Bônus

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ELIJAH 

Nunca pensei que essa vida de pai e marido fosse tão boa. Chegar em casa cansado do trabalho e terseus filhos te esperando é simplesmente reconfortante. Marissa continua trabalhando apesar de euimplorar todos os dias pra ela se dedicar só aos nossos filhos. Mas ela teimosa e independente e maravilhosa como sempre foi, preferetrabalhar e deixa-los com Anna. Claro que ela cuida dos meus filhos como se fossem dela. Marissatambém é uma ótima mãe.

 Tenho três filhos lindos. A mais bonita é Isabel que é a cara da mãe, claro queos outros dois são lindos também, mas Isabel é o meu anjinho fofo de olhos azuis.Lembro-me como se fosse hoje a noticia de ser pai pela primeira vez. Primeiro achei que fosse ter um AVC ou um ataquefulminante no coração. Fugi, perdi a menoria, recuperei e então eu pensei que tudo o que eu poderiaquerer naquele momento era uma criança minha e dela. Porra, por que sempre era  ser tão complicado comigo.

Marissa foi tudo o que eu precisei pra voltar a serfeliz. Tudo começou muito bem, em todas as vezes Marissa tinha desejos na madrugada, se sentia enjoada e jogava coisasem mim nas duas ultimas, mas sobrevivi. Quando nosso primeiro filho nasceu, a historia foi complicada, mas no segundo  eu estava lá segurando a sua mão enquantoela a apertava quase a quebrando e me xingava. 

Então quando vi aquela coisa saindo de dentro dela fui ao chão. É, foi difícil assumir para os amigos queeu caí desacordado com todos os meus 1,88m de altura e aquele peso e aquela idade, mas é melhoresquecer desse detalhe. Então quando a enfermeira me acordou e eu piscando os olhos devagar lá estava ela. A única mulher que eu amei depois da minha mãe, segurando mais um bebêenrolado num lençol azul, ele era avermelhado e os olhinhos estavam fechados, mas Marissa irradiava umsorriso tão alegre que aconteceu a segunda coisa mais estranha; eu chorar de felicidade. Chorei com Otavio é claro, mas a situação era completamente diferentes. 

Chorei sim,chorei como um desesperado, eu tentava, mas as lagrimas não cessavam. Não achava que isso aconteceria da segunda vez, me achava o pai fodão.  Meu rosto doendo de tanto sorrir e os olhos inchados de tanto chorar. Aquele foi realmente osegundo melhor dia da minha vida. 

 Quando virei pai meu mundo deu uma volta de 360º. Tudo se tornou um inferno bom. Inferno por que Otávionos acordava toda madrugada e Marissa me obrigava a busca-lo para junto de nós. Ele entãodormiu esse tempo todo conosco. Quando Arthur nasceu, a mesma coisa e agora com a Bel tudose multiplicou. Não importa o quanto tentamos, todos os dias eles dormem na nossa cama.Quando estão roncando os levamos para seus devidos quartos, mas como mágica quandoacordamos pela manhã estão todos enrolados em nós. Sim amigos, adeus costume lindo dedormir pelado. E o sexo? Acredite. Quarto de hospedes. Ou então saímos de casa. 

Uma vez marcamos um fim de semana no Caribe, férias de casal. Deixamos as crianças comAnna e simplesmente fomos, mas duas horas depois de estarmos no caribe começamos a pensaro quanto Otavio amaria mergulhar nas águas claras, ou o quanto Arthur gostaria de caçar insetosna floresta, ou o quanto o azul do mar era da cor dos olhos de Isabel. O que fizemos? Mandamosbusca-los. E foi o melhor fim de semana da minha vida. Ver os sorrisos nos olhos dos meus filhosé como encher o meu coração. Sou pai. Um bom pai. Quem diria... 

Estaciono o carro na garagem do nosso prédio. Ainda moro no mesmo lugar, não abandonaria meu jardimpor nada. Minha sala de games agora é dominada pelos meus dois reis, sim, coloquei nomes de reis nosmeus filhos. Marissa lutou por um tempo, mas ela tem que reconhecer que eu gosto disso.Otavio é o mais velho, ele é como se fosse um desenho mais trabalhado meu, Arthur é o do meio que medá mais trabalho. 

O menino gosta de fazer as coisas mais idiotas, adora caçar sapos e outros bichos no jardim, brincar com coisas indevidas e perigosas. Bel é a minha rainha, os amo mais que a minha própriavida, mas como não poderia? Estão sempre pendurados a mim. 

Subo o elevador e paro no meu andar. Estranhamente o lugar está vazio e silencioso. Chamo a todos,mas ninguém responde. Assovio por que sei que o meu fiel companheiro velhinho está por aqui. E o vejo vindo correndo com as unhas arranhando o piso.Marel usa um chapéu de aniversario de papel. E de repente o canto começa. Os parabéns vindo de longe.Vejo os quatro descendo as escadas. Marissa segurando o bolo e os meus filhos batendo palmas todoscom chapéu de aniversario. Bel sorri como se o aniversario fosse dela. Otavio bate palmas e da um tapana cabeça de Arthur que por sua vez segura o sapo de estimação chamado Apolo nas mãos. 

Eu sorriocomo o bobo filho da mãe sortudo que eu sou. Quando estão com os pés no andar eu me ajoelho pra queeles façam o que fazem todos os dias. Deem-me o grande abraço apertado. Eles fazem, me abraçamme deixando sem ar. Bel me dá um selinho na boca e depois minha linda esposa me beija também.

— Feiz anivesálio papai. — Bel me diz encostando-se a mim. Eu beijo o topo da sua cabeça. Ela me entregaum pacote e eu abro. Dentro está uma espécie de pintura ainda derramando tinta como se tivesseacabado de pintar. No papel escorrendo tinta  estamos desenhados em pontos e riscos. Estão até Marel nochão e Apolo na minha cabeça na pintura. 

— Está lindo meu amor. — A digo lhe  dando vários beijos  enquanto ela gargalha.  

— Ela vai ser artista que nem você papai. Esse é o meu presente. — Otavio me entrega o seu pacote. Abro enele está uma camisa branca com uma foto deles três. 

—  Amei o seu presente, campeão. — Beijo sua cabeça e ele me sorri. 

— Ta aqui o meu, Papai. — Arthur me entrega o seu. Abro cuidadosamente e nele está uma caixa transparentecom uma tarântula dentro. Bel grita e corre pra trás de Marissa. Ele sorri adorando aquilo.

—  Meu Deus Arthur. — Eu sorrio e o abraço. Mesmo tendo a certeza que amanhã darei um fim nessaaranha. — Obrigado, filho. — Eu acho. 

—  Aqui o meu, meu amor! — Marissa então me entrega o menor pacote com o sorrisinho no rosto. O que ela poderia me dar? Já tenho tudo que eu quero. Eu abro sorrindo sem ter nenhumanoção do que seja. Talvez um anel, ou outra joia, o pacote é pequeno. Quando retiro o "presente" do pacote meus olhos ficam aum segundo de sair da caixa. 

Aquele pequeno objeto demoníaco de plástico rosado. Um teste de gravidez, mais um. E ele está comaqueles dois risquinhos vermelhos indicando que eu vou ter um quarto filho. Então eu penso nas noites maldormidas, na quase extinção do sexo, na gravida louca que ela se torna,  no excesso de paciência. No estresse diário para leva-los a escola... Penso em mil coisas. Marissa me olha em alerta, meus filhosnão entendem o porquê da minha seriedade. Eu então levanto e começo a gritar abraçando-a. 

—  Você tem uma fabrica de bebês na sua barriga? — Eu a pergunto a beijando. Nós estamos velhos e ainda procriando. 

— Creio que sim. —Ela responde sorrindo.

— Então temos que aumentar a produção. — Digo e ela se tranquiliza. Quero mais dez se for possível. 

— Estamos grávidos? — Arthur pergunta. 

— Estamos. — Eu digo e os meus três filhos nos abraçam. Isabel sorri alegremente, mesmo sem entender. 

— Amo vocês. —  Digo a eles. Nunca poderia estar mais feliz, vou ter uma família gigante.


Mais uma vez obrigada, espero que tenham gostado. Esse bônus está escrito desde 2014. Vou incluir mais um ou dois epílogos para a versão do Amazon. Abraços e mil beijos! 

Desistindo do ParaísoOnde histórias criam vida. Descubra agora