⁵⁶|Sorvete no verão

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     Sentada na grama do cemitério, encaro a lápide da minha mãe

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     Sentada na grama do cemitério, encaro a lápide da minha mãe. Não aquela que me deu a vida, mas aquela que cuidou de mim durante tantos anos, me protegeu e fez o que estava ao seu alcance para me manter longe da carnificina para onde o destino insistia em me arrastar.

     Eu estava devendo essa visita a Yuna. Faz meses desde que vim aqui pela última vez. Hoje, depois de sonhar com ela outra vez, sabia que precisava vir. Tirando algumas poucas pessoas visitando seus entes queridos ou amigos enterrados aqui, o cemitério está calmo.

     Ponho as flores em cima do túmulo de Yuna. São rosas brancas.

— Desculpe por ter demorado tanto dessa vez — peço. — Muitas coisas aconteceram. Eu sei de toda a verdade, mãe. Sobre Alex, Cedric e a morte de Kira. Sei que foi Alex… Sei que foi ele que matou você. — Faço uma pausa, engolindo em seco quando sinto a ardência em meus olhos. — Eu o matei, mas isso não vai trazer você de volta, né?

     O silêncio do cemitério é a minha resposta. As primeiras lágrimas começam a cair sem que eu tenha controle algum.

— Desculpe. Desculpe por ter trabalhado para ele, por ter feito tantas coisas ruins em nome dele. Me desculpe, mãe, por ter sido tão cega e ingênua. — Fungando, enxugo meu rosto. — Mas não vim aqui só pedir desculpas, também vim agradecer. Obrigada por ter colocado sua vida em risco por mim, por ter me criado e me protegido. Obrigada.

      Fico mais alguns minutos em silêncio, apenas respirando e me acalmando.

     Quando volta a falar, conto tudo a ela, desde o início. Falo sobre Khalil e como é estar apaixonada pela primeira vez. Conto sobre os Blackburn, sobre minhas amigas e o meu trabalho. Falo também como está sendo conhecer Cedric e recuperar o tempo que perdemos.

    Falar dessas coisas para minha mãe me lembra da época da escola, em que eu contava tudo para ela. A diferença é que agora ela não está aqui e que apesar de me sentir mais leve ao terminar, a dor dilacerante continua em meu peito.

☠️

     — Sua assistente disse que esse é o seu quarto café — digo como cumprimento ao bater na porta do escritório de Lorelei.

     Minha amiga nem mesmo ergue os olhos do computador, muito concentrada no trabalho. Eu conheço o tipo. Ela é como Eros alguns anos atrás. Vive para o trabalho e tira o mínimo de tempo possível para realmente… viver.

— Sétimo, na verdade — responde, sua mão se movendo em cima do mouse do computador. — Tomei três enquanto vinha para cá.

— Você dorme? — Adentro o escritório já que pelo visto irei receber um convite.

— Voltando aos velhos hábitos, Kathryn? Eu já tenho uma secretária. — Finalmente, ela ergue os olhos, me dando um olhar irônico.

     Deus, devo estar ficando maluca porque ela falou igualzinho a Khalil. Sinto tanta falta dele. Faz apenas um mês e meio. Desde então, só o vi uma vez. Não foi o suficiente e nem vai ser. O que eu preciso é dele aqui comigo. Mesmo entendendo e lhe apoiando, a saudade dilacera meu peito um pouquinho mais a cada dia.

𝘿𝙚𝙨𝙚𝙟𝙤 𝙄𝙣𝙨𝙖𝙘𝙞𝙖́𝙫𝙚𝙡 ༆Tʀɪʟᴏɢɪᴀ Iʀᴍᴀ̃ᴏs ʙʟᴀᴄᴋʙᴜʀɴ༆ʟɪᴠʀᴏ²Onde histórias criam vida. Descubra agora