. . . . . ╰──╮ 39. Ayana╭──╯. . . . .

72 13 147
                                    

E então eu choro às vezes
quando estou deitada na cama
Só para me livrar disso tudo
que está na minha cabeça
E estou me sentindo um tanto esquisita
4 Non Blondes - What's Up

━━━━━━━━━━ ~DM~ ━━━━━━━━━━

"Afogar as mágoas pelo visto é algo que não vale a pena, as mágoas ficam presentes mesmo quando estamos sem ar nos pulmões." (Diário de Ayana)

━━━━━━━━━━ ~DM~ ━━━━━━━━━━

O rum acabou me deixando de bom humor. Olhei para a garrafa vazia na minha mão e xinguei baixo. Talvez tivesse mais na cozinha.

Me levantei cambaleando, eu nem sabia que hora era, mas sabia que a reunião de Kai já havia terminado fazia bastante tempo.

– Maldito arrogante – eu ri ao falar alto. Minha voz estava engraçada. Nunca tinha bebido tanto na minha vida.

Andei com dificuldade pelos corredores. O chão não ficava quieto para eu andar direito, mas aquilo também me fazia graça.

– Ei, você sempre esteve aqui? – olhei para um quadro de um homem feio e comecei a rir de novo. Nem notei que a garrafa de bebida seguia na minha mão.

Voltei a andar, mas não lembrava onde ficava a cozinha. Virei um corredor mais estreito, já estava quase tudo escuro e o som dos meus passos eram engraçados. Então eu comecei a ouvir sons abafados e uma respiração alterada e fiquei curiosa.

Aquilo também me fez graça. Segui o som e foi assim que me deparei com as costas de um homem de cabelo longo e negro agarrado da Aylin. Eu primeiro fiquei olhando a cena, eles nem pareciam ter me notado. Demorei alguns segundos para entender o que estava acontecendo e quando entendi senti meu coração acelerar. Eu não deveria estar vendo aquilo. Tentei virar o corpo, mas o chão saiu do lugar de novo e eu caí. A queda me fez rir como louca e a garrafa da minha mão se quebrou. Olhei para o braço e vi um corte pingando em vermelho e ri ainda mais. Até que meu sangue era bonito. Fiquei ali olhando o sangue pingando na minha testa até sentir o braço cansar e o deixei cair para o lado.

Tentei me levantar, uma tentativa falha das primeiras vezes, mas enfim consegui ficar em pé. A vontade de rir estava cada vez maior.

– Droga, ela está completamente bêbada – a voz do Yugo ficou forte e levantei os olhos para tentar ver onde ele estava.

Era difícil enxergar bem.

– Vocês têm rum? – perguntei mostrando a ponta da garrafa que ainda estava na minha mão – o meu acabou.

– Acho que já deu para você, Ayana – Aylin se aproximou – melhor parar de beber. Vamos cuidar desse braço.

– Não – me desvencilhei dela – eu quero mais rum – olhei para o chão que parecia continuar se movimentando e ri de novo – o chão está estranho. Ele sempre foi assim?

Tentei seguir em frente e escutei um dos dois suspirando alto, mas não parei. Andei, andei e andei e acabei saindo do castelo. A luz do fim da tarde estava quase sumindo. Olhei ao redor e não vi nada. Talvez eu pudesse achar uma taberna qualquer. Olhei para a garrafa quebrada na minha mão e estudei o sangue seco que tinha escorrido pelo meu braço em algum momento. Kai ficaria furioso.

Dois mundosOnde histórias criam vida. Descubra agora