Capítulo 3

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Wanda sonhou com Natasha novamente. Isso não era uma novidade, mas com as aulas de Agatha, acabou descobrindo que sonhos podem ser além que desejos e pesadelos, podem ser janelas para outras realidades e quando teve essa consciência, passou a prestar atenção em cada um deles, entretanto nunca tinha parado neste.

Parecia um corredor infinito de prismas coloridos que se mexiam em imagens diversas, o que em si já era impressionante, todavia parou de chamar sua atenção no momento que viu uma figura pairando um pouco distante.

Seu coração disparou mesmo em sonho, de alguma forma, ela sabia que essa ruiva não era uma versão alternativa de outros mundos, ela conseguia sentir sua alma a puxar em direção a sua amada e querida mentora.

— Natasha? – sua voz repercutiu no escuro e o vulto distante na mesma hora reagiu; com os olhos arregalados, a ruiva mais velha se perguntou como Wanda estaria aqui.

— Wanda – sua voz doce e sensual como sempre, percorreu os tímpanos da feiticeira com deleite. E quando se aproximaram, ambas sentiram um arrepio as invadirem, um magnetismo inegável. — É você mesmo? Como isso é possível?

— Sonhos podem ser passagens para outras realidades – o sussurro da mais nova quase não foi ouvido. — Você não morreu – os olhos verdes brilharam lacrimejando. — Eu sei que não. Eu sei que você é a minha... Eu sei que é a nossa Natasha.

A mais velha queria poder abraçar forte aquele ser humano tão forte e tão frágil em sua visão, mas ela não podia fazer isso.

— Eu sou sim, mas você se engana, eu morri – disse, vendo um franzir de testa. — Ou quase isso. Estou aqui nessa dimensão, minha essência vive, minha alma vive, mas não tenho um corpo material mais.

— Um corpo material... - Wanda repetiu a frase intrigada, mas ela estava viva! Não estava perdida!

— Devo confessar... - Natasha observava a mais nova toda transformada numa versão mais adulta que ela, infelizmente, não participou para ver. — Eu senti sua falta – os olhos da Maximoff se voltaram para os verdes de sua locutora. — Durante o blip, principalmente.

— Quando soube que você tinha morrido... - a feiticeira não conseguiu encará-la. — Você faz muita falta, Natasha – ergueu seus olhos que não acreditavam na figura a sua frente. — Para todo mundo e para o mundo.

— Isso vai soar egoísta, mas eu não estou ligando para o mundo, não neste momento. – disse arrastando a voz e a outra deixou escapar um leve sorriso de canto de boca.

— Sinto falta da minha mentora – soltou a frase que lhe assombrava a mente e coração — Eu fiz tanta coisa errada... – Wanda abaixou a cabeça e Natasha murmurou.

— Eu sei o que fez – o sussurro veio quase inaudível. — Eu vi tudo por aqui.

— Você me odeia? – a voz embargada por um quase choro veio aos ouvidos da Agente.

— Wanda, eu nunca poderia te odiar – falou a frase achando a pergunta um absurdo. — Eu...

Natasha ia continuar o diálogo, mas sua voz foi ficando distante aos ouvidos da feiticeira e a mesma tentou gritar pela ruiva, entretanto era tarde: ela estava acordando.

Wanda acordou agitada, gritando um xingamento pelo sonho interrompido. Natasha estava ali. Perto, tão, perto. Ela quase podia sentir sua respiração, seu calor, aquela voz atormentadora e sedutora de novo em seus ouvidos.

Não foi preciso muito tempo para que a decisão se formasse na cabeça da Feiticeira.

Isso não podia ficar assim.

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