Beatriz
- Anda, Bia! Conta a história.
Ela está ansiosa para ouvir o que tenho pra contar, então, ainda atordoada por essa reviravolta linda que a vida acabou de me dar, respiro fundo, tentando organizar a minha mente. É tanta emoção que mal sei como começar a contar que é ela a protagonista da minha história.
Alícia - ou Bê, minha Bê! - me encara com esses olhinhos mais lindos do universo enquanto as palavras se perdem no meio das minhas lágrimas.
A ficha ainda está caindo, aos pouquinhos.
- Por que está chorando? - ela se preocupa e eu me apresso em explicar.
- São lágrimas felizes, meu amor. - beijo suas mãos e respiro fundo - Sabe qual era o meu maior sonho?
Ela assente, apressada. É claro que ela sabe. Essa garotinha nunca deixou de prestar atenção em mim desde que a gente se reencontrou, assim como eu sempre prestei atenção nela.
Nos separaram fisicamente, mas espiritualmente, nunca estivemos desconectadas.
- Encontrar a sua Bê... - ela responde, cautelosa.
- Isso. E eu a encontrei. - meu coração está aos pulos, numa euforia sem fim.
Percebo seu sorriso perder um pouquinho da espontaneidade e uma ruguinha de preocupação aparecer... Ela fez essa mesma carinha semana passada, quando estávamos num assunto parecido com esse.
- Você a encontrou, Bia?
- Sim. Eu encontrei o meu maior amor.
Ela fica séria e os olhos marejam ao perguntar:
- Vai se esquecer de mim?
Perco o discurso quando entendo o medo de me perder no olhar e na voz vacilante dela.
- Nunca! Eu te amo além da vida.
É você a minha Bê, filha. E não tem garotinha nesse mundo que eu conseguiria amar mais do te que amo.Seus olhos se arregalam em surpresa. Ela leva alguns segundos absorvendo o que acabou de ouvir.
Toco seu rostinho, ansiosa para que ela reaja a essa que para mim, é a maior e mais linda notícia da vida.
- Filha, fala alguma coisa.
Seus olhinhos se enchem de lágrimas.
- Eu sou sua filha?
- Sim!
- De verdade ou a gente só está brincando de novela?
Uma vez ela inventou uma história em que eu seria a mãe dela e passamos o dia brincando com a nossa novelinha particular.
- De verdade, meu amor. - coloco suas mãos em minha barriga - Você um dia morou bem aqui dentro.
- Eu sou a Bê... - repete, mais pra si mesma do que pra mim.
- Você é. A gente já pode dar um abraço de mãe e filha? Eu preciso tan...
E antes que eu termine a frase, ela se joga em meus braços, entre lágrimas e suspiros de alívio.
- Eu te amo, filha. Meu amor por você só cresceu nesses anos horrorosos que passamos longe uma da outra. Nunca mais quero ficar longe de você.
Ela não diz nada. Está emocionada, o coração acelerado e os bracinhos apertando em torno do meu pescoço.
- Nós vamos ficar bem, tá? - cochicho em seu ouvido.
- Tá. - responde, deixando escapar um soluço.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Minha Vida, Meu Amor
Historical FictionBia é uma garota prestes a completar 18 anos. Alegre e extrovertida, como qualquer adolescente de sua idade. É apaixonada por Marcelo, seu melhor amigo que para sua infelicidade, a enxerga como irmã. Para provocar ciúmes no amigo, ela decide "f...