22 - Minha Luz

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Beatriz

- Anda, Bia! Conta a história.

Ela está ansiosa para ouvir o que tenho pra contar, então, ainda atordoada por essa reviravolta linda que a vida acabou de me dar, respiro fundo, tentando organizar a minha mente. É tanta emoção que mal sei como começar a contar que é ela a protagonista da minha história.

Alícia - ou Bê, minha Bê! - me encara com esses olhinhos mais lindos do universo enquanto as palavras se perdem no meio das minhas lágrimas.

A ficha ainda está caindo, aos pouquinhos.

- Por que está chorando? - ela se preocupa e eu me apresso em explicar.

- São lágrimas felizes, meu amor. - beijo suas mãos e respiro fundo - Sabe qual era o meu maior sonho?

Ela assente, apressada. É claro que ela sabe. Essa garotinha nunca deixou de prestar atenção em mim desde que a gente se reencontrou, assim como eu sempre prestei atenção nela.

Nos separaram fisicamente, mas espiritualmente, nunca estivemos desconectadas.

- Encontrar a sua Bê... - ela responde, cautelosa.

- Isso. E eu a encontrei. - meu coração está aos pulos, numa euforia sem fim.

Percebo seu sorriso perder um pouquinho da espontaneidade e uma ruguinha de preocupação aparecer... Ela fez essa mesma carinha semana passada, quando estávamos num assunto parecido com esse.

- Você a encontrou, Bia?

- Sim. Eu encontrei o meu maior amor.

Ela fica séria e os olhos marejam ao perguntar:

- Vai se esquecer de mim?

Perco o discurso quando entendo o medo de me perder no olhar e na voz vacilante dela.

- Nunca! Eu te amo além da vida.
É você a minha Bê, filha. E não tem garotinha nesse mundo que eu conseguiria amar mais do te que amo.

Seus olhos se arregalam em surpresa. Ela leva alguns segundos absorvendo o que acabou de ouvir.

Toco seu rostinho, ansiosa para que ela reaja a essa que para mim, é a maior e mais linda notícia da vida.

- Filha, fala alguma coisa.

Seus olhinhos se enchem de lágrimas.

- Eu sou sua filha?

- Sim!

- De verdade ou a gente só está brincando de novela?

Uma vez ela inventou uma história em que eu seria a mãe dela e passamos o dia brincando com a nossa novelinha particular.

- De verdade, meu amor. - coloco suas mãos em minha barriga - Você um dia morou bem aqui dentro.

- Eu sou a Bê... - repete, mais pra si mesma do que pra mim.

- Você é. A gente já pode dar um abraço de mãe e filha? Eu preciso tan...

E antes que eu termine a frase, ela se joga em meus braços, entre lágrimas e suspiros de alívio.

- Eu te amo, filha. Meu amor por você só cresceu nesses anos horrorosos que passamos longe uma da outra. Nunca mais quero ficar longe de você.

Ela não diz nada. Está emocionada, o coração acelerado e os bracinhos apertando em torno do meu pescoço.

- Nós vamos ficar bem, tá? - cochicho em seu ouvido.

- Tá. - responde, deixando escapar um soluço.

Minha Vida, Meu AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora