Capitulo 14

2.4K 226 44
                                    

Elijah

 Desde que eu acordei muitas coisas tem caído sobre mim. Meu pai disse ter uma filha com a caçadora de herança, minhas afilhadas estão enormes e eu a vi. De todas as surpresas ela foi a melhor. Ela está linda, mais do que sempre. A ultima lembrança que tenho dela, é nós dois na cozinha de Alie e Matt depois do batizado de Valentina e Samara. Meu coração ainda se comporta da mesma maneira, ele ainda bateu acelerado e eu senti um estranho vazio no meu peito.  Marissa disse que nós namoramos, e foi a coisa mais inacreditavel que eu já ouvi. Mas ela pareceu tão triste com tudo.


 Já recebi alta do hospital, estou indo de volta a minha casa, já faz dois dias que não consigo dormir direito, talvez pela cama de hospital não ser tão confortável. Meu pai me buscou e está me levando para casa, ainda não tive a conversa sobre seu bebê e acredito que eu não tenha nenhum argumento para nenhum assunto. Vou tentar levar a vida normal aceitando o que minha cabeça quiser até que eu recupere a memória.


 Não pretendo forçar nada. Meu pai para o carro na garagem e nós subimos até a cobertura, ele está trabalhando duro esses dias, então ele apenas me deixa na porta. Latidos ecoam pelo corredor. Mas eu não me lembro dos meus vizinhos tendo cachorros, porem eu não me lembro de nada mesmo. Eu abro a porta e uma criaturinha engraçada e feia corre até mim. Eu fico olhando sem entender o que ele faz aqui. Ele se acalma e inclina a cabeça, como se esperasse algo. Eu o encaro tentando entender a situação.


— Meu filho, que bom que está de volta. — Anna vem até mim e me abraça forte.

— Não sabia que gostava de cachorros. — Anna esteve comigo no hospital até hoje de manhã.

— Esse cachorro é seu. — Ela diz me acompanhando até o sofá da sala.

— Meu? Por que eu teria um cachorro?

— Você comprou pra Marissa, mas se apaixonou por ele e o deixou aqui com você. Desculpe, não quero confundir a sua cabeça. — Eu me sento e apoio a cabeça na mão e o cotovelo no joelho. Não sei como vou sobreviver sem poder usar o braço direito por enquanto.

— Por que tudo tem que ser tão difícil Anna?

— Nada com você é fácil, Elijah. — O cachorro está parado de frente a mim me olhando curioso. Eu rio. Imagino por que eu me apaixonei por ele. Eu o seguro e o levanto até o meu colo. Vejo a medalha em sua coleira.

— Marel?

— Mar de Marissa, El de Elijah. — Eu rio. isso é bem a minha cara.

— Anna eu preciso de um conselho de mãe. O que você acha que devo fazer? — O cachorro se mexe e eu quase o derrubo, mas então o ajeito no meu colo.


— Você sabe que não sou medica e que não sei o que faria nessa situação. Mas nos filmes quem perde a memória, sempre tenta reviver as coisas para talvez lembrar. — Eu dou uma olhada pelo meu apartamento, reconhecendo grande parte dele, até que eu avisto uma grande moldura. Eu seguro o pug no colo e vou até ela, é algo realmente grandioso, e me pergunto por que coloquei algo colorido na minha sala que esteve por tanto tempo em branco.


 Meu coração novamente se aperta, e por algum motivo desconhecido eu me sinto triste e culpado. Vejo muitas fotos, minhas e de Marissa. Fotos com Valentina e Samara no que parece ser o meu iate, fotos de nós quatro no meu carro, eu, ela e o cachorro, nós três fantasiados. Eu parecia realmente feliz nessas. Sorrio ao ver que em uma delas Valentina me sufoca com seus bracinhos em meu pescoço enquanto Marissa ri. Levanto a mão para toca-las. Esse cara nem parece eu, ele é igual a mim, mas seu rosto é tão alegre, nada como me lembro de mim, muito menos  nada parecido com que sou agora.

Desistindo do ParaísoOnde histórias criam vida. Descubra agora