Capítulo 29

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Rafaella me pressionava contra a superfície com firmeza, notei com clareza a malícia em seus olhos. Usava um vestido florido, cabelo amarrado e uma presilha de lacinho, seus lábios convidativos me davam água na boca,  mas ela continuava a me manter imóvel sem poder tocá-la, prendia-me com as mãos em meus ombros e eu estava em submissão tamanha em seu toque. Seus olhos estavam fixos nos meus, eu a admirava sem entender bem suas intenções quanto suas ações, estava impecável, mas sua respiração estava ofegante como se estivesse correndo anteriormente. Desviei meu olhar observando o chão em que eu pisava, era grama verde e reluzente debaixo dos meus pés, um pouco acima vejo somente meu tronco coberto por uma camiseta branca e meu ombro nu começara a doer pelas irregularidades da superfície, meu enfitar confuso nem assimilava o que estava acontecendo.

Era um jardim vasto e muito ensolarado, as folhas voavam em câmera lenta sem se aproximar do solo, estávamos privilegiadas por uma sombra que a árvore que me apoiava, nos proporcionava. Franzi o cenho dirigindo-lhe atenção novamente, ela não reagiu de maneira alguma, continuava com a mesma expressão, a mesma respiração, me pressionando contra  a árvore com ainda mais força. Não me veio o instinto de dizer algo, somente procurei o horizonte do lugar olhando à direita e vendo ali uma estrutura estranha.

— Você me ama, Gizelly? — indagou com doçura. 

A encarei e sorri vendo o sorriso da própria, a luz filtrada pelas folhas caíam gentilmente sobre seu rosto bronzeado.

— É claro. — disse em um pouco mais que um sussurro.

Lambeu o lábio inferior e a brisa esvoaçou em seus cabelos.

— Não acredito em você. — deu de ombros.

— É verdade, Rafa, eu te amo mais do que tudo. — tentei reagir, mas ela nem me deu chance.

Negou com a cabeça e deu uma risadinha, desviou o foco de mim e perdeu-se em indagações internas.

— Rafaella, olha pra mim, eu digo a verdade. Eu te amo! — procurei ver melhor seu rosto, mas ela o desviava. — Rafaella, fale comigo. — meu sorriso sumiu dando vez a uma preocupação instintiva. — Rafa, você é o amor da minha... — lutei contra sua opressão, mas ela parecia estar dez vezes mais forte. — Você é minha deusa, minha jóia rara, tudo que mais amo na vida...

De nada adiantavam minhas palavras bonitas, ela as ouvia e as filtrava em sua ironia isolada, rindo das mesmas sem pensar duas vezes se me apunhalava no coração por isso.

— Mentirosa! — gargalhou alto.

O vento soprou forte e ficava cada vez mais frio, o sol foi sumindo recolhendo seus raios amarelos e as folhas voavam sem graciosidade indo longe como peixes mortos sendo levados pelas tempestades marítimas, o céu ficou cinza e trovejava alto. Recuei de vez sendo vítima de tudo que via, a árvore chiava alto quase sendo arrastada pelos sopros vindos do horizonte, meu estômago estava se remexendo por dentro e os espasmos de minha goela preparando o meu provocar, era náusea pura com salpicadas de terror.

— Rafa... — lhe pedi socorro.

— Mentirosa!!! — gritou com ódio.

Arregalei os olhos e me debati tentando fraquejar seus braços. Um zunido surgiu vindo dos céus, pareciam milhões de asas batendo, junto com eles uma trovoada forte estremecendo minhas estruturas, uma gota d'água caiu na minha testa, logo mais outra e mais outra e incontáveis mais pelo meu corpo, era uma tempestade se aproximando, as carregadas nuvens precipitavam-se sobre nossas cabeças, tremi de frio. Fechei os olhos com força e rezei pra que acabasse.

De Repente Nós (Girafa/G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora