As palavras de Adrien ecoavam em minha mente. De cabeça baixa, me sentei em um dos banquinhos que estavam dispostos na pracinha. Respirei fundo e bebi um pouco de água.
Eu me recusava a deixar aquelas palavras penetrarem meu coração. Eu nem conhecia aquele cara, ele era o maior galinha e ainda por cima era o melhor amigo do meu irmão.
Tudo que eu menos queria era ter que passar por aquilo de novo: a decepção. Eu me recusava a sentir alguma coisa por alguém de novo e me machucar. Se for para machucar outra pessoa para não me machucar, eu estou disposta a isso. Uma vez que meu coração seja quebrado, demora anos para se reerguer.
Um carro parou do meu lado, fazendo meu sangue gelar. Levantei do banco imediatamente, quando o vidro do carro ia se abaixando lentamente.
- Rebeca Garcia...- Escutei meu nome sendo pronunciado. Eu reconheceria aquela voz em meio a uma multidão. Eu conhecia bem aquela voz.
- Você de novo? - Perguntei. Ele estava na minha frente, e eu me recusava a falar seu nome novamente.
- Sim. Por acaso...- Mostrei o dedo do meio para ele.
- Quando é que você vai acordar pra vida e enxergar que eu não quero te ver nem pintado de ouro? Eu tenho nojo da sua cara, da sua voz e da porcaria do seu nome! Vê se some da minha vida, seu trouxe filha da mãe. - Eu disse, despencando tudo de uma vez só.
- Eu ainda sou totalmente apaixonado por você. - Revirei os olhos.
- Menos. - Bufei. - Vai ver se eu tô na esquina, imbecil. - Mostrei o dedo do meio de novo e desatei a correr, sem olhar para trás.
Estava aliviada por ter me livrado dele.
Todavia, quando olhei para trás, percebi que o carro dele me seguia, fazendo meu sangue gelar novamente. Ele estava me seguindo! Comecei ficar com medo e pensei em ligar para o Alex, mas não tinha como aquela altura.
Corria a toda velocidade, girei dois quarteirões e ele ainda continuava me seguindo. Até o momento que o carro encostou para perto de mim e ele falou:
- Quando eu pôr minhas mãos em você, você vai se arrepender das palavras que me disse! - Vociferou.
- Arg, mas você é irritante mesmo, hein? - Revirei os olhos, correndo e correndo sem parar.
Olhei para frente e só conseguia ver prédios e não via pessoas. Estava caçando um meio de me esconder dele e perder vista, mas não conseguia pensar em nada.
Se a ameaça que ele me fez for verdadeira, estou ferrada.
Como aquele cara não entendia que eu não queria mais nada com ele? Era assim mesmo tão difícil de entender?Vi o momento em que ele desceu do carro e correu do meu lado. Eu não tinha mãos forças para correr e parei, com as mãos nos joelhos e respirando fundo. Ele agarrou meu braço, me olhando com uma cara de maldade que eu nunca vi antes.
- Você tá me recusando porque você já tem outra, não é, sua vagabunda? - Olhei para ele com raiva. Eu achei que o conhecia, mas ele estava me mostrando um lado dele que eu nunca tinha visto antes.
- Para! - Eu implorei. - Me solta! - Tentei me soltar, mas ele agarrava ainda mais meu braço com força.
- Arg, mas você não sabe a saudade que eu estava desse corpinho...- Um nó se formou no meu estômago, como se eu quisesse vomitar tudo que eu tinha comido mais cedo. - ...você tá tão bonitinha, tão gostosinha... não vejo a hora de pôr minhas mãos em você. - Foi como um nó no meu estômago. Eu senti pela aproximação dele o cheiro de álcool puro.
- Você bebeu? - Ele não respondeu. - Tire suas mãos de mim, seu imundo! SOCORRO! - berrei, pegando meu celular e tentando ligar para meu irmão. Ao notar o que eu iria fazer, ele derrubou meu celular no chão.
- Vou transar com você a noite toda. Vai implorar para eu continuar. - Foi demais para mim.
Ninguém via ele me assediando, falando aquelas coisas para mim. As lágrimas começaram cair dos meus olhos e ele me arrastava para dentro do carro. Eu só conseguia chamar por socorro, uma luz na minha vida, um anjo.
Foi então que eu escutei aquela voz que me deixou totalmente rendida aos seus pés. A voz que eu tinha odiado desde o início, mas que pra mim naquele momento foi uma benção, um alívio.
Foi como um anjo.
- Solta ela agora! - Adrien berrou, enraivecido. - Tire a porcaria da mão da bunda dela, seu tarado de merda! - Fui soltada com força e cai no chão, quando Adrien disparou um soco no rosto de James, o derrubando no chão. - Você vai se arrepender por ter tocado a minha garota dessa forma. Eu quebrar cada osso da sua cara.
Eu só sabia chorar. Eu ouvia o som de ossos se quebrando. Adrien parecia estar com tanta raiva ao disparar cada soco e mesmo que eu estivesse com tanta raiva de James, eu não queria que Adrien carregasse uma morte nas costas.
- Ei...- O chamei. Ele só conseguia disparar chutes em James. - Pare, por favor.
Eu abracei a sua cintura e ele parou, agarrando a minha cintura também. Eu chorei em seu peito, o apertando firme contra mim. Não achei que Adrien fosse me salvar, não achei que tudo aquilo iria acontecer e eu estaria abraçando ele e chorando em seu peito.
- Esta tudo bem agora, minha princesa. Você vai ficar bem...- Adrien murmurava, enquanto beijava o topo da minha cabeça. - Estou aqui...- Eu estava tão abalada.
- Se você não tivesse chegado... ele... ele teria feito aquilo comigo. - Solucei de chorar ao imaginar o que teria acontecido se Adrien não tivesse chegado.
Eu nunca tinha passado por uma experiência daquela. O medo e o terror eram palpáveis, e embora eu não tinha culpa de nada, me senti inferior e comecei a me culpar por estar saindo uma hora daquela a noite da academia, com um short que não media um palmo e um top. Talvez eu não tivesse culpa, mas meus sentimentos estavam todos embaralhados.
Adrien ligou para o meu irmão que chegou mais rápido que pôde. Achei que iriam ligar para a polícia, mas não o fez de fato. James ficou lá caído no chão, gemendo de dor. Ninguém poderia socorrê-lo.
Entrei no carro abraçada com Adrien. Não sei se aquilo incomodou meu irmão, mas se incomodou, ele soube disfarçar muito bem. Eu ouvia Adrien sussurrar que tudo ficaria bem, enquanto eu chorava baixinho. Meu irmão me olhava pelo espelho do carro, e eu percebi o quanto ele estava preocupado comigo.Já faziam meses que o meu relacionamento com o James chegou ao fim. Nunca achei que ele seria o tipo de pessoa que assedia com palavras fúteis e tenta enfiar uma garota dentro do seu carro por obrigação. Ao pensar naquilo, fiquei pensando se ele não teria obrigado a Tother a ficar com ele. Era bom eu pensar naquilo e quem sabe, preencher uma lacuna da minha vida que estava acabando comigo.
Fechei os olhos, entregue ao cansaço. Minha cabeça doía pelo choro. Eu teria que admitir o quanto os braços de Adrien eram confortáveis e ele parecia tão cheiroso...
•••
Seguinte...Que cap pesado, hein?
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Como Consertar Meu Coração.
Genç KurguA decepção é realidade frustrante de colocar ou criar expectativas e no final tudo dar errado. Rebeca perdeu o seu chão quando seu namorado a traiu com a sua melhor amiga. As decepções são inevitáveis. Por mais que ela fosse melhor, o melhor é sub...