Ter câncer de pulmão aos quinze anos e ter que morar em um hospital podem ser as piores coisas na vida de Shivani Paliwal.
Ela é uma garota que já perdeu todas as esperanças possíveis de se livrar do câncer por conta dos últimos transplantes terem...
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Menti para a Shiv hoje, e acho que é a primeira vez que me sinto tão mal por ter feito isso.
A minha médica veio antes do tratamento e disse que não adiantava mais, não tenho mais nenhuma chance. E agora eu só tenho mais dois meses, isso se o transplante vier antes, mas é impossível. Então, eu só tenho mais dois meses de vida.
É claro o motivo que não contei a ela. Conversamos sobre termos medo de morrer e sei que se eu morrer, vai ser péssimo para a Shiv, e a mesma coisa se fosse ao contrário. E bom, ela também teve uma notícia ruim hoje, não poderia falar a respeito disso.
Meu celular vibra e vejo que meu pai está me ligando. Nada mais pode dar errado depois disso.
———— Oi, pai.
———— Oi, filho.. eu sinto muito, não vou poder ir te ver de novo.
É a terceira vez nesse mês que ele não vem. Eu queria muito que meu pai viesse porque eu preciso de um apoio agora e não pode ser minha irmã.
———— Na verdade, será que você poderia vir hoje ao invés do final de semana? Eu preciso muito conversar com você.
———— O que aconteceu? É muito sério?
Não consigo acreditar que escutei isso, mas preferi ignorar.
———— É, você pode vir?
———— Posso. Você vai querer ver a Sabina dessa vez?
Eu não tinha pensado nisso ainda, será que era uma boa ideia? Posso me arrepender de não ver ela, mas ao mesmo tempo, posso me arrepender de ver ela.
———— Não. Combinei que iria falar com ela outro dia.
Sou um grande mentiroso. Menti para a Shiv e para o meu pai. Mas eu não consigo lidar com tudo isso agora.
———— Tudo bem.
Desligou a chamada. Tive que arrumar as minhas coisas porque meu pai não podia ver que eu realmente estou destruído. Na verdade, nem sei por onde começar para falar sobre isso.
Andei de um lado para o outro, pensando em como posso falar de um jeito que pareça... que eu não esteja tão destruído.
———— Pai... vou morrer em dois meses. Não, esse é péssimo. Pai, tenho dois meses de vida. Esse também não é bom.
Meu pai demora dez minutos para chegar aqui, então meu tempo já estava acabando. E eu tive certeza disso quando ele bateu na porta do quarto.
———— O que aconteceu?
———— Será que você pode sentar? ———— questiono.
Se sentou na ponta da maca e eu me sentei ao seu lado. Já esqueci tudo que tinha pensado em dizer, droga. Talvez eu possa mentir de novo e dizer que só estava com saudades dele.
———— Estou ficando preocupado, filho.
Suspirei fundo.
———— A minha médica falou que o tratamento não está mais me ajudando.
———— Eu... filho, eu já sabia disso. Eu estava com você.
Pela segunda vez nesse mês, eu queria chorar até que esse quarto virasse um oceano para eu me afogar logo e morrer.
———— Mas dessa vez, é diferente, tenho dois meses, pai.
———— Como assim?
Não soube mais o que dizer, eu só precisava chorar e fingir que nunca recebi essa notícia. Meu pai pode ser péssimo quando ele quer, mas me abraçou e ficou falando que ia ficar tudo bem.
———— Você vai conseguir o transplante, tudo bem? Está me ouvindo? Esse transplante vai chegar e tudo vai ficar bem.
Assenti, mesmo sabendo que era mentira. Eu realmente queria que tudo ficasse tudo bem.
