⁴|Memórias

2.8K 214 74
                                    

    Warrick está me olhando com reprovação

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

    Warrick está me olhando com reprovação. Ele acha que sou estúpida.

    Talvez seja porque eu resolvi mexer nas coisas da minha mãe morta.

— Eu vou ficar bem — digo ao meu gato, mas ele apenas bufa. Juro, às vezes tenho certeza que ele me entende.

     Encaro a caixa em cima da minha cama. Não é muito grande. Eu doei suas roupas, mas guardei seus pertences. Foi logo após ela morrer, o que significa que não lembro exatamente do que tem aqui. Tudo o que lembro foi de achar essa caixa no meu quarto e ir jogando tudo que era dela e que coubesse na caixa. Depois Alexander me levou embora e nunca olhei o conteúdo da caixa. Isso foi há mais de dez anos.

     O motivo de eu estar tão agoniada com isso foi por causa de um simples desenho.

     Depois que Freya me deu aquele desenho, fiquei me perguntando se eu também fazia desenhos o tempo todo quando eu era criança. Mas não sei a resposta para isso, porque eu não tenho memórias da minha infância.
   
    Pelo menos antes dos meus sete anos, eu não lembro de nada. Absolutamente nada.

      Eu convivi bem com isso todos esses anos que passaram, mas então um simples desenho fez eu me corroer a noite toda. E eu pensei… pensei que talvez eu encontre alguma resposta nas coisas da minha mãe.

— Tudo bem, vamos lá. Não é nada demais. — Solto um suspiro e faço um show ao arregaçar as mangas do meu moletom preferido.

     Abro a tampa e espio dentro. A primeira coisa que pego faz meu coração apertar.

    É um porta-retrato.

    Na foto, mamãe e eu estamos  lado a lado. Eu tinha dez anos e era uma apresentação da escola. Mamãe sempre fazia questão de ir a todas, mesmo que chegasse apenas no final em alguma delas. Nesse dia, eu estava usando uma roupa de bailarina e mamãe estava ao meu lado, sorrindo e parecendo muito orgulhosa.

     Herdei meus traços asiáticos dela, apesar de não saber nada sobre o meu pai além de que ele era americano. Mamãe não falava dele. Nunca.

     Deixo o porta-retrato em cima da cama e pego uma caixinha menor. Eu já sei o que é, mas ainda solto um suspiro ao abrir e encontrar o anel. Mamãe nunca o usava, mas eu sabia da existência dele porque fiquei encantada desde a primeira vez que o vi. Não sei porque, pois ele é simples, com o aro de prata e uma pequena pedra azul no centro.

     Tiro ele da caixa e coloco no meu dedo anelar.

    Estendo minha mão na minha frente, admirando.

— O que você, Warrick? — Ele apenas me encara. — Eu também gostei.

     Pego outra coisa dentro da caixa. É um álbum dessa vez. Eu não o reconheço e quando abro, sento-me ereta ao encarar a primeira foto.

𝘿𝙚𝙨𝙚𝙟𝙤 𝙄𝙣𝙨𝙖𝙘𝙞𝙖́𝙫𝙚𝙡 ༆Tʀɪʟᴏɢɪᴀ Iʀᴍᴀ̃ᴏs ʙʟᴀᴄᴋʙᴜʀɴ༆ʟɪᴠʀᴏ²Onde histórias criam vida. Descubra agora