. . . . . ╰──╮ 29. Kai╭──╯. . . . .

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Se você me tiver e eu te tiver
Você sabe que nós temos muito para continuar
Serei seu amigo,
Seu outro irmão
Song For A Friend 
 Jason Mraz

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"Sempre quis proteger as pessoas, sempre quis me doar para que isso fosse possível, mas com ele é diferente, me apavora pensar que não posso fazê-lo... Já não posso tirar Trix ou Daneel dessa guerra, mas tinha a esperança de que Kai fosse embora, até ver mais essa esperança escorrendo por entre meus dedos" (Diário de Ayana)

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Incapaz de ficar no meu quarto por mais tempo com aquela carta em mão, eu resolvi dar uma volta. Precisava ordenar minhas ideias e aquele quarto parecia me sufocar. Andei e estudei incansavelmente aquele castelo medieval que mais parecia um castelo dos horrores. Fazia pequenas descobertas que guardava para mim. No sótão encontrei restos de armaduras e roupas apodrecidas, junto a diversos outros pertences de pessoas que eu jamais conheceria. Cheguei também a uma biblioteca que era tão pouco usada quanto a minha própria e decidi que ali seria o lugar para onde eu voltaria para buscar por respostas sobre tantos seres que, até pouco tempo, não passavam de pura mitologia. Na adega, onde o vinho ficava guardado, fui recebido de maneira festiva e bajuladora. Me deram os melhores vinhos e só me deixaram ir após prometer que voltaria para beber de novo mais um pouco.

Em diversas partes do castelo, havia bolor, musgo e umidade, sem contar o cheiro azedo e sufocante de diversas outras partes. Teias de aranha gigantescas emitiam brilhos dourados em cantos distantes no fim da tarde.

Apesar de suas pedras fortificadas, era um lugar sujo e desagradável e me perguntei como conseguiam viver por tanto tempo em um lugar assim. Até mesmo os muquifos que eu fiz de casa me pareciam mais receptivos do que aquele lugar.

– Achei você – Trix chegou perto – vem fazer parte da nobreza bisbilhoteira.

Ela não esperou respostas, apenas me puxou pelo braço até uma escada velha que parecia há anos abandonada. Entramos por um corredor escuro e cheio de poeira e depois ela abriu uma pequena passagem secreta que mal dava para ficar de pé sem bater a cabeça.

– Aonde estamos indo? – perguntei baixo por sentir a garganta coçando com a quantidade de poeira que havia levantado, mas ela tapou minha boca rapidamente e depois sussurrou próximo ao meu ouvido.

– Todo castelo tem seus mexeriqueiros e todo mexeriqueiro faz uma passagem para descobrir tudo. Encontrei essa passagem há muitos anos com a Ayana.

Ela sussurrava tão baixo que eu tive dificuldades de entender o que ela estava falando, mas assim que eu ia responder, escutei a voz de Ayana.

– Não importa, Daneel. Ele precisa ir embora.

– Por que está tão determinada a fazer com que ele vá embora?

– Ele não é um guerreiro, não treinou durante sua vida inteira. Ele luta bem e em uma luta corpo a corpo ele realmente é invencível, mas isso não é o suficiente aqui. Ele está acostumado com arma de fogo e não com nossas armas desatualizadas. E se as coisas piorarem mais? E se o ataque for mais forte do que o da última vez? E se realmente for uma missão suicida? E se...

Eu via o desespero de suas mãos se mexendo pela fresta que Trix me indicou, ela parecia agoniada.

– E se ele morrer? – Daneel colocou as duas mãos no ombro da moça – essa era a última pergunta, não era?

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