Capítulo 7

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Wanda tinha tudo preparado, ela sabia as palavras para invocar a própria Morte se necessário, ela tinha as velas, as ervas e os instrumentos ritualísticos que teve que aprender a usar, como uma adaga de corte com um pentagrama de proteção entalhado, havia muitos feitiços de sangue na bruxaria.

No técnico, ela não precisava de nada daquilo, era para ser capaz de criar espontaneamente, criar e fazer feitiços sem uma palavra sequer, mas ela gostava do passo a passo. E usar sua magia do caos de forma descontrolada era muito mais difícil de conter.

Os grimórios ajudavam ela a focar, os instrumentos a canalizar, então ela se sentia melhor assim, mesmo sabendo que ela conseguiria de um jeito ou de outro.

— Uma vez comentou comigo que o Livro era somente uma cópia – Wanda se virou para Agatha que acariciava o seu coelho que tinha sido trazido a pouco tempo para casa. — Que existe um lugar onde os feitiços estão entalhados nas paredes e que a magia do caos é mais forte lá.

— Olha só, não é que ela me ouve? Pensei que entrasse por um ouvido e saísse pelo outro – debochou revirando os olhos. — Sim, o Monte Wundagore. É onde o Deus do Caos entalhou seus feitiços, o livro é apenas uma fração do que verdadeiramente é.

— Preciso que me leve até lá – falou e Agatha arregalou os olhos. — Vou fazer isso hoje ao anoitecer, na Super Lua de Sangue, o véu entre os mundos fica mais finos quando ocorrem eventos celestiais. Foi você quem me ensinou isso, aliás.

— Eu nem vou discutir sobre sua certeza em continuar com o planejado, sei que não vai adiantar – ela suspirou voltando-se para colocar o coelho na gaiola. — Pelo que sei, lá tem um altar de sacrifício, será perfeito para o que pretende fazer. Caso morra também, estará no lugar adequado.

— Seria um alívio para todo mundo se isso acontecer – Wanda disse amarga.

— Wundagore irá amplificar seus poderes, assim como a Lua. Será mais fácil por assim dizer, não que precise de apoio ou reforço, mas é mais seguro para as bruxas assim. E você, abelhinha, está se tornando uma extraordinária – Agatha disse se virando para a feiticeira já em seu traje.

— Olha só quem está amolecendo! – Wanda conseguiu um mini sorriso vindo da mais velha enquanto seu coração esquentava um pouco. — Sua ajuda foi muito útil durante esse período, sua companhia, apesar de extremamente irritante às vezes, também, Agatha.

— Não vamos exagerar. Muito açúcar me faz passar mal! – fez uma pose teatral colocando a mão inclinada na testa e Wanda riu.

— Vou devolver sua magia - a frase seguinte da ruiva fez as gracinhas de Agatha pararem. — Você não teve muita escolha ao vir para cá, sei disso. No início foi complicado, mas também sei que não precisava fazer todas as refeições e implicar para eu comer. Checar se não estava exagerando e tentar amenizar meus pesadelos, apesar de nunca termos conversado sobre isso.

— Talvez eu realmente tenha amolecido – ela fez um gesto com os dedos. — Um pouquinho assim.

— Eu agradeço, Agatha – disse e seus olhos se iluminaram em um tom escarlate, Agatha sentiu um formigamento em seu corpo quando a magia vermelha a envolveu e quando passou, ela se sentia nova em folha.

— Agora sim! – ela sorriu grande olhando suas mãos onde saía uma magia roxa característica. — Como eu senti falta disso!

Wanda sorriu pequeno com a animação da bruxa, ela poderia entender, já ficou impossibilitada de usar seus poderes algumas vezes, e isso era como arrancar algo de si. O Sol se punha no horizonte e ela observava complacente.

— Precisamos ir, bruxinha – Agatha chamou sua atenção, agora já mais contida. — Preparações hão de ser feitas até você ter sua Viúva novamente.

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