. . . . . ╰──╮ 28. Kai╭──╯. . . . .

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Eu posso dizer pelos seus olhos
Que você provavelmente esteve sempre chorando
E as estrelas no céu não significam nada
Para você, elas são um espelho
I Don't Talk About It – Rod Stewart

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"Você e Hagne levaram minha alma junto quando partiram sem mim e não sei como sair do nada em que me encontro" (Desabafo em forma de carta escrita por Ayana)

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Ver Ayana quebrada na minha frente era doloroso. Ela em geral era dura, mantinha seus sentimentos bem ocultos e manejava bem toda aquela situação em que estava.

Eu sabia pouco sobre ela, mas não havia dúvidas de que era uma mulher realmente inspiradora para todos que a seguiam. No campo de batalha ela era tão rara quanto uma pedra de painita, mas eu notava a mulher incrível que ela era também ali na capital.

Quando nos separamos no cemitério, ela voltou a estar distante. Fez uma reverência e parecia não querer se dar tempo para o luto.

Em pouco tempo ela conseguiu a melhor suíte para mim ainda que eu falasse que não era necessário. Conseguiu boas roupas e um bom banho, esse sim sem dúvidas eu queria.

Antes mesmo que terminasse o dia ela já havia ido atrás do sacerdote e me levou até ele para que ele fizesse um selo para que eu ultrapassasse a barreira. O selo ficaria pronto em uns 15 dias.

– Ah – lorde Daneel chegou sério – finalmente estou tendo a honra de conhecê-lo, majestade.

Apesar de seus bons modos, ele não se curvou. Conseguia ver sua pose orgulhosa e inclusive arrogante mesmo que estivesse longe. Ele havia chegado com Ayana.

Eu estava em um salão comum, olhando para o nada e pensando no giro inesperado que minha vida tinha dado desde que eu atravessei a barreira. Eles me tirarem dos meus pensamentos foi um alívio, mas me deixou ansioso também.

– Majestade – Ayana se curvou enquanto falava formalmente – Este é lorde Daneel. Ele queria poder falar com o senhor.

– Gostaria de falar com ele a sós se isso for possível – ele olhou para ela. Ela apertou um pouco a boca, mas saiu sem falar nada.

Assim que ela desapareceu da nossa visão, lorde Daneel voltou seus olhos para mim.

– Peço desculpas pela minha grosseria, não estou acostumado a lidar com reis – ele falou grosso e sério – soube que trouxe os prisioneiros de maneira lamentável durante o caminho todo.

– E? – foi minha única pergunta.

– Se for verdade – ele sorriu de maneira maliciosa – então posso dizer que tenho boas expectativas a seu respeito. Irá interrogá-los?

O olhei de maneira curiosa, tentando entender a suas intenções.

– Sim – falei ainda olhando para ele.

– Quero participar – ele deu de ombros – entendo que você é o rei, mas não quero perder meu posto de carrasco.

– Pensei que você era amigo da Ayana.

– Lady Ayana tem bons amigos e tenho a sorte de me contar entre eles. Isso não significa que eu compartilho dos mesmos ideais. Eu quero acabar com a guerra e com o sistema de acordos e tributos e para isso eu não me importo de torturar algumas pessoas e matar algumas outras. Do mesmo jeito que eu não me importo de treinar crianças para uma guerra. Quando tudo isso acabar, espero poder discutir assuntos diplomáticos com o senhor.

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