Emocional

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                       POV Rafaella

No momento em que Gizelly me disse que ia sair para uma boate, não fiquei nada satisfeita. Entendo que foi eu quem terminei e ela é livre para curtir, só que ainda somos casadas no papel e acho que ela está indo rápido demais, saindo para noitada, afinal são apenas 4 meses que não estamos mais juntas.

Após nos despedirmos dela e colocar o Theo em sua cadeirinha, dei partida no carro para finalmente ir para casa. Estou exausta e preciso urgentemente de um banho e minha cama.

Chegando em casa, esquentei a comida do meu filho e o alimentei. Para mim, fiz um lanche rápido mesmo, misto quente com um suco de laranja natural que ja estava pronto na geladeira. Não tenho saco para cozinhar hoje, estou muito cansada.

Ao terminarmos de comer, subi com ele e coloquei seu pijama, em seguida o deitei em minha cama ligando a tv no filme do Lilo e Stitch. Apenas isso para o entreter e eu conseguir tomar meu banho rapidamente. Sai do banho, fiz minha higiene e o peguei para fazer a dele também. Deitamos os dois na cama, depois de dar o play novamente no filme que eu tinha pausado.

O tempo foi passando e eu já estava dormindo, quando ouvi um barulho e me assustei. Olhei para o lado e vi que Theo havia vomitado o que tinha comido e estava vermelho, chorando muito. Fui colocar a mão em sua testa e o senti bem quente. Corri até meu armário e peguei o termômetro para aferir sua temperatura, 39 graus e meio.

Levantei imediatamente da cama, peguei uma toalha e limpei o rosto de Theo, após limpo, troquei sua roupa por uma limpa, já que a que ele estava usando sujou toda de vômito. Feito isso, troquei meu pijama por uma roupa qualquer, estava preocupada e nervosa.

Enquanto isso, tentava ligar para Gizelly e seu celular só chamava até cair na caixa postal, já era a quarta vez, bufei irritada. Resolvi deixar apenas uma mensagem.

Peguei Theo e meus documentos e fomos em direção ao hospital da minha família mesmo, é próximo e havia pediatra plantonista de minha confiança, minha prima Marcella.

- Ma, tudo bem?! Theo não está bem, ele está com febre e vomitou toda a comida que dei para ele - falei assim que a avistei no corredor do hospital, indo para o seu consultório.

- Ei Rafa, vem comigo, vamos ver o que nosso pequeno tem.

Minha prima começou a examina-lo. Primeiro colocou o termômetro para confirmar sua febre, deu 39,5 graus como havia dado comigo, logo depois auscultou seu pulmão, olhou seus batimentos cardíacos, verificou se o ouvido e a garganta não estavam inflamados. Nada, ele não tinha nada, a não ser a febre. O vômito, nada justificava, pelo menos clinicamente.

Chegamos a conclusão de que é emocional, meu mundo caiu, uma culpa me apossou na mesma hora.

- Marcella, Rafa, o que meu filho tem?! Vim para cá o mais rápido que pude, assim que vi sua mensagem - chegou uma Gizelly ofegante, ainda com a roupa que havia saído. Desviei os olhos dos dela e fiquei calada.

- Oi Gi, examinei Theo por completo e não vi nenhuma alteração, tirando a febre alta. Garganta e ouvido não estão inflamados, pulmão normal, nada clínico que justifique a febre e seu vômito - Marcella explicou a ela.

- Emocional?! - Gizelly perguntou com uma voz triste e minha prima assentiu.

- Para febre pode dar dipirona, de 6/6 horas, agora sobre o emocional, vocês deveriam sentar e conversar sobre como vão fazer para resolver isso e digo mais, a decisão tem que ser o que vai ser melhor para o Theo, não para vocês.

Assentimos e agradecemos minha prima, despedindo dela logo após. Fomos em direção aos carros com Theo no colo de Gizelly, ele já estava mais calmo. Chegando lá em casa vou dar um banho nele mais pra frio e o medicar com a dipirona.

