. . . . . ╰──╮ 9. Kai ╭──╯. . . . .

88 18 119
                                    

Continue respirando e respirando e respirando e respirando
Eu sei que preciso, preciso continuar respirando
Continue respirando e respirando e respirando e respirando
Eu sei que preciso, preciso continuar respirando, sim
Breathin – Ariana Grande

【န ━━━━━━━━━━ ~DနM~ ━━━━━━━━━━ န】

"Eu só precisava de uma coisa para ser salva e pelo visto ele tinha um nome" (Diário de Ayana)

【န ━━━━━━━━━━ ~DနM~ ━━━━━━━━━━ န】

Após tentar reanimar Ayana, torcendo para que eu estivesse fazendo tudo certo, vi com alívio seu peito subir e baixar sozinho. Poucos segundos depois ela abriu os olhos e tossiu de maneira desesperada, vomitando toda a água que havia inalado. A quantidade de água era incrivelmente grande. O som de seu corpo tentando expulsar toda aquela quantidade de líquido me fez arrepiar, mas senti o corpo caindo sentado pelo alívio que a ver viva me trouxe.

Quando ela voltou a cair para trás, ela seguia respirando, mas talvez seu corpo estivesse cansado. A energia gasta em uma sobrevivência daquela tinha que ser incrível.

Olhei para o outro lado da barreira esperando ver o navio que eu havia saltado, mas não pude ver nada além de uma barreira de luz extremamente mais forte do que estava há pouco tempo.

Mesmo com o alívio tomando meu corpo por ter chegado a tempo até ela e o peso do corpo aumentando a cada movimento, eu novamente me aproximei dela. Ela estava gelada. Olhei para o céu, não havia sol, mas também não estava realmente frio, o que era um bom sinal. A virei para o lado direito, seus lábios estavam um pouco pálidos.

Droga, ela iria me matar provavelmente, mas deixá-la com as roupas molhadas do jeito que ela estava não parecia uma boa ideia.

Tentei remar sozinho para o seu navio tentando achar uma saída desesperada para não ter que a despir, mesmo assim eu não era perito nisso e para o meu desespero, tudo o que eu via era a imensidão de águas e mais águas. Em um espaço tão curto e já estávamos perdidos e eu simplesmente não conseguia entender o como aquilo tinha acontecido. Tentei me manter calmo e olhei para ela de novo. Sua boca estava mais pálida e ela havia voltado a desmaiar ou a dormir, eu não conseguia saber. Vi novamente sua respiração e seus batimentos cardíacos para ter certeza de que seguiam ali.

Ela teria que me perdoar, pelo menos isso as ruas me deram de aprendizado. Tirei sua camisa molhada e sua calça. A deixei apenas com sua roupa interior. Segurei a respiração ao ver uma grande ferida em seu abdômen. Não parecia fundo, mas boa parte da sua pele havia sido desgarrada na região lateral esquerda. Tentei não pensar naquilo, eu não poderia fazer nada para ajudá-la em relação a seu ferimento, mas poderia mantê-la aquecida.

– Droga, vê se não morre, entendeu? – falei mesmo sabendo que ela não ia ouvir – não me faça ficar nesse inferno de lado da barreira sozinho depois de ter tentado te salvar.

Mesmo que eu tentasse colocar raiva na voz, até mesmo eu podia notar o desespero em cada palavra dita. Tirei a minha camisa com rapidez, pelo menos o esforço tinha me deixado com calor, apesar da minha pele estar levemente gelada ainda por conta da roupa molhada. Fiz pequenas massagens nos pés e mãos delas, com pequenos movimentos friccionais e quando senti meu corpo um pouco mais quente, me deitei ao seu lado e a abracei.

O calor do meu corpo passava para o seu e algumas vezes eu tentava fazer pequenas massagens de fricção para ajudar. Seu corpo pouco a pouco foi se aquecendo, sua respiração pouco a pouco foi normalizando e inclusive pude sentir como seu corpo relaxava de alguma maneira.

– Isso mesmo – sussurrei – nada de morrer aqui, moça.

Falei outras coisas sem sentido para ela, talvez pelo próprio medo de ficar sozinho naquelas águas, ou talvez pelo medo de que ela não acordasse. Falei de Vixen, falei das ruas, dos jogos e dos meus amigos. Falei até ser tomado enfim pelo cansaço.

Dois mundosOnde histórias criam vida. Descubra agora