. . . . . ╰──╮ 54. Kai╭──╯. . . . .

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Numa longa estrada sem fim
Você está em silêncio ao meu lado
Conduzindo um pesadelo do qual não posso escapar
Rezando sem esperança, a luz não está apagando
Escondendo o choque e o frio em meus ossos
Eles te levaram em uma mesa
Caminho para lá e para cá enquanto você está imóvel
Eles te pegam para sentir seus batimentos
Você pode me ouvir gritando: Por favor, não me deixe?
Hold On -Chord Overstreet

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"Você me ensinou muito sobre mim mesma, eu cresci e me senti importante. Me senti livre para ser finalmente eu mesma e com a sua ajuda eu quebrei meus próprios paradigmas." (Continuação da carta deixada para Kai no fim do diário de Ayana)

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Eu via determinação em seus olhos e sabia que não adiantava discutir com ela. Eu já tinha visto aquele olhar antes e isso significava que ela estava decidida.

Mesmo que eu pudesse convencê-la a fugir, então tudo o que ela defendeu e viveu seria destruído. Eu sabia que eu não poderia fazer aquilo com ela. Era difícil aceitar que eu a perderia e perderia junto meus filhos..., mas eu não poderia impedi-la.

– Promete – falei com a voz falha – promete que vai falar para os nossos filhos o quanto eu os amo? Promete que do outro lado, não vai deixar que eles se esqueçam disso?

– Eu prometo – ela sorriu tristemente – me desculpe, Kai.

– Não se desculpe – falei sentindo pouco a pouco o vazio se instalar dentro de mim – eu te admiro, por lutar por aquilo que você acredita e vou lutar para que isso se mantenha vivo.

Kazama soltou uma gargalhada, mas depois sorriu de verdade.

– Vocês seriam de fato, uma bela família – ele falou tranquilamente – mas como poderia uma marca maldita ser feliz em uma família? Eles não são nem um e nem outro, nem humanos e nem lâmias... filhos dos deuses são apenas um nada – ele pegou uma pétala caindo e acariciou-a distraidamente com um dedo – Apesar de eu estar feliz pelo desafio, você está destinada a simplesmente murchar e morrer como essa pétala. Como isso poderia terminar de outra maneira? Você joga sua vida fora tão facilmente, assim como essas flores de cerejeira.

Meu coração bateu mais rapido pela raiva que eu senti, porque ele estava certo. Por mais lindas que fossem as flores, a morte e a decadência as levavam muito rapidamente e a morte logo estaria ali para reivindicar Ayana também.

– Não estou jogando minha vida fora – Ayana respondeu de maneira firme, mas calma – Há muitas coisas que eu quero proteger. A vida de um guerreiro não é fácil.

Havia a sugestão de um sorriso brincando nos lábios dela. Tive medo das minhas pernas cederem naquele momento. Ela parecia tão calma, tão certa do que tinha que fazer, enquanto eu seguia apenas sentindo como se estivesse me afogando, sem conseguir alcançá-la, como nos últimos sonhos que eu tive.

Sem que eu percebesse, Yugo já estava do meu lado de novo me oferecendo apoio. Aylin estava ali também... no fim, eles voltaram para mim como bons amigos, como sempre tinham sido.

Kazama olhou cuidadosamente para Ayana por vários segundos antes de finalmente falar.

– Talvez o nome "filha dos deuses" não combine mais com você. A vida que você se esforçou para viver não é a de um "nada" – não havia nenhum indício de desprezo em suas palavras – você não é um ser humano e não é uma lâmia, você é a verdadeira Athena. Eu retiro todas as vezes que te chamei de nada.

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