- Rafaella, gostaria de passar essa noite com vocês, para cuidar dele caso precise. Claro se você deixar...Gizelly disse olhando para o chão, ela sabe que estou chateada com ela.

Até então não tinha direcionado minhas palavras a ela. Apenas assenti, não estou com cabeça para conversar com ela agora.

- Vem, vamos no meu carro, amanhã minha cirurgia é a tarde, vou mandar remarcar minhas consultas da parte da manhã, para ficar com Theo e me certificar que ele estará melhor. Depois buscamos seu carro - ela falou e apenas fui no automático atrás dela.

Entramos em seu carro e eu fui calada até minha casa, ora olhando a cidade passar pela janela do carro, ora vigiando Theo ao meu lado na cadeirinha dele. Preferi me sentar atrás com ele para monitora-lo.

Gizelly parou seu carro na vaga da garagem assim que abri o portão para entrarmos. Ela desceu do carro e pegou Theo em seu colo, esse que deitou em seu ombro enquanto caminhavamos para entrar em casa.

- Pode deixar que eu dou banho nele, ele não vai aceitar fácil, vou entrar com ele no chuveiro. Acho que tem roupa minha aqui ainda, só me arruma uma toalha por favor e já separa a roupa dele e deixa em cima da cama - Gizelly falou já tirando a roupa do nosso filho que estava deitado em cima da cama alheio a tudo.

Fiz o que ela pediu, separei a roupa de Theo e dela também, uma calça de moletom, uma blusa de malha e uma cueca branca. Depois de alguns minutos ela apareceu no quarto com Theo, ambos estavam enrolados na toalha.

Ela o secou e colocou seu pijama que estava em cima da cama. Ao terminar, pegou a roupa que separei para ela e foi para o banheiro coloca-la.

Deitamos os três na minha cama, debaixo do edredom, após dar a dipirona para o nosso filho. Ela ligou a televisão baixinho, dizendo que ia assistir tv para não dormir agora, na intenção de ficar acordada para vigiar se a febre do Theo estava baixando, que eu podia dormir. Não fiz de rogada, apaguei.

Acordei com ela abraçada com Theo colado ao seu corpo, os dois estavam apagados. Em meu rosto quis se formar um sorriso ao ver a cena, mais não o deixei sair, estava chateada demais para isso.

Levantei da cama com cuidado para não acorda-los. Tomei meu banho, fiz minha higiene e antes de descer para preparar o café da manhã, aferi a temperatura do meu filho, encostei a mão em sua testa e ele já não estava mais quente. Graças a Deus.

Depois de descer e preparar o café, fiz meu desjejum, acordei faminta, não vou espera-los.

Alguns minutos passados, estava em meu notebook, analisando os documentos do hospital que estavam sendo passados para mim por email. Resolvi trabalhar de home office hoje, para ficar com Theo.

Escutei passos na escada. Era Gizelly com nosso filho em seu colo. Ela estava de cabelos úmidos e ele também, deveriam ter acabado de tomar banho.

- Bom dia Rafaella - ela falou assim que chegou na sala onde eu estava.

- Bom dia, tem café pronto - não olhei em seu rosto para conversar com ela, estava lendo um documento e assim continuei - tudo bem.

De rabo de olho vi ela dando o leite de Theo e conversando com ele, quando ele terminou, ela pegou uma xícara de café e começou a comer, primeiro, uma salada de frutas, a qual ela dividiu com nosso filho, depois a panqueca que tinha feito e deixado para ela.

A manhã passou rápido, fiquei trabalhando até próximo ao almoço, nem vi a hora passar, já ela ficou brincando com o Theo.

Levantei do sofá e fui até a cozinha. Theo estava na cadeirinha dele vendo um desenho no celular de Gizelly e ela estava fazendo o almoço.

- Até quando vai me dar gelo Rafaella?!




























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