8 - Amor Maior

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Marcelo

Não sei o porquê dessas conclusões tão distorcidas. Sempre amei a Brenda como filha. Nunca foi de outra forma. Talvez eu tenha escondido, camuflado um pouco da minha dor porque precisava dar suporte a Bia.

― Você acha que eu fingi amar sua filha?

― Acho que você não toca no nome dela nunca. Demonstra desconforto quando eu quero falar dela. Eu fico me perguntando porque, mas não sei!

― As vezes acho que estou te poupando se não falarmos dela. ― admito.

― Falar ou não falar, não muda o fato de que eu penso nela o tempo inteiro. Que eu me pergunto onde e como ela está, que eu sinto uma saudade louca e uma necessidade absurda de saber qualquer coisa dela. Mas não vamos mais falar nisso. Isso é coisa minha.

― Como assim, coisa sua? Ela era nossa!

― Estou te alforriando. De hoje em diante não falo mais nada dela com você. Isso te deixa assim, arredio, querendo me levar pra um hospício... Agora ela é assunto meu.

A porta se abre e ouvimos as risadas de Bernardo e Alícia preenchendo o silêncio de repente.

― Ah! ― Bia seca as lágrimas ― A Alícia também é assunto meu. Não se meta ou vamos acabar nos afastando. Me refiro a mim e você. Porque me afastar dela não está no meu script.

A menina entra na cozinha, trazendo sacolas. Bernardo entra logo atrás com um mundo de compras.

― Bia, o tio Bernardo comprou o mercado inteiro! ― ela anuncia divertida.

― Tô vendo! ― Bia observa o irmão colocar as compras sobre a mesa ― O que deu em você?

― Nada. Viemos sem avisar, sua dispensa está meio vazia...

― Ah, está? ― ela abre os armários comprovando que Bernardo está errado.

Alicia tem um sorrisinho suspeito. Bia nota logo.

― O que ele está aprontando?

Ela tapa a boca com as duas mãos, como se tivesse feito voto de silencio.

― Ah, não vai me contar? Pensei que fossemos amigas... ― Bia faz drama e vejo a menina olhar para Bernardo, como se pedisse socorro.

― Bia, eu sou sua amiga... Mas agora eu sou amiga do tio Bernardo também... ― ela diz ― Não posso contar o segredo dele. ― apela.

Vejo Bernardo dar uma piscadela cúmplice para ela. Alícia pisca de volta. De repente começo a me sentir incomodado demais com o vínculo entre os três. Me sinto excluído. Apesar de saber que fui eu quem escolheu ficar de fora.

― Até parece que eu não sei do que se trata... ― resmunga Bia. ― É a menina do mercado, não é? Toda vez que o Bernardo está no Rio, ele quer ir mil vezes ao mercado e fica puxando assunto com ela, no caixa... Ela é noiva! Lembre-se disso.

― Não é mais. ― Alícia anuncia, guardando frutas na geladeira.

Nós três olhamos para ela.

― O que foi que estão olhando? ― ela faz uma carinha apreensiva que me faz rir.

― Como sabe que a menina não é mais noiva, Alícia? ― Bia pergunta.

― Posso contar, tio? ― ela pede ao Bernardo. Ele ri e dá autorização.

― Bia, eu caí no mercado e machuquei o joelho. ― ela mostra o joelho ralado e Bia fica apavorada ― Calma, só doeu um pouquinho. A Diana cuidou de mim, me levou lá dentro e lavou meu joelho.

Minha Vida, Meu AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora