Esther
Depois de muito custo, Alícia adormece. Ela queria que eu a levasse até a Bia. Não é difícil entender o motivo. A atenção e o afeto que aquela atriz dá a Alícia é algo que ela nunca experimentou nessa casa. Nem eu tive coragem de lhe oferecer esse amor. Me arrependo muito.
Me levanto e vou até o meu quarto. Daniel está assistindo uma série, enquanto faz um lanche. Parece que nada aconteceu. Me assusta ver o quanto ele está ficando idêntico à mãe: Frio, vazio.
- Vou passar um tempo na casa dos meus pais e Alícia vem comigo. - Aviso, pegando umas roupas no closet e arrumando na mala.
- Como assim? Enlouqueceu?
― Meu filho não vai nascer nesse inferno.
― Para de bobagens, Esther! E você não tem porque levar a Alícia. Ela nem é sua.
― Eu tenho dezenas de provas de que você não respeita sua filha, de que vocês a maltratam, a espancam, a humilham. Basta eu apresentar essas provas para um juiz e pronto - Então não tenta me impedir de levá-la.
Ele assente, observando eu fechar a mala.
- Está me deixando?
- Eu amo você, sabe disso. Mas não dá mais para ser desse jeito. E a cada vez que é frio com sua filha, me pergunto se fiz a escolha certa para o pai do meu filho. Ninguém merece ter um pai tão covarde.
- Você viu que foi ela quem passou dos limites, não viu?
- Tenho visto muitas coisas. Só não vejo amor.
- Não começa!
Sempre é assim. Basta eu começar a questionar alguns pontos que ele tenta me interromper.
- Sua filha é tão carente de atenção que dormiu repetindo o nome da atriz que grava com ela. Sabe por quê?
- Como vou saber, Esther? Vamos mesmo ter uma DR agora? São quase duas da manhã!
Ele é realmente um imbecil. O que fiz da minha vida?
- Cadê a família materna da Alícia? Avós, tios? Por que não tem ninguém deles por perto? Morreram junto com a mãe dela?
- Ninguém queria assumir um bebê. - ele responde, vago e aumenta o volume da tevê.
Tomo o controle remoto de sua mão e desligo:
- Mas nem quiseram manter contato? Visitá-la? O que você e sua mãe fizeram para todos sumirem da vida dela?
- Por que acha que fizemos alguma coisa? Está maluca?
- Porque ninguém que perde uma filha numa fatalidade dessa, viraria as costas para a filha da filha. Tem algo nessa história que não bate. E eu vou descobrir.
Aviso, sem dar tempo para ele replicar. Pego minha mala e saio.
Vou ao quarto dela e arrumo algumas roupas numa bolsa. Ela está agitada, resmungando enquanto dorme. Deve estar tendo um pesadelo com a bruxa asquerosa que mora nessa casa.
Não durmo. Assim que amanhece, acordo Alícia e a levo para a minha academia.
Ainda não sei o que fazer. Preciso pensar. Se eu for para a casa dos meus pais, vou ter que contar o que vive acontecendo e não sei como reagiriam.
- Por que não tenta dormir mais um pouquinho ali no sofá? - sugiro a ela que está quieta demais.
- Estou sem sono. Já posso ir gravar? - pergunta - Não quero ir para a escola hoje.
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Minha Vida, Meu Amor
Historical FictionBia é uma garota prestes a completar 18 anos. Alegre e extrovertida, como qualquer adolescente de sua idade. É apaixonada por Marcelo, seu melhor amigo que para sua infelicidade, a enxerga como irmã. Para provocar ciúmes no amigo, ela decide "f...