Capitulo 22

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Quinta-feira, 15 de outubro, dia do professor.


Naquele dia era natural que eu esperasse por surpresa,


sobretudo de alunos da 6a série, cuja média de idade era de 13 anos.


No ano anterior os alunos da 6a série tinham me presenteado com


cartões e alguns objetos. Entre eles, me recordo ainda de uma caneta


personalizada e de um cachimbo de modelo um tanto excêntrico. Em


1992, não foi diferente. Assim que entrei na sala, os alunos se


calaram e o suspense tomou conta de todos, deslizei um olhar sobre


seus rostos sorridentes e encostei a porta. Olhando minha mesa


entendi o significado do misterioso silêncio. Puxei a cadeira e me


sentei. Fiquei contemplando os cartões e três embrulhos. Recordei-


me de certa vez que eu, um estudante na 5a série no colégio


protestante, presenteara meu professor com as obras completas de


Lutero. Fiz uma expressão de espanto e lhes disse com um sorriso


bailando no rosto:


- Parece-me que vocês esqueceram alguns objetos sobre


minha mesa.


Meus olhos percorriam rosto por rosto e, saltou, também,


para o angelical rostinho de Caressa. Percebi que ela estava sem


blusa. Segundo a meteorologia, devido a uma frente fria, teríamos um


fim-de-semana com muito frio. Acertaram. Naquela quinta-feira o


frio já exigia o uso de algum agasalho. Por que não veio com sua


jaquetinha preta, sua tolinha? - censurei-a intimamente. -


Levantei-me, retirei o sobretudo e o coloquei num canto da mesa.


- Aqui na sala não faz tanto frio como lá fora - justifiquei.


Sentei-me.


- Bem - prossegui. - Vamos ver o que estes bilhetes e


pacotes nos reservam.


Primeiro, li os bilhetes. As mensagens eram quase muito


semelhantes. Depois de ter lido os bilhetes, passei para os presentes.
Eram três pequenos pacotes. Peguei o primeiro e o mostrei para a


sala:


- Será que alguém pode ter uma idéia do que está dentro


:esse embrulho? - perguntei-lhes. Surgiram as mais bizarras


sugestões: um, gritou tratar-se de um estojo de maquiagem; outro


sugeriu uma caixa de massa para modelar e um terceiro, provocou o


nso geral da sala, ao opinar que eu ganhara uma ratoeira. Quanto a


mim, no primeiro contato com o embrulho, já havia deduzido tratar-


se de um livro.


- Eu acho que é um livro... - comentei.


Osvaldo levantou-se da cadeira, veio até mim:

Chuva De NovembroOnde histórias criam vida. Descubra agora