Capítulo 17

181 25 2
                                    

— Olha só o que temos aqui! – Agatha tinha um mini sorriso nos lábios enquanto via as mãos entrelaçadas das duas garotas que aprendeu a ver quase como de maneira maternal, mesmo que para ela isso fosse difícil de admitir. — Me digam que se divertiram na minha ausência – seu sorriso se expandiu para um malicioso.
— Não comece, Agnes - Wanda sorria para ela, realmente estava com saudade, até mesmo daquelas provocações bestas. — E me diga que vai ficar dessa vez!
— Isso tudo é saudade? – a morena tinha a mão no peito com seu sorriso grande característico.
— Acredite ou não, você até que faz falta, Agatha – dessa vez foi Natasha quem disse se aproximando da mesma que ficou meio chocada quando recebeu um abraço surpresa da Viúva.
Por breves momentos que aquele abraço durou, Agatha quase perdeu sua compostura.
— Vocês estão ficando moles, eca! – se afastou gentilmente dando uma risada caricata. Olhou para Wanda e ficou grata pela sua aparência estar bem melhor do que a última vez a que viu. — E você, abelhinha, não vai me dar um abraço?
Wanda riu e cerrou os olhos.
— E por um acaso você merece? Nos abandonou aqui por três meses, só mandando bilhetinhos, parecendo um fantasma! – ela não percebia, mas tinha um pequeno biquinho nos lábios.
— Ei! Me respeite, mocinha, eu sou muito mais linda que um fantasma! – ela mexeu nos cabelos fazendo pose. — Venha aqui, minha menina – Agatha se viu puxando Wanda para um abraço desajeitado, mas que ambas necessitavam. — Sua aparência está bem melhor. Fantasma seria apelido carinhoso para você quando saí, estava quase uma morta viva! – ela se afastou e enrolou uma mecha de cabelos ruivos de Wanda em seus dedos carinhosa. — Vejo que um tempo com a criaturinha peçonhenta te fez muito bem! – o sorriso dela se tornou malicioso e Wanda a afastou bufando.
— Voltou a ser insuportável! – provocou e Agatha lhe mandou a língua.
— Cadê o Sr. Scratchy? Espero que tenham cuidado bem do meu pequeno demoniozinho!
— Eu o alimentei bem, não se preocupe, Agatha – Natasha avisou quando percebeu que a bruxa já estava à procura de seu pet.
— Ele se comportou bem? – perguntou já voltando ao cômodo com o coelho em mãos, o apertando contra seu rosto.
— Com a Natasha... – resmungou Wanda, o que fez Agatha rir.
— Ele reconhece quem manda – deu de ombros fazendo desfeita e isso fez Wanda erguer as sobrancelhas. — O quê? Entre você, abelhinha, e Natasha, sabemos quem é a alfa!
— Ah, que legal, estou sendo destratada por um coelho!
Natasha e Agatha riram da carinha de criança que Wanda fazia.
— Agora eu preciso de um bom banho, comida e minha cama – Agatha disse assim que terminou de caçoar da cara da mais nova. — Não foram férias as que fiz, todas essas viagens cansaram minha beleza!
— A gente achou que estava em uma praia paradisíaca descansando de arrumar nossos problemas – Natasha comentou ainda divertida.
— Que ultrage! – as mãos da morena estavam em seu peito. — Pareço mais bronzeada por um acaso?
Wanda conseguiu rir da cara de Agatha nesse momento, ela sempre foi bem expressiva.
— Vai tomar seu banho, Agatha! – Wanda disse em tom mandão, mas nada comparado ao que já tinha usado com a bruxa, ainda assim continha certa mansidão e cuidado. — Damos um jeito na comida.
— Você não! – a morena imediatamente se alterou e Natasha gargalhou.
— Pode deixar que ela vai ficar sentadinha me vendo cozinhar, Agatha – a Viúva era fuzilada pela outra ruiva.
— Melhor mesmo, fiquei sabendo que botou fogo na minha querida cozinha, Wanda! – acusou com um olhar de repreensão.
— Natasha! – gritou Wanda enquanto via a outra rir e erguer os braços. — Foi só uma vez!
<...>
— Então, Agatha, descobriu algo em suas viagens? – Natasha disse analisando a bruxa que comia um prato tipicamente russo, strogonoff de frango. Sim, esse prato era russo apesar de ser bem popular em outros países.
— Me encontrei com uma velha amiga... - Agatha coçou a garganta como se o colarinho de seu vestido estivesse apertado. — Uma bruxa antiga também...
— Tem muitas bruxas por aí? – Natasha estava meio espantada, não esperava que existissem muitas pessoas com aquele tipo de poder vivendo no mundo atual, apesar de que sua realidade já estava para lá de estranha. Não deveria se surpreender quando já lutou com aliens e tinha um amigo que era um deus nórdico!
