A Billion Reasons - ChaeLisa

The Black Label Society

P.O.V Zico

Se a vida pudesse ser alguma coisa para mim, ela seria um gigantesco mix Ice Bomb para que eu pudesse encher a cara e esquecer que nós somos seres mortais e temporários na Terra, e que um dia íamos morrer, mas até lá, a vida ainda iria nos foder para caralho.

A vida não tinha muito segredo, você podia resolver todos os seus problemas como ser humano mortal e cheio de defeitos com uma taça de Pink Lemonade, porque encarar a vida sóbrio é um porre, meus caros, precisava de muita coragem para dar de cara com as tretas da vida sóbrio, se chapado as vezes é difícil, que algum Ser Místico do Além o tenha quem faz isso sóbrio, amigos.

Noite, dia, madrugada, inverno, verão, que diferença fazia? Era só mais um dia cheio de obrigações e responsabilidades que nos socavam na cara para devorarem nossas almas em trabalho e mais trabalho, festas de empresa e méritos estúpidos e completamente sem sentido, para mim nada daquilo fazia sentido, qual é, nós crescemos e somos ensinados a nos casar, ter uma boa esposa, uma casa cara, uma doce criança, um trabalho dos sonhos, envelhecer e morrer com honra, que merda eles queriam dizer com isso? Quer dizer, só porque uma pessoa não tem um trabalho ou uma casa incrível ou sequer um teto para morar, ela iria morrer desonrada e como um vagabundo que a família teria vergonha de enterrar? Não fode.

A vida é muito mais que seguir um rebanho de ovelhas prontas para o abate, o mundo é muito maior que uma fazenda e um açougue gigante, no mundo nós mesmos poderíamos fazer nossos próprios caminhos e mesmo assim morrer com honra e felicidade por ter vivido e visto tudo que vimos e tudo que sentimos. Eu era uma vergonha para o meu pai e hoje sou muito mais do que ele jamais sonhou e chegou a ser antes de morrer, isso só me provou que o nosso futuro nos promete muito mais do que o que as pessoas escolhem te contar.

Meu celular começou a tocar no meu bolso enquanto eu comia salgadinho no sofá vendo tv com os pés em cima da mesinha de apoio, eu o peguei e atendi.

- Fala, Lili, minha gata – disse sabendo que ela faria uma cara de desgosto.

- Precisamos conversar – disse ela em tom sério.

- Qual foi, gatinha? Esqueceram de te alimentar? – ri enquanto a provocava, a ouvindo bufar – pode falar.

- Podemos nos encontrar na frente do Busy Buggy Auto Repair? – perguntou ela.

- Fechou, patroa, já chego lá, aguenta as pontas – disse me despedindo, desligando e voltando a comer meu salgadinho rindo da tv.

Depois que o salgadinho acabou, levantei do sofá, desliguei a tv e subi as escadas de madeira até meu quarto no andar de cima, tirei a blusa e coloquei um moletom preto da Celine, peguei um bucket hat da Anti Social e um tênis da Off-white branco. Entrei no banheiro, dei uma boa olhada no espelho, abri a boca para ver os dentes, arregalei os olhos para ver como estava, ajeitei o cabelo, coloquei o bucket de volta e desci as escadas batucando os dedos na parede.

Peguei as chaves do carro, um maço de cigarros, um isquiero e uma caixinha de chiclete e sai, trancando a porta e indo até a garagem. Eu tinha uma Lamborghini Aventador turquoise, que era basicamente meu xodó exclusivo, entrei no carro e sai da garagem trancando ela com o controle e indo para a rua.

Peguei meu vaporizador do porta luvas e liguei, eu não fumava cigarros no carro, as cinzas poderiam estragar o estofado e o cheiro impregnar no interior do carro, estava passando na The Strip quando meu celular começa a tocar.

- Fala, campeão – disse ligando o viva voz.

- E aí, cara, suave? Irmão, tenho um trabalho pra você, vai dar bom, confia – disse Teddy do outro lado.

- Porra, Teddy, da última vez você me enfiou na maior roubada, irmão, tô meio afim não – disse sincero tragando o vaporizador.

- Irmão, dessa vez é diferente, fechei um negócio com os caras do Norte de Nevada, os caras vão patrocinar a gente, tá ligado? Eles estão querendo correr com o pessoal da elite, eles viram a última corrida da Lisa, os caras gostaram no naipe da mina, eu falei que ela tava no topo da classificação com o pessoal e eles se interessaram, irmão – disse Teddy tentando me convencer, me fazendo torcer o nariz.