De Repente Nós (Girafa/G!P)

Capítulo 06

Ligação On

- Gizelly?

- Sim?

- É a Rafaella. - falou fria - Juliette confirmou sua história. - limpou a garganta e meu coração congelou - E eu tomei uma decisão.

Um nó se formou na minha garganta, a próxima sentença seria no que eu diria por definitiva, tornaria o meu caos crescente em um recomeço justo.

- E o que decidiu? - a antecipação me apertava o pescoço fraquejando minha voz.

- Saberá quando eu chegar no seu escritório para conversar a respeito.

- Oh... - a fala travou por um estante, sem julgamentos, fui pega de surpresa - Nesse exato momento estou na Flórida. - esfreguei a nuca sem jeito.

- Exatamente, a não ser que queira adiar e eu repenso o seu caso.

- Não! - implorei na exclamação - Eu chego aí antes de anoitecer, estarei lá em duas ou três horas, prometo.

- Então nos vemos em breve.

Ligação Rafa Off

Estava mais ansiosa do que nunca, se pudesse me teletransportar de volta já teria feito. Retomei a conversa anterior e meu irmão ainda estava na linha.

Ligação Caio On

- Caio, você não faz ideia do que acabou de acontecer. - pronunciei com ênfase.

- Me conte, oras!

*****

Alguns minutos de conversa com meu irmão me rendeu um pouco mais de confiança, livrou-me de grande parte da ansiedade, meu maior medo não era conseguir a aprovação de Rafaella, meu maior medo seria ver no que ela possivelmente se transformou por minha causa. Poderia dizer uma casca vazia e gélida assim como eu, ainda sim preferia acreditar que não seria o caso.

Aviões evoluíram bastante, até onde eu sei a sua capacidade de voo sofreu praticamente uma mutação, sem comentar nos celulares, aplicativos, confortos, atalhos e o poder da comunicação. Alguém como eu que não acompanhou essa evolução através do tempo passou a ficar no mínimo cem anos atrasada.

Pousamos justamente no alto do prédio, atrasada por pelo menos trinta minutos, fui tentando achar meu caminho pelos corredores ainda não explorados e recebendo reverências de pessoas que demonstravam intimidade mas que não conhecia, só acenava com um sorriso sem graça. Do nada esbarrei em alguém, muito bem conhecida por sinal.

- Senhora Bicalho, achei que não viesse mais, meus comandos são de obedecer a senhorita Moraes por enquanto. - me explicou atenciosa.

- E não está errada, eu vim para me encontrar com a Rafaella. - pus a mão em seu ombro - Aliás, obrigada pela ajuda, Juliette. - lhe fitei com olhar dócil e sorriu abobalhada me dando um abraço.

- Ela deixou você tentar uma segunda vez?

- Ela me prometeu somente uma conversa, mas deixou claro já ter uma resposta em mente. - senti meu corpo tensionar novamente.

- Preciso ir agora, boa sorte! - caminhou até o elevador apressada.

Respirei fundo quando encarei a porta do meu escritório, nenhum ruído vinha dele só a tensão da minha recepção soava aos ouvidos. Abri com cuidado sentindo meu coração acelerar e quase parou quando vi aquela silhueta magnífica sentada em uma das poltronas, pernas torneadas cruzadas, salto agulha, vestido preto com uma abertura no meio, maquiagem marcando seus olhos tentadores e cabelos ondulados brilhosos. Uma deusa estava no mesmo recinto que eu.