou me deliciar com o fato da melhora, depois de meses em branco me vinha uma pincelada de cor, escura e borrada, mas ainda cor.

De Repente Nós (Girafa/G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora