Capítulo 30

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Ai gente, nem ia postar agora. Mas acho que devo isso a vocês né? Falta só um pouquinho agora.

Elijah

                    Um grande silencio se instala na minha cabeça. Meu cérebro foi desligado. Meu filho pode não estar mais vivo e minha mulher pode não sobreviver a cirurgia. Eu estou na droga do inferno. Lugar onde eu jurava já ter estado antes, mas nada que eu ou alguém possa viver seria pior do que isso. Perder o amor da sua vida e o seu filho de uma unica vez. Droga, isso nunca esteve proximo nem mesmo nos meus pesadelos.  Não, eu realmente estarei no inferno se alguma coisa acontecer. Alie me olha como se eu tivesse uma abobora na cabeça. Matt saiu quase junto com o médico ha cinco minutos atrás. 

— Elijah. — Vejo a Dra. Lana cruzando as portas. Seus olhos não me perdem se quer por um milésimo de segundo. 

— Você sabe o que aconteceu? — Ela pergunta.

— Não, eu cheguei em casa e ela estava deitada na cama, eu a chamei e tentei acorda-la, foi então que vi o sangue. — Explico pela milésima vez. Com as mãos na cabeça revivendo a cena.

— Isso é muito estranho, Os exames estavam normais, o bebê não corria nenhum perigo. Não vejo explicação lógica para isso acontecer. 

— Só espero que ela saia viva da sala de cirurgia, e Otávio também, não posso perder nenhum dos dois. 

  — Já peguei o status do atendimento inicial, vou ver como está a atual situação.  Venho lhe informar a qualquer momento. — Acompanho a Dra. Lana até que ela saia pelas portas e então volto a me sentar na cadeira da sala de espera. 

É tão desolador observar as coisas se desmoronarem na minha frente sem poder fazer nada  a respeito. Tudo esteve sempre ao meu alcance, sempre tive meu destino na minha mão. Decidi tudo que pude na minha vida, qual seria  a minha profissão, quais carros comprar, para onde ir, quando sair, quando ficar, sempre decidi todas essas merdas. Só houveram duas coisas que não pude escolher ou planejar.  A mulher a quem eu viria a amar e o filho que ela me daria.

O turbilhão daquela fodida sensação me rodeava. Achei que nunca iria sentir isso de novo e hoje tudo volta a me assombrar. Volta tão forte quanto da primeira vez que estive no hospital rezando para que a minha mãe sobrevivesse. Parece uma espécie de maldiçao. Meu sonho de ser pai, que nunca havia sido um sonho até se tornar real. Realidade que eu aprendi a amar, a esperar e a desejar como nunca havia desejado nada antes na minha vida miserável.

Ver minha mãe partir havia sido até agora a pior coisa que já me aconteceu, mas eu juro pelos céus que se os dois forem tirados de mim também eu não sobreviverei. É como ser quebrado  e estraçalhado até virar poeira. Nunca fui pessimista, mas nesse momento eu me agarro a cada fio de esperança a que posso me segurar. 

Eu estou de cabeça baixa segurando minhas têmporas como se elas fossem explodir, sinto dor atrás dos olhos e o coração está tão pesado que as vezes posso senti-lo debaixo do meu pé. Eu observo tudo ao meu redor, o sangue que mancha a minha camisa e calça começa a secar, Mesmo que eu esteja tentando ter fé e esperança eu simplesmente não consigo. 

—  Elijah , você quer uma água?  Alie pergunta e eu apenas nego com a cabeça. Nesse exato momento vejo meu pai e meu primo entrando pela porta. Me sinto um garoto de dez anos quando levanto e vou até ele. Seu rosto está desolado também. Eu o abraço apertado e ele me devolve com ternura. Bryce me abraça de lado também. 

  — Não se preocupe, filho! Tudo vai ficar bem. —  Ele me diz beijando meu rosto. Eu me sinto tão bem por estar em seus braços. Ele me carrega até as cadeiras e nós sentamos lado a lado. Deito minha cabeça em seu peito chorando e eu percebo que tenho sido um idiota com ele ha tanto tempo. 

Desistindo do ParaísoOnde histórias criam vida. Descubra agora