A porta foi aberta de forma bruta fazendo-a pular do meu colo em desespero.— Mãe!
Meu coração se não tiver parado, certamente, estava fingindo fazê-lo. A princípio pela manifestação nada silenciosa em si, posteriormente pela ameaça de um dos gêmeos ter presenciado umas das cenas mais chocantes da história de suas vidas, que nem começaram direito ainda.Que Deus me ajude!
A voz abafada que gritou, veio de uma silhueta feminina jovial, Sofia atordoada tentando lutar para livrar-se de uma espécie de casaco que fora amarrado em volta de sua cabeça bloqueando sua visão, apertando-lhe o rosto, a menina cambaleou entrando no quarto não podendo enxergar um milímetro ou raio de luz à sua frente.
— Me ajude a tirar isso! — implorou ainda batalhando pelo seu livramento.
Rafaella agiu com rapidez, sua expressão deixou claro o seu alívio, principalmente por ter voltado a respirar normalmente e sua face sair da palidez monótona. A mulher puxou a menina pelo braço e se pôs a desfazer os nós dados no tecido e o retirando. Sofia respirou em tamanha necessidade que os olhos marejaram e pôs a língua para fora.
— Você me assustou, furacão! — Rafaella exclamou brava.
Que culpa eu tenho?
— Rafa, eu não entendi o que eu fiz de errado. — fiquei na expectativa de sua explanação.
A morena me estranhou imensamente da mesma forma que eu a estranhava. Sofia foi a próxima a se pronunciar.
— Não é furacão você, mãe Gi, sou eu. — gesticulou levando as mãos ao peito.
Fazendo um cálculo derivado dos últimos momentos, sua explicação me rendeu pelo menos uns trinta casacos arramados em minha cabeça.
— Continuo sem entender. — foi só o que pude falar.
A menina vestiu o casaco rindo de mim como se eu tivesse falado alguma idiotice. Sentou-se ao meu lado praticamente se jogando na cama para me dar um abraço pra lá de carinhoso que eu retribuí docemente. Logo a mãe dela veio dar-lhe algumas beijocas na lateral de sua face, e de praxe tentou explicar melhor a situação.
— Filha, você deve lembrar que ela não se lembra... — falou suave para a menina. — Gizelly, furacão é o apelido que dei pra ela, Sofia Furacão.
— Isso mesmo, somos dois furacões, mãe. É a única coisa que temos em comum claramente além dos olhos.
Fui pega desprevenida. Além de meu sangue e meus olhos, ela ainda tem meu quase "sobrenome". Não imaginei que ela iria realmente manter sua promessa de pôr nomes de grande significado nas crianças, eu nem acreditava que poderia ter filhos. Rafaella me chamava de furacão por conta do meu jeito espalhafatoso e atrapalhado de resolver as coisas, transformar um ambiente, entre outras coisas. Me pergunto o motivo dela ter apelidado Sofia com um nome que se refere a mim. Será que foi ideia da minha família? Pena?
Permaneci em silêncio.
— De onde tirou a ideia de colocar isto na cabeça, maluquinha? Pretendia me assustar? — a morena se dirigiu novamente à Sofia e lhe fez cócegas.
— Eu posso lhe assustar sempre que eu quiser... Mas não foi ideia minha. Gabriel ganhou um monte de coisas com as bandas e cantores que gostamos, então fui ao quarto dele vasculhar um pouco as caixas com os itens. De repente ele chegou no quarto todo emburrado reclamando por eu estar "invadindo" seu espaço, pegou meu casaco, fez aquilo e foi me empurrando para fora do quarto. — suspirou ao final da oração.
VOCÊ ESTÁ LENDO
De Repente Nós (Girafa/G!P)
FanficO que acontece quando você acorda anos depois e descobre que sua vida mudou completamente? Aviso! Gizelly G!P