Ter câncer de pulmão aos quinze anos e ter que morar em um hospital podem ser as piores coisas na vida de Shivani Paliwal.
Ela é uma garota que já perdeu todas as esperanças possíveis de se livrar do câncer por conta dos últimos transplantes terem...
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Estava no escuro, não sei o que está acontecendo. Quase não consigo enxergar nada, a não ser por um luz branca em um tipo de fim de túnel. Sei exatamente quem é.
———— Mãe?
Eu estou ficando louco. Eu estou ficando louco.
É impossível de que isso seja real, não pode ser que eu esteja vendo minha mãe. E querendo ou não, eu só consigo pensar em uma única opção para isso estar acontecendo.
———— Eu... morri?
———— Não, filho. Você está bem. Você conseguiu.
———— O que eu consegui?
———— Você vai saber quando acordar. Vou estar aqui com você. ———— segurou minha mão.
———— Para onde você vai?
———— Não importa, vou continuar com você sempre.
Ela sumiu. É impossível que ela tenha sumido de repente, sei que a vi. Mas não durou nada, foi como uma última despedida.
Meus olhos se abriram lentamente. A luz branca do teto invade minha visão, quero saber o que está acontecendo. Percebo que Sabina segurava minha mão tão forte que pensei que ela fosse arrancar. Afinal, o que ela estava fazendo aqui?
———— Aí meu Deus, você acordou. Pai, chama a médica!
Estava tudo tão confuso. Preciso ver Shiv, onde ela estava? Por que ninguém me diz o que está acontecendo?
———— Como você está?
Se eu ao menos soubesse o que estivesse acontecendo, eu poderia dizer como eu me sentia.
———— Vamos fazer o seguinte, pisca uma vez para "sim" e duas vezes para "não". Você se lembra do que aconteceu?
Pisquei duas vezes. Quero ver Shiv, o transplante dela era ontem, quero saber como ela está.
Mesmo estando tão cansado, tentei fazer algum sinal com minha mão dizendo que queria escrever.
———— Não é o melhor momento.
———— Claro que é, pode ser algo importante. ———— foi a primeira vez que ouvi meu pai falar desde que acordei.
A médica me alcançou uma folha e uma caneta. Tentei escrever, mas não é tão fácil quanto parecia. A caneta escorregava da minha mão.
Quando finalmente consigo escrever "S", tenho certeza de que ela vai entender. Dessa vez, fiquei aliviado.
Mas então, percebo que até agora, eu não sei o que aconteceu. Não sei o que minha irmã está fazendo aqui. Não sei nada.
———— Tudo bem, vou ver o que eu posso fazer.
Sabina volta a segurar minha mão. Sei que ela está preocupada e é minha irmã, mas não significa que eu não esteja bravo com ela. Talvez realmente estivesse arrependida.
———— Está tudo bem agora. Deu tudo certo.
O que ela quer dizer com isso? Que droga, por que ninguém ainda não me disse o que está acontecendo?
Olho para a porta, Shiv está aqui. Estou tranquilo agora. Só preciso ver ela.
———— Como você está?
Apertei sua mão. Peguei a caneta e desenhei um coração, junto com um ponto de interrogação.
———— Não fiz o transplante.
Como assim?
———— Você fez.
Apertei sua mão de novo. Não estou entendendo.
———— Deixei de fazer o transplante para você poder fazer. Você precisava muito mais que eu.
Quero chorar. Não acredito que ela fez isso. O transplante era para ser dela.
———— Está tudo bem.
Claro que não está. É impossível achar que tudo está bem.
Se aproximou e depositou um beijo na minha testa. Depois sussurrou:
———— Vou precisar ir, prometo vir amanhã. Tenta descansar, por favor.
E quando ela saiu, percebi que isso tudo foi real mesmo. Consegui o transplante.
