13 - "Anônimo ♡"

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Espero que eu não tenha expressado nenhuma reação que faz com que Adrien note meu espanto e o sorriso quase bobo que dei quando escutei aquilo.

Ai meu Deus! Eu sai de uma encrenca pra entrar em outra?

Eu falei comigo mesma, enquanto olhava para ele e via aquele sorriso maroto.

- Não, quer dizer... sei lá, Adrien. - Dei de ombros, querendo enfiar minha cabeça dentro de um buraco. Apesar de tudo, era a primeira vez que eu o chamava pelo nome e que ele escutava seu nome saindo da minha boca.

- Eu sei que você não acha assim tão ruim. - Adrien diz e muda o skate para o outro lado do braço.

- Ahh...- Murmurei e saí dali, voltando para a recepção, onde Ester ainda estava lá, com a cara enfiada em um livro enorme e muito grosso, que eu não havia notado que estava ali com ela. - Por que você não foi embora com os outros?

- A senhora não me disse nada. - Ester disse, sem levantar a cabeça para me olhar. - Além disso, aproveitei pra estudar um pouco.

- Você já pode ir. - Eu falei e ela sorriu. Depois de uns segundos, ela se levantou e colocou o livro dentro de uma mochila e colocou a mesma nas costas, olhando para mim e Adrien.

- Até amanhã. - Ela disse, sorriu sem mostrar os dentes e foi embora. Mas, antes de chegar aos portões, ela gritou: - O DAIVY AINDA ESTÁ AI DENTRO! - Girei o polegar para ela, que deu de ombros e foi embora.

- Bom, Daivy é meu secretário. Deve estar atolado de papéis para resolver. - Falei, enquanto ia até o bebedouro e bebia um pouco de água. - Você quer ir até lá?

Adrien ainda me olhava. Ele olhou em seu relógio de pulso e franziu a testa.

- Nossa... caramba! - Ele murmurou, todo atrapalhado. - Tenho que ir, Beca. Tô atrasado. - Eu arregalei os olhos e ele riu. - Gostei muito da sua companhia.

Sem esperar que eu respondesse alguma coisa, ele saiu quase correndo. Ainda pude ver o momento em que ele colocou o skate no chão, pegou impulso e foi embora.

Não pude descrever se eu estava com o coração acelerado mais pelo que ele tinha dito minutos atrás, ou pela forma que ele me olhava, ou pelo jeito que ele sorria.
Enquanto ia para meu escritório, resolver mais algumas coisas, percebi que eu estava tão atonita pelas três coisas e não por só uma. E acho também que sentia um mínimo sorriso bobo brotar em meu rosto, enquanto ia até o escritório. Fazia algum tempo que eu não ficava dando esses sorrisos. Bom, até aquele fatídico dia.
Adrien conseguia um sorriso bobo de mim facilmente, sem que eu me dê conta.

- Aí está você. - Anunciei, quando cheguei ao escritório super gelado por conta do ar condicionado. Daivy estava mesmo cheio de papéis, e um computador aberto, enquanto digitava.

- Estou aqui atolado. Nunca estive tão cansado antes, mas tão contente também. - Sorri para ele. Vi que o computador estava aberto na conta do Instagram do estúdio e que estava no chat. - Acho que uns milhares de alunos mandaram mensagem hoje e ainda não respondi nem metade.

- Isso é ótimo pra gente. - Senti meu coração se apertar de tanta felicidade. Ai, Deus. - Você pode levar o Tablet e responder eles em casa. Quando tiver tempo. Não esquenta, não.

- Sério mesmo? - Percebi que ele ficou animado, e eu fiz que sim. - Ah, sabe quem mandou um e-mail falando que queria uma entrevista com a gente? Quer dizer, com a senhora?

- Quem? - Minha voz pareceu mais animada do que eu realmente estava. Me sentei de forma largada na parede e olhei para Daivy.

- O Grayson. - Arregalei meus olhos. - Sim, aquele dono da maior empresa e revista sobre famosos de Chicago. Eu ainda não respondi porque não sabia o que a senhora acharia, então...- Daivy coçou a cabeça enquanto eu praticamente tinha um infarto.

- Pois responda imediatamente. - Me levantei da cadeira. - Se fizermos essa entrevista, nosso estúdio decola!

- Ai tá bom. - Ele pegou o Tablet, largando a caneta e os papeis de lado.

- Quer saber, você pode ir pra casa. Amanhã você termina tudo isso, só venha mais cedo, tá? - Daivy fez que sim, animada.

- Você é a patroa dos sonhos de qualquer pessoa. - Ele disse, rindo. Digitou alguma coisa, apagou a tela do celular e pegou sua mochila, contente. - Até amanhã! - Ele disse e saiu, me dando um tímido sorriso.

Fiquei sozinha no meu escritório, enquanto vinha dezenas de pastas com nomes de alunos e outras coisas. Vi o computador, cheio de mensagens e e-mails, e a notificação de milhares de seguidores. Enquanto contemplava tudo que eu havia conseguido, derramei algumas lágrimas e murmurei, no silêncio daquele lugar, sozinha: "Obrigada. Eu não te conheço, mas Tu tem sido tão bom pra mim."

Fiquei ali chorando, até o momento que saí para a recepção e encontrei meu irmão lá. Ele entrou e me abraçou, contando como estava orgulhosa de mim e de tudo que eu estava conseguindo.

Contei a ele todas as coisas maravilhosas que me aconteceu, ocultando, é claro, a parte em que Adrien me salvara do acidente, e que ele havia passado aqui no estúdio. Ele poderia interpretar errado e ficar me falando milhares coisas, de como Adrien é galinha, que não namora ninguém a sério, e que ele sabe que o sorriso que ele dá para as mulheres mexem com elas.
Eu fiquei pensando, que ele não andava sorrindo para as mulheres. Ele sorria pra mim. Será que era pra testar se tinha o mesmo efeito que tinha sobre as outras?

Fiz um lanche para nós dois e comemos, rindo. De todas as coisas que eu gostava, que eu amava, os momentos em que eu me sentava para contar sobre meu dia com meu irmão era melhor do que tudo.

[...]

Decidi que não iria pra academia, quando coloquei o pé para dentro do apartamento. Uma ventania trazia a tona toda a vontade que eu tinha de ficar em casa. Eu logo percebi que iria chover mais cedo do que eu pensara.

O clima ficou pesado e escuro, enquanto os trovões soavam. Eu estava deitada em minha cama, comendo uma lasanha, enquanto mexia em meu celular.

Quer dizer, eu estava num papo engraçado com aquele número anônimo. Depois daquele meme, ele mandou mais um, o que me deixou totalmente sem graça.

Eu percebi, que por mais que não gostasse de trocar mensagens com pessoas que não conheço, conversar com aquele alguém estava me deixando com uma sensação prazerosa. Eu corava de vergonha, eu escondia meu rosto num travesseiro...

O meme que mais achei engraçado que ele mandou foi esse:

"Se você atravessar a rua e o carro não te pegar, pode deixar que eu te pego."

Eu quase morria de rir.

Eu: nossa, um carro quase me atropelou hoje. Parece que você perdeu uma chance!

Comecei a rir e imaginei de onde eu tinha criado coragem para mandar aquela mensagem maliciosa. A pessoa do outro lado deveria gostar muito de memes, porque a todo momento essa pessoa mandava algum meme engraçado, alguma figurinha.

Eu ainda nem tinha salvado o contato, então logo cliquei em "editar" e salvei como "anônimo♡" assim mesmo com um coração branco. Mas logo percebi que isso podia significar alguma coisa, contudo, não liguei muito para aquilo e deixei como estava.

Apaguei a tela do celular e terminei de comer a lasanha, levando meu prato para a cozinha e depois escovei meus dentes, pronta para dormir.

Lá fora caia uma garota sob as casas, e deixava o clima ainda melhor.

Meu celular apitou e eu estendi a mão rapidamente. Arregalei os olhos com o meu gesto e puxei a mão de volta.

- Não, não estou ansiosa por mensagem de ninguém. Vamos esperar dois minutos e depois eu respondo. - Respirei fundo e rói uma das minhas impecáveis unhas, indo e voltando duas vezes no banheiro. - Ah, que se dane!

Peguei o celular e abri a mensagem, vendo a seguinte mensagem:

Anônimo: Toma cuidado. Ah, mas não estava valendo ainda. Acho que tenho uma segunda chance, ?

•••
Seguinte...

E , quem vcs acham que é, esse anônimo?

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