15 - Luz no Fim do Túnel

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Beatriz

Passei mais uma semana péssima. Dormi mal todos os dias, falei pouco com o Marcelo e só pensei na Alícia.

Para piorar, ela hoje apareceu ainda mais quieta. Só que quando perguntei como estavam as coisas, apenas me disse que estava tudo bem.

― Já voltaram para casa?

Ela negou, mas sei que os planos da Esther é voltar e reatar o casamento. Alícia deixou escapar que o pai dela e a madrasta andam se vendo e que isso a deixa triste. Mas depois parou de falar.

Tem maus tratos nessa história e eu não faço ideia de como descobrir. Sequer posso denunciar sem ter um indício concreto.

― A tia Esther falou que vocês vão voltar para casa?

― Disse que talvez sim e que vamos ficar bem. Disse que meu pai está com saudades de nós.

― Então confie. Ela não vai fazer nada que seja ruim pra vocês. Fique tranquila.

Eu disse para tranquilizá-la, só que eu não estou tranquila. Nem um pouco. Não conheço muito bem a Esther, mas apesar de sentir que seja uma pessoa boa, sinto também um pouco de fraqueza nela. Não sei se sabe mesmo o que está fazendo, voltando para casa tão cedo. Pior é que nem posso tentar tocar nesse assunto, já que ela anda bem esquisita. Acho que está com ciúmes da minha relação com sua enteada.

Na sexta, quando termino de gravar as cenas externas, vejo alguém aplaudindo e assoviando. É a Lú!

- Ei! - me aproximo e a abraço - O que está fazendo aqui? Quando chegou?

- Acabei de chegar. O Bernardo avisou onde eu te encontraria... - ela me analisa - Você está bem?

- Estou! - sorrio - Que surpresa você aqui! - a abraço de novo.

Carlos me avisa que precisamos ir para o estúdio.

- Ainda tenho muitas cenas para gravar hoje. Quer vir?

- Claro!

Minha amiga fica impressionada com os cenários, com cada detalhe das cidadezinhas cenográfica do imenso estúdio da tevê em que trabalho e principalmente por poder ver tantos atores de perto.

- Alícia já chegou? - pergunto a um colega de elenco.

- Não a vi ainda.

Vez ou outra ela se atrasa. Minhas cenas de hoje são todas com ela e por conta disso, não tenho o que fazer até ela aparecer.

- Vamos tomar um café? - levo Luana até a cafeteira, pois estou estranhando essa visita - Aconteceu alguma coisa? Você parece triste... Estão todos bem?

- Sim, tá todo mundo bem. Tem falado com o Marcelo?

Claro, ela veio por causa da minha relação esquisita com ele.

- Sim, nos falamos sempre.

- E como ficaram as coisas entre vocês?

- Não ficaram. - dou de ombros - Não do jeito que ele queria, mas seguimos bem. Amigos, como sempre fomos.

Ela não parece feliz com minha resposta.

- Saiu de lá no meio da madrugada, chateada com todo mundo, quase não conversamos mais... Pelo que fiquei sabendo, nem com ele você tem falado muito. - ela desabafa.

- Lú, não estou chateada com ninguém. Por que eu estaria? Só
tenho trabalhado muito.

- Tenho pensado muito no quanto temos sido injustos com você. Todos nós. E sabemos que se você anda se afastando um pouquinho mais a cada dia, é por culpa nossa.

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