23 - Ao Nosso Redor

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Beatriz

Alana retorna a ligação de Marcelo para avisar que Valmir está a caminho da minha casa.

Como ainda estou sem celular, peço a ela para pedir ao Rafael para ligar para o Marcelo, pois precisamos urgentemente que ele nos direcione sobre o que fazer primeiro para trazer a Bê pra casa.

Valmir não demora a chegar, parece tão ansioso quanto eu e minha família.

- Você está bem? - pergunta ao descer do carro.

- Na medida do possível, sim. - respondo - Vamos entrar?

Nos reunimos na sala. Meu irmão e minha mãe também querem participar, querem entender quais serão os próximos passos.

Valmir se desculpa por não ter me alertado sobre eu já conhecer minha filha.

- Queria te falar depois que o exame comprovasse, pois pelo que andei descobrindo, você e ela são inseparáveis e não queria que se frustrasse, caso o resultado seja negativo. Sabe que ainda corremos esse risco, não sabe?

Só de imaginar isso meu coração já dói.

- Não será negativo. - minha mãe afirma, com muita convicção - Ela é a Bê. Desde que a vi aqui, um mês atrás, que eu só penso nela, na semelhança não só com a mãe, mas também com meu marido, na conexão com a Bia... Não sei explicar, mas até aquele momento, eu não acreditava que a Bê estava viva, mas bastou olhar para Alícia e eu senti que era ela.

Valmir apenas assente.

- Bom, o Germano não admitiu que Alícia seja a Brenda. Negou qualquer possibilidade e disse que nunca conheceu nenhuma Beatriz, que sequer esteve em Neville nas datas citadas.

- Quem é Germano? - Marcelo pergunta.

- O pai da Alícia.

É, já vi esse nome nos documentos dela.

- O nome do pai biológico da minha filha é Daniel. Pelo menos foi assim que ele se apresentou para mim.

- Daniel é o pseudo nome dele. A esposa contou uma história meio confusa sobre ele ser chamado assim por conta de uma desavença entre a mãe e o pai dele quando o registraram. Estamos investigando isso também. Tem muitas pontas soltas na vida desse cara. Muitas mentiras e fraudes, não só em relação à sua filha.

Me sinto mais segura ao ouvi-lo falar dela como minha filha. Sinal de que ele acredita, mesmo sem o resultado do DNA, que ela é a minha Bê. Eu não tenho qualquer dúvida.

- Eu quero vê-lo. - aviso - Quero ver aquele canalha mentir olhando nos meus olhos.

- Não. - Marcelo resmunga, apertando a minha mão - Deixe o Valmir cuidar disso, branca.

- Eu preciso. Pode me levar até ele?

Valmir assente.

- Posso te acompanhar numa visita breve amanhã. Aproveitamos para colher o seu depoimento.

- E quanto a minha filha? Quanto tempo vai ter que ficar naquele abrigo? Não faz sentido ela ficar lá, a gente se conhece, não sou uma estranha para ela, não precisamos seguir um protocolo de adaptação.

- Eu sei. O Rafa só está aguardando o resultado do DNA para dar entrada no pedido de guarda provisória.

- Esse resultado sai em quanto tempo? - meu irmão pergunta.

- Entre amanhã e terça.

Ele nos dá mais algumas instruções e vai embora, prometendo me encontrar amanhã cedo para me levar até a delegacia.

Minha Vida, Meu AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora