Cinco meses depois
O inverno congelante de Nova York passou para o desabrochar da primavera. Foi uma linda e lenta mudança. A cidade que antes estava envolvida por uma aura de frio intenso, com neve cobrindo as ruas e as pessoas agasalhadas para enfrentar as baixas temperaturas, agora tem poças de gelo derretendo pelas calçadas com os raios mais quentes de sol. As pessoas parecem mais frenéticas para desfrutar da nova estação sem frio e neve, ansiosos para escapar do confinamento que o inverno trouxe.
À medida que a primavera avança, os parques antes cobertos de neves, começam a se transformar em um mar de cores, com tulipas e narcisos desabrochando em todas as direções. Os pássaros retornam, preenchendo o ar com seus cantos alegres, e as ruas ganham vida com a agitação de pessoas aproveitando o clima mais ameno.
O que mais gosto aqui são as cafeterias. Elas estão sempre cheias, mas há uma em cada esquina. Eu sempre compro um café, apenas para aquecer minhas mãos enquanto ando pela cidade. Meu lugar preferido é o Central Park. Eu sei como isso soa clichê, mas gosto da atmosfera do lugar.
Gosto de sentar aqui e observar as pessoas. Já faço isso há um tempinho, então conheço a velhinha que sempre vem aqui pela manhã jogar migalhas de pão para as pombas. Às vezes ela senta comigo e falamos sobre o seu falecido marido, Greg, e como ela ficou feliz quando ele morreu porque ele era um desgraçado. Também converso com Frank, um morador de rua que deixou seu apartamento porque está convencido de que o governo o está espionando-o. Demorou três semanas para ele acreditar que eu não sou uma espiã. Para ser sincera, acho que ele ainda não acredita totalmente que não sou uma, mas está me deixando acreditar. De qualquer forma, sempre trago café para ele. Hoje não foi diferente.
— Então, moça bonita, como a senhorita está hoje? — Frank pergunta depois de dar um gole no seu café preto. Eu trouxe uma vez um igual o meu – café com leite de avelã –, mas ele chamou de porcaria.
— Melhor do que ontem. E você? Achou o Dino?
Frank bufa.
— Não. Aquele vira-lata ingrato deve ter sido adotado por algum riquinho e deve estar agora em uma dessas coberturas. — Ele aponta para os prédios além do parque. — Provavelmente tem a sua própria casa.
— Aposto que ele tem um banheiro. — Tomo um gole do meu Café Porcaria. — E uma empregada. Ela deve lixar as unhas dele depois do banho.
— Sempre soube que ele me deixaria. — Apesar das suas palavras, ele não está triste, pois sabe que Dino sempre volta. Aconteceu a mesma coisa na semana que. E na outra antes dessa.
Dou um tapinha no seu ombro.
— Ele vai voltar, amigo.
Frank dá de ombro, como se não importasse. Eu o conheço melhor e sei que ele deve estar preocupado, apesar de saber que seu cachorro é fiel e sempre volta para o seu dono.
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𝘿𝙚𝙨𝙚𝙟𝙤 𝙄𝙣𝙨𝙖𝙘𝙞𝙖́𝙫𝙚𝙡 ༆Tʀɪʟᴏɢɪᴀ Iʀᴍᴀ̃ᴏs ʙʟᴀᴄᴋʙᴜʀɴ༆ʟɪᴠʀᴏ²
RomanceO desejo faz você cometer loucuras para que ele seja saciado. Até mesmo ceder ao seu lado mais obscuro e se entregar a escuridão em forma de homem que te cerca há anos. Kathryn "Kate" Yamamoto adora a sua vida de solteira e a liberdade que isso lhe...