Beatriz
Uma semana inteira se passa enquanto aguardo aflita por mais notícias sobre as investigações.
Estou desconcentrada, nunca errei tanto nas gravações e Carlos me pergunta o que está acontecendo comigo. Quase conto, mas aí lembro que estamos dentro de uma emissora e o medo que essa história vire notícia me faz não dizer nada ainda. Não preciso dificultar mais essa busca que sei que não será fácil.
A novela irá estrear daqui a pouco ls dias e eu perdi completamente o meu foco no trabalho. Como me concentrar em qualquer assunto que não seja a minha filha?
Durante uma série de cenas sou chamada atenção várias vezes por errar e por não dar o meu melhor, então peço dez minutos de intervalo e vou para o vestiário. Estou angustiada, esse silêncio dos investigadores está me sufocando.
Alícia vem atrás, preocupada.
- Está chorando?
Nem daria pra negar.
- É, estou num dia complicado, mas vou ficar bem. - tento lhe passar confiança, pois ela já tem preocupações demais para uma garotinha.
- Não gosto quando você chora, Bia. - ela me abraça e esse abraço é como um bálsamo. Por mim eu passaria o resto do dia assim, com ela grudadinha em mim.
- Chorar faz bem, meu amor. Alivia o coração.
- Não gosto quando seu coração fica triste porque o meu fica também.
- Eu vou melhorar, prometo.
- Por que está triste? É por causa do tio Carlos? Ele está brigando muito com você, né?
- Não, não é por causa dele. Eu tô errando muito, ele tem que ficar nervoso mesmo.
- Então é por quê? - questiona, mais do que curiosa.
Quando ela me olha assim, tão profundamente, meu coração erra todas as batidas. Não só isso, esse coração louco me manda fazer coisas ilícitas, como pegar essa garotinha pra mim e sumir no mundo com ela. E eu nem sei se até a novela acabar eu vou resistir a essa necessidade.
- Hein! - ela me cutuca, apressando a minha resposta.
- Não posso falar...
Alícia ergue as sobrancelhas, nitidamente apreensiva.
- Não somos amigas?
- Sim, claro que somos! - beijo suas mãos - Sempre seremos amigas.
- Então me fala, ué.
Ela sempre quer saber tudo de mim.
- Promete que não conta pra ninguém?
- Prometo. - ela beija os dedinhos em forma de cruz, selando a promessa.
- Eu acho que mentiram pra mim sobre a morte do meu bebê. Acho que a sequestraram e estamos procurando por ela, mas está difícil de achar qualquer coisa sobre o paradeiro dela, por isso fico assim, tensa, errando o tempo inteiro. Só quero achá-la.
Ela leva alguns segundos para assimilar. Em seguida me abraça, sorrindo, mas tem uma nuvem de preocupação nesse gesto. Eu sei que tem.
- E com você? Está tudo bem? Como andam as coisas naquela casa, hein? - gosto de repetir essa pergunta todos os dias para me certificar de que não tem ninguém maltratando-a.
- Um pouco bem. A gente não voltou para a casa da minha avó, agora a gente mora na outra casa, perto da piscina.
- Ah, entendi. Lá é melhor?
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Minha Vida, Meu Amor
Historical FictionBia é uma garota prestes a completar 18 anos. Alegre e extrovertida, como qualquer adolescente de sua idade. É apaixonada por Marcelo, seu melhor amigo que para sua infelicidade, a enxerga como irmã. Para provocar ciúmes no amigo, ela decide "f...