— Aquelas que sabem sobreviver, sim, claro que existem – Agatha rolou os olhos com a pergunta. — Tentei fazer o máximo para não expor a situação real... Ela nunca foi muito confiável mesmo, porém tem certo conhecimento sobre joias do infinito e até o multiverso.
— Quem você foi procurar? – Wanda sentia certa hesitação em Agatha, ela parou os talheres e colocou na mesa, suspirando.
— Morgana Pendragon.
Por alguns segundos todas elas ficaram em silêncio.
— Pera, você quer dizer, Morgana Le Fay? Do Rei Arthur e a Távola Redonda? – Natasha não acreditou no que ouviu, querendo rir. Agora lendas eram reais também?!
— Olha se eu fosse você, não usava esse sobrenome não... - Agatha disse pesarosa com lembranças em mente. — E sim, querida Natasha, essa Morgana! Ela é bem real, mas não pense que a conhece por causa de suas lendas e historinhas para crianças – bufou rolando os olhos.
— Você parece com certo medo dela... - Wanda observou ao sentir a energia em volta da morena.
— Medo? Ah, sim! Se você não tem medo daquela mulher, é uma pessoa morta – Agatha disse e se endireitou na cadeira. — Ela já possuiu o Darkhold em seu tempo de ascensão e acredite ou não, uma das suas famosas joias do infinito!
— Okay, não sei se fico surpresa ou assustada! - a ruiva mais velha soltou espantada.
— Eu diria que os dois, criaturinha peçonhenta – Agatha disse concordando que aquela informação era de fato tão surpreendente quanto apavorante. Morgana não era alguém com quem se poderia brincar.
Wanda fincou a testa em uma expressão confusa.
— O Rei Arthur... Mesmo se ele existiu, foi a muito tempo! Como ela está viva até hoje? – Wanda se perguntava.
— Como eu estou viva desde a época de Salém? – bufou como se a pergunta fosse estúpida. — Magia, Wanda! - suspirou fundo, fechando os olhos levemente. —  Mas com ela é diferente, ela está muito além do que um dia cheguei a sonhar de nível de poder; todavia, o que custou a ela... Ela lançou uma maldição em seu leito de morte, em sua batalha contra Merlin, que reencarnaria infinitas vezes até que sua vingança estivesse completa. Morgana é quem ela já foi um dia, em sua primeira vida, ela já teve muitos nomes desde então... – completou enigmática.
— Ela era a vilã da história, não? - Natasha perguntou só para confirmação e levou uma cara de indignação de Agatha.
— Cuidado com quem tacha de vilão antes de saber a história completa, Natasha! – a morena estava com a respiração um pouco alterada. — Mas não é a moralidade de Morgana que está em pauta e sim do que ela sabe...
— E o que é? -  Wanda já estava ficando impaciente.
— A joia da alma foi a que ela esteve em posse por um tempo... – Agatha começou. — Ela não queria dizer muito de graça, mas eu cobrei alguns favores aqui e ali... - novamente ela puxou o ar antes de continuar. — A joia da alma é uma das mais poderosas, pois é a essência de qualquer criatura. A tendo em sua posse, seu dono pode destruir e controlar almas. Pode falar com pessoas que já se foram. Testar o valor do coração das pessoas, saber se está mentindo ou falando a verdade. Roubar almas! Tendo assim controle total sobre essa pessoa – deu um suspiro longo. —  Não é um simples feitiço de invadir mentes ou memórias, é mais forte! Potente!
— Meu deus! – Natasha arfou. — Isso quer dizer que eu...
Agatha a encarou um pouco e pegou novamente os talheres esquecidos.
— É, criaturinha peçonhenta, quer dizer que você tem esses poderes por uma vez ter sido parte da joia da alma. Obrigada e de nada!
<...>
— Eu sinto que posso surtar a qualquer momento! – Natasha andava no quarto de Wanda depois daquela conversa super informativa e assustadora no jantar.
— Nat... – Wanda já a observava andar e murmurar coisas há uns bons minutos.
— Esse mundo novo... Tudo era tão mais simples quando era somente armas e balas! – ela arregalou os olhos em um momento que pareciam quase vítreos, como se não enxergassem mais nada a sua frente. — Agora há magia, aliens, deuses...
Nesse momento Wanda a pegou pelos cotovelos, a girando, encaixando-a em seus braços. Agora poderia sentir o corpo trêmulo da menor, a feiticeira passou a esquentar o corpo da outra fazendo fricção na pele arrepiada com as mãos em movimento pelas suas costas.
— Está tudo bem, Nat – sussurrou em seus ouvidos. — Agora sabemos um pouco mais do que antes e vamos dar um jeito nisso!
— Como pode estar tão calma? – a pergunta escapou da boca de Natasha, que se mantinha de olhos fechados, com o nariz no pescoço da mais alta. Suas mãos agarravam a roupa de Wanda tentando se manter ali naquele momento.
— Porque senão seríamos nós duas surtando – disse soltando uma risadinha. — Eu sei como é se sentir assustada com um poder que não consegue controlar, mas foi você que me ensinou que é só de ter calma e disciplina que tudo pode ser feito.
— Me sinto tão distante dessa Natasha...
— Eu não – Wanda ergueu o rosto da menor para encará-la. — Posso vê-la bem aqui.
Natasha sentiu seu coração errar uma batida com o mínimo sussurrar de Wanda, seus olhos ao encará-la eram tão vivos, quase podia vê-los brilhar. Ela conseguiu sorrir e abaixou a cabeça.
— Maximoff, Maximoff... - disse não a encarando. — Pare de me olhar desse jeito.
— De que jeito? – Wanda sorriu com o claro constrangimento de Natasha.
— Do jeito que me faz querer te agarrar e nunca mais soltar! – a voz de Natasha voltou a ser confiante e quase animalesca quando rosnou a frase, com os olhos selvagens encarando os de Wanda que estavam surpresos, mas ela via que não decepcionados, pelo sorriso malicioso que se formava no canto dos lábios da bruxa.
Wanda colocou uma mão no ombro de Natasha e esgueirou os dedos levemente pelo braço direito da Viúva. Sorrindo ainda mais quando viu a outra se arrepiar inteira.
— E se for o que eu quiser, hein? – ergueu uma sobrancelha, virando o rosto para o lado bem de leve.
Um som gutural saiu da garganta de Natasha que fechou os olhos, sorrindo sem mostrar os dentes.
— Você realmente não é mais a garota tímida que me lembro – disse abrindo os olhos devagar.
— Eu só criei mais coragem para conseguir o que quero – Wanda retribuiu o olhar intenso de Natasha.
A ruiva de cabelos encaracolados sorriu com o comentário audacioso.
— Gosto dessa Wanda – confessou e se aproximou dela apenas para encostar sua testa na de dela. — Eu só não sei ainda como responder a você – disse e uma expressão confusa passou por Wanda. — Eu sei o que você sente por mim, Wanda, eu posso sentir como se exalasse no ar e você sabe como me sinto.
A compreensão caiu em Wanda como uma bomba e aquilo doeu. Só bastou cavar um pouquinho mais fundo, longe da excitação que viu.
— Você acha que esses sentimentos podem ter sido originados por ter uma parte minha – disse com pesar se afastando da Viúva que sentiu imediatamente o frio de estar longe do corpo quente da mulher.
Suspirou fundo antes de voltar a falar.
— Se originado? Não – Natasha ergueu a mão para o rosto de Wanda, repousando em sua bochecha. — Amplificados? Talvez – admitiu.
— Você já sentia algo por mim? – Wanda entendeu onde Natasha queria chegar.
Natasha soltou uma risada amarga.
— Ah, sim, eu sempre senti! – Natasha falou olhando nos olhos de Wanda. — Desde que chegou em minha vida, você a virou de cabeça para baixo, bruxinha – deu um pequeno sorriso. — Eu queria te odiar por isso, mas eu sentia um magnetismo enorme que sempre seguia o caminho contrário a isso.
— Por que nunca me disse algo? – perguntou Wanda sem deixar de pensar nas possibilidades que poderia ter sido geradas.
— Eu sou uma Viúva Negra, Wanda, esses tipos de coisas nunca foram para mim... Não quando eram tão fortes e eu não conseguia entendê-las.
—  Você pode ser o que quiser ser agora, Natasha – Wanda engoliu o nó que queria se formar em sua garganta. — Essa é sua segunda chance. De viver!
— Mesmo se isso significar ficar longe de você? – perguntou com o mesmo aperto no peito, mas ela precisava saber até onde isso se estendia.
Wanda não hesitou, mesmo que tenha sido uma facada em seu peito ouvir aquilo.
— Para fazer o que quiser – respondeu com o máximo de cuidado para não deixar transparecer suas emoções. — Você vai para a fazenda do Clint, Agatha e eu podemos fazer com que o lugar possa ser seguro para você, tenho certeza que posso convencê-la disso.
Os olhos da ruiva se arregalaram.
— Wanda... – Natasha sentiu uma pontada forte em seu peito assim que ouviu as palavras de Wanda. Era óbvio que ela gostaria de ir ver Clint, mas ela conseguia ver nas entrelinhas que tinha magoado a feiticeira.
— Um tempo longe vai ser bom para clarear suas ideias e sentimentos, Natasha – foi a única coisa que Wanda disse antes de virar-se de costas para ela.
— Você não vai para ficar também? – a ruiva começou a ficar um pouco desesperada com a ideia real de ficar longe de Wanda.
— Eu preciso ficar um pouco sozinha – respondeu firme e olhou por cima de seu ombro. — Agora eu preciso dormir um pouco, Natasha, arrume suas coisas. Amanhã te levo até a fazenda de Clint.
— Wanda, não, eu...
— Vá, Natasha – dessa vez a feiticeira olhou nos olhos dela, o que a fez ter certeza que Wanda estava mandando-a embora.

Give Me LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora