Capítulo 1

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Natasha sentia calor emanando por seu sangue pela adrenalina antes de dar impulso e se jogar precipício abaixo na intenção de que aquele ato finalmente apagasse sua conta em vermelho, mas o mais importante: ela torcia em seu íntimo para dar certo. Foda-se suas dívidas internas! Ela não poderia viver mais nenhum segundo naquele mundo de merda que o blip deixou para trás.

Por que não? Podem perguntar à vontade, sua resposta sempre será a mesma. Por que todas aquelas pessoas inocentes em vez de uma assassina? Ela merecia viver depois de todos os horrores que fizera condicionada pela Sala Vermelha? Depois pela KGB, S.H.I.E.L.D. ou qualquer outra agência que a contratasse, no final do dia ela continuava uma assassina, somente com um nome diferente na folha de pagamento.

A Romanoff não achava justo.

Mas o que mais a atormentava dos rostos que viviam em sua mente e que não estavam mais ali, era o rosto fino e delicado que nunca esqueceu por um segundo sequer: Wanda.

A sokoviana emergia em seus pensamentos em todas as horas, até nas mais inconvenientes, Natasha não entendia o porquê de ela parecer sentir falta da bruxinha, elas não eram próximas, trocavam palavras durante as missões e se esbarravam no complexo e era isso. Todavia, de alguma forma era Wanda quem ela mais sentia falta.

De esbarrar com ela, sentir aquele cheiro amadeirado que emanava de seus cabelos, vê-la lutar e cair no chão, assim como se levantar todas as vezes para tentar de novo. Vê-la voltando da sua corrida em volta do complexo, obviamente comandada por Steve, olhar pela janela e tomar um susto ao se deparar com a bruxinha aprendendo a voar.

Ela começou a sentir falta de pequenas coisas corriqueiras que acontecia todos os dias, como elas dividirem a cozinha para fazer um almoço decente para os meninos, ou vê-la se empanturrar de waffles e panquecas cheias de calda. Ela tentar consertar seu sotaque apesar de parecer perfeito aos ouvidos de Natasha.

Entretanto, nessa história toda ela tinha o Visão grudado a ela, feito um carrapato, e depois de um tempo de reflexão, a ruiva descobriu a origem de suas desconfianças no sintozóide. Natasha percebeu suas ações, reconheceu que não observava Wanda, porque fazia isso com todos para obter informações; não, ela fazia porque gostava e queria saber mais sobre Wanda.

Reconhecer isso levou muitas semanas de tormento para a ruiva, por que ela não tinha se dado conta antes? Admitir que estava apaixonada por uma pessoa que não estava mais ali, porém ela via a todo momento como um fantasma, foi a pior parte.

E tinha Yelena, ela procurou a irmã por todo o globo, utilizando sua influência, até que descobriu que não tinha mais a quem procurar. Então não foi uma decisão difícil a Natasha lutar com Clint e se jogar daquele penhasco. Ela queria suas garotas de volta e talvez isso fosse egoísmo, ela salvaria o universo no processo, mas se ela tivesse que escolher entre as duas e o universo, a ruiva já tinha sua resposta.

Natasha nunca teve medo da morte. Com seu trabalho, ela sempre a acolheu como uma amiga que a visitaria a qualquer momento. Então, não, o morrer não lhe assustou, mas a falta de vida e a incerteza que rondaram sua cabeça na queda, sim. Ela não queria precisar morrer, mas não viveria daquela forma mais. Naquela semivida.

Ela viu um clarão enorme quando sentiu o baque em suas costas, e por um tempo o silêncio prevaleceu, ela sentia seu corpo quebrado e seu sangue quente sendo derramado. Era isso? Caía de um penhasco enorme e ainda demoraria a morrer? Que sorte a dela!

Passaram-se minutos e ela viu a nave de Clint ir embora, a joia estava em sua posse, então, isso era bom. Ela fechava os olhos, piscando, não conseguia se mexer e a pancada definitivamente deveria tê-la matado na hora, mas não o fez.

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