1 - Esta aqui sou eu!

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Rebeca - Chicago.

Eu sou corna. Quer dizer, eu fui corna! Minha auto-estima está pior do que já esteve em anos, e meu quarto está uma bagunça dos infernos.

Há papéis para todos os lados e os lençóis da minha cama estão sujos e bagunçados. Sem contar os copos de milk-shake e pacotes de salgadinhos tanto na minha instante, quanto na escrivaninha.

É. Nem a vista para os prédios e arranha-céus de Chicago poderia me salvar da dor de um coração partido. E não foi por falta de aviso. Meu irmão avisou. Todo mundo avisou, e eu não quis acreditar.

Estou encarando o teto. E depois encarei minha quase coleção de all-star's: um branco, um preto, um vermelho, um rosa, e azul claro. Todos sujos, que só joguei num canto qualquer, quando chego da escola.

A minha vida anda de cabeça para baixo. James era o mundo para mim. Era a única pessoa que realmente me entendia e eu achei, caramba, eu achei que ele me amava. Fiz dele meu porto-seguro e tudo que recebi foi um par de chifres e um pé na bunda.

A dor da traição me abalou por semanas. E está me abalando. Ainda choro. Não tive coragem de apagar as nossas fotos, das músicas que ele gostava e dos vídeos fofos que ele me mandava. Eu odiava olhá-las porque sabia que ele não era mais meu. Ao mesmo tempo, sabia que se fosse para ele ser meu, realmente meu, a vida se encarregaria disso.

As lembranças afetaram minha mente e comecei chorar antes de me dar conta. Me virei e olhei para baixo. Da janela do meu apartamento, eu via as luzes lá em baixo. As luzes da noite, cada pontinho piscando lá em baixo, nos prédios iluminados.

Aquilo era o meu consolo. E bastava. Passava o dia tentando encontrar a melhor versão de mim mesma, e a noite, eu chorei olhando aquelas luzes.

Esta era uma parte de mim que estava ferida.

[...]

- Pô maninha...‐ Alex é meu irmão. Não irmão de sangue, mas irmão adotivo. Meu pai o adotou quando tinha dois meses. - Ainda nessa bad?

- Ah não! Sai daquiii! - Joguei o travesseiro nele, que se desviou. Pegou o mesmo no chão e jogou para mim. - Eu estou bem.

- Está não. - Ele discordou. - Sabe o que eu estava pensando...- Alex tateou até encontrar o interruptor e o ligou, acendendo a luz. Meus olhos demoraram a se acostumar com aquela claridade toda. - ... que você tem que fazer algo para mudar a sua auto-estima. Fazer academia, talvez?

Ouvi em silêncio.

Sempre tive vontade de fazer, mas eu passava mais tempo lendo do que realmente vivendo a minha vida.

- Então? É pegar ou largar. - Ele diz. - Você pode entrar, crescer essa bunda minúscula que você tem e sentir-se bem com você mesma. Quer dizer, você é linda, mas dá pra melhorar isso.

- Obrigada pelos elogios. - fiz uma careta e sentei na cama, de frente para ele.

Só era eu e meu irmão desde uns anos. Nossa mãe morreu de câncer no pâncreas, e nosso pai fugiu pelo mundo. Não tinha muito o que esperar.
O que nós salvou foi a quantia em dinheiro que nossa mãe deixou para a gente, porque nosso pai era um pobre de merda. Se dependesse dele, estaríamos nas ruas passando fome.

Minha mãe adotou Alex. Sempre fomos muito apegadas e ele sempre me protegeu. Tanto que quando soube que James havia me traído na minha frente, ele quase espantou o mesmo.

Ele era o melhor.

- Você paga o primeiro mês? - Indaguei.

- Espera... você está cogitando mesma a ideia de ir? Cara, achei que você não iria aceitar, e preferia ficar nessa depressão que não te larga mais. - Revirei os olhos. Alex se levantou e teve dificuldade em andar pelo quarto, sem esbarrar ou esmagar meus lápis e canetas caídos no chão. - Desde quando você ficou tão nojenta e atoa? Isso aqui é plastico de absorvente?

Como Consertar Meu Coração.Onde histórias criam vida. Descubra